Sete.
O número sete. A perfeição em algarismo romano - VII e em algarismo arábico - 7.
Particularmente, o número muito me agrada. Sua estética, o estilo como você pode escrevê-lo, com ou sem aquele traço transpassando ele no meio. Ele é prático na hora de escrever e muito raramente erra-se a sua grafia.
Mas além da estética e da praticidade, minha maior atração pelo número é pelo fato de ele corroborar a minha tese de ser o algarismo da perfeição.
A perfeição dele é dividida da seguinte forma:
O mundo foi criado em Sete dias.
A semana tem Sete dias.
São Sete os pecados capitais, assim como são Sete as virtudes.
Sete é o número de cores no arco-íris.
A escala diatônica tem Sete notas.
Tanto o mundo antigo, como o novo, possui Sete maravilhas.
Na cultura oriental, os pontos vitais do corpo são divididos em Sete chakras.
A humanidade possui Sete artes.
Muito mais evidências do número existe na história, mas essas são as mais conhecidas e de extrema relevância a qualquer pessoa.
A perfeição que não faz estragos completou Sete meses hoje.
Sete meses de idas e vindas, todas de saídas. Para andar na rua, para ir tomar café, para simplesmente sair de casa.
Sete meses de realizações, com direito a um círculo prateado para selar a união, perfeitamente coesa e verdadeira.
Sete meses de e-mails, textos e conversas, tanto online, quanto offline e ao vivo.
Sete meses, que são multiplicados por outros Sete e vezes os próximos Sete anos, até eu saber qual é a flor preferida dela, mesmo que para tal, eu tenha que comprar todos os canteiros e as praças, e passar de loja em loja para encontrar a que mais a agrada.
Um Sete maravilhoso, que reluz mais a cada dia, e brilha intensamente no dedo de ambos.
Felicitações aos Sete!
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
À cinco dias do Primeiro de Dois Mil e Nove
Acordei naquele 1º de janeiro depois de passar um Reveillón em frente à TV, assistindo o show da Virada no canal Globo. Confesso que poderia estar passando em qualquer outro lugar do mundo mas, naquela situação, resolvi me apegar à família. Não me arrependo da escolha, e muito menos das risadas que vivenciei.
Aquele dia começou como mais um, repleto de incertezas e desembaralhando um ano que seria igual à todos os outros, exceto por uma minuscule diferença, que depois se tornaria colossal e primordial: não existia mais uma faculdade para ir durante os dias, e mais nenhum bar para tomar um porre e experimentar as mais diversas sensações, tanto boas como ruins.
Nada havia de bom. Um coração partido e ainda em busca de seus cacos espalhados por São Bernardo pulsava na caixa toráxica que há muito não presenciava tais sentimentos. Erguer a caebeça naquele cenário pós-apocalíptico foi extremamente estafante e angustiante, uma vez que não a quem recorrer e tudo era sufocante demais: as pressões vindas pelo lados dos familiares, as cobranças internas e cognitivas, a falta de emprego que a cada dia evidenciava que o mercado realmente não era para os fracos.
A carteira de trabalho estava empoeirada, de tanto que ficara guardada desde dois mil e quatro, quando foi concebida pelo Governo do Estado de São Paulo. A famigerada e tão almejada Carteira de Trabalho. Ela nada mais é do que a sua foto 3x4, colada com Pritt, isso mesmo, aquela famosa cola bastão, com a qual você colava os seus trabalhos escolares no primário e ao primeiro folhear da professora, os recortes iam se descolando e lentamente, como as folhas que caem no outono, iam de encontro ao chão.
Esse caderninho azul nada de especial tem, traz apenas uma falsa segurança de que ao final de sua vida, terás uma mesada, já que a tão sonhada por todos, aposentadoria, não passa disso. Ela é a sua mesada quando finalmente chegar a hora em que não mais pode se sustentar por si só, sem a ajuda ou auxílio de ninguém. Quando alguém dá por encerrada a sua vida profissional, e aconselha que você receba a sua mesada mensalmente, e sorria com um largo e amarelo sorriso de orelha a orelha, e faça-se satisfeito por ter aquilo.
O ano seria de desespero, de muita preocupação, de olheiras infindáveis, de noites em claro, apenas pensando que nunca chegaria a vez de mostrar ao mundo o que poderia fazer.
Até que em março, a sorte começou a virar e a maré ficou à favor. O primeiro contrato foi assinado uma agência de promoção, onde humildemente e com ajuda de 7, das melhores pessoas que já conheci, pude desempenhar e apresentar finalmente o potencial que há muito estava guardado, em ebulição, prestes a explodir.
Poucos meses se passaram, e no final de maio, mais precisamente um dia antes do final do mês, um momento mágico acometeu a vida e os dias, a partir daquele, nunca mais foram os mesmos. As noites se tornaram claras, e os dias passaram a ser mais belos e calorosos.
No final do mês seguinte, um desalento. A primeira dispensa profissional, ou como é conhecida, a primeira demissão. Engraçado esse negócio de demissão. Ser demitido faz parte da vida de qualquer pessoa, mas, pelo menos, demita-a por algum motivo plausível, e não pela alegação de que não tem a experiência necessária para a função. A experiência vem com o tempo e com a prática, e não com a pouca estada em cada emprego que se passa.
Enfim, mais quarenta e cinco dias de apreensão e noites passadas ao relento, com bebedeiras aos finais de semana para apagar da memoria o que havia acontecido e esquecer, ou ao menos, para tentar ludibriar pela fração de um shot de tequila ou de uma vodka com energético.
Dia 24 de julho de 2008. A segunda entrevista de emprego. 17:30h. Dois homens, na casa de seus trinta anos, entrevistam um garoto de 22 anos, com toda a gana do mundo e com a maior vontade do universo de fazer o melhor de sua vida e de sua carreira.
Dia 25 de julho de 2008. 10 da manhã aproximadamente. Chega no e-mail do garoto a proposta de emprego, com salário, vale refeição e vale transporte. Discutiu a situação com seus pais, principalmente com seu pai, o mais experiente e em quem mais confia para os negócios de alçada financeira. A resposta foi irredutível: aceite! É uma boa oportunidade. Aceite.
Dia 26 de julho, sexta-feira. 9 da manhã. O garoto, de apenas 22 anos, cheio de alegria no coração e de coragem no sangue responde o e-mail aceitando a proposta, mal sabendo que ali, começava a maior montanha-russa de sua vida.
Daquele dia em diante, seu corpo passaria a ser consumido pela indústria da publicidade e da propaganda. Suas noites passariam a serem os dias, e os seus dias passariam a ter menos horas do que seriam necessárias.
Começaria ali, eu, a trocar qualquer trinta minutos de sono, por trinta minutos bem acordados, e de preferência com um livro em mãos para não perder tempo.
Passaria a recorrer às vitaminas, não por falta de alimentação, mas por complemento alimentar, porque mesmo que se alimente regularmente, sempre uma vitamina é deixada de lado, e essa drágea apenas repõe ela, ao contrario do que pensa uma pessoa de importância inestimável.
A partir daquele dia, num prazo de 2 meses, estaria sendo pedido em namoro.
E no prazo de 5 meses, estaria escrevendo o texto de final de ano da agência para ser enviado aos clientes, com direito à esposa do chefe comentando o quão o texto estava bom, e ouvindo do chefe, que ele não mandaria algo a ela se não achasse que estivesse bom.
Eu sei que a transição no texto da primeira pessoa, para a terceira pessoa, e novamente para a primeira não agrada a muitas pessoas, mas eu aprecio essas transições.
Para alguns, ela tira a atenção e o interesse do texto. Mas eu vejo diferente. Vejo que se a pessoa se interessou pelo texto, estará lendo essas palavras aqui, ao contrario das outras, que por natureza não tem o costume de ler.
Agora, para encerrar, eu tenho um recado.
A aliança no meu dedo anelar – da mão esquerda, está brilhando neste exato momento (4:24h do dia 27 de dezembro de 2008) não por conta do reflexo do monitor, mas sim porque neste exato momento a estrela que reside nele dorme pacificamente, à 900km daqui.
E quando ela acordar, eu estarei dormindo, e o meu estará reluzindo porque ela estará sorrindo para mais um lindo dia.
Minha aliança brilha intensamente enquanto você dorme, e lindamente quando você sorri.
Aquele dia começou como mais um, repleto de incertezas e desembaralhando um ano que seria igual à todos os outros, exceto por uma minuscule diferença, que depois se tornaria colossal e primordial: não existia mais uma faculdade para ir durante os dias, e mais nenhum bar para tomar um porre e experimentar as mais diversas sensações, tanto boas como ruins.
Nada havia de bom. Um coração partido e ainda em busca de seus cacos espalhados por São Bernardo pulsava na caixa toráxica que há muito não presenciava tais sentimentos. Erguer a caebeça naquele cenário pós-apocalíptico foi extremamente estafante e angustiante, uma vez que não a quem recorrer e tudo era sufocante demais: as pressões vindas pelo lados dos familiares, as cobranças internas e cognitivas, a falta de emprego que a cada dia evidenciava que o mercado realmente não era para os fracos.
A carteira de trabalho estava empoeirada, de tanto que ficara guardada desde dois mil e quatro, quando foi concebida pelo Governo do Estado de São Paulo. A famigerada e tão almejada Carteira de Trabalho. Ela nada mais é do que a sua foto 3x4, colada com Pritt, isso mesmo, aquela famosa cola bastão, com a qual você colava os seus trabalhos escolares no primário e ao primeiro folhear da professora, os recortes iam se descolando e lentamente, como as folhas que caem no outono, iam de encontro ao chão.
Esse caderninho azul nada de especial tem, traz apenas uma falsa segurança de que ao final de sua vida, terás uma mesada, já que a tão sonhada por todos, aposentadoria, não passa disso. Ela é a sua mesada quando finalmente chegar a hora em que não mais pode se sustentar por si só, sem a ajuda ou auxílio de ninguém. Quando alguém dá por encerrada a sua vida profissional, e aconselha que você receba a sua mesada mensalmente, e sorria com um largo e amarelo sorriso de orelha a orelha, e faça-se satisfeito por ter aquilo.
O ano seria de desespero, de muita preocupação, de olheiras infindáveis, de noites em claro, apenas pensando que nunca chegaria a vez de mostrar ao mundo o que poderia fazer.
Até que em março, a sorte começou a virar e a maré ficou à favor. O primeiro contrato foi assinado uma agência de promoção, onde humildemente e com ajuda de 7, das melhores pessoas que já conheci, pude desempenhar e apresentar finalmente o potencial que há muito estava guardado, em ebulição, prestes a explodir.
Poucos meses se passaram, e no final de maio, mais precisamente um dia antes do final do mês, um momento mágico acometeu a vida e os dias, a partir daquele, nunca mais foram os mesmos. As noites se tornaram claras, e os dias passaram a ser mais belos e calorosos.
No final do mês seguinte, um desalento. A primeira dispensa profissional, ou como é conhecida, a primeira demissão. Engraçado esse negócio de demissão. Ser demitido faz parte da vida de qualquer pessoa, mas, pelo menos, demita-a por algum motivo plausível, e não pela alegação de que não tem a experiência necessária para a função. A experiência vem com o tempo e com a prática, e não com a pouca estada em cada emprego que se passa.
Enfim, mais quarenta e cinco dias de apreensão e noites passadas ao relento, com bebedeiras aos finais de semana para apagar da memoria o que havia acontecido e esquecer, ou ao menos, para tentar ludibriar pela fração de um shot de tequila ou de uma vodka com energético.
Dia 24 de julho de 2008. A segunda entrevista de emprego. 17:30h. Dois homens, na casa de seus trinta anos, entrevistam um garoto de 22 anos, com toda a gana do mundo e com a maior vontade do universo de fazer o melhor de sua vida e de sua carreira.
Dia 25 de julho de 2008. 10 da manhã aproximadamente. Chega no e-mail do garoto a proposta de emprego, com salário, vale refeição e vale transporte. Discutiu a situação com seus pais, principalmente com seu pai, o mais experiente e em quem mais confia para os negócios de alçada financeira. A resposta foi irredutível: aceite! É uma boa oportunidade. Aceite.
Dia 26 de julho, sexta-feira. 9 da manhã. O garoto, de apenas 22 anos, cheio de alegria no coração e de coragem no sangue responde o e-mail aceitando a proposta, mal sabendo que ali, começava a maior montanha-russa de sua vida.
Daquele dia em diante, seu corpo passaria a ser consumido pela indústria da publicidade e da propaganda. Suas noites passariam a serem os dias, e os seus dias passariam a ter menos horas do que seriam necessárias.
Começaria ali, eu, a trocar qualquer trinta minutos de sono, por trinta minutos bem acordados, e de preferência com um livro em mãos para não perder tempo.
Passaria a recorrer às vitaminas, não por falta de alimentação, mas por complemento alimentar, porque mesmo que se alimente regularmente, sempre uma vitamina é deixada de lado, e essa drágea apenas repõe ela, ao contrario do que pensa uma pessoa de importância inestimável.
A partir daquele dia, num prazo de 2 meses, estaria sendo pedido em namoro.
E no prazo de 5 meses, estaria escrevendo o texto de final de ano da agência para ser enviado aos clientes, com direito à esposa do chefe comentando o quão o texto estava bom, e ouvindo do chefe, que ele não mandaria algo a ela se não achasse que estivesse bom.
Eu sei que a transição no texto da primeira pessoa, para a terceira pessoa, e novamente para a primeira não agrada a muitas pessoas, mas eu aprecio essas transições.
Para alguns, ela tira a atenção e o interesse do texto. Mas eu vejo diferente. Vejo que se a pessoa se interessou pelo texto, estará lendo essas palavras aqui, ao contrario das outras, que por natureza não tem o costume de ler.
Agora, para encerrar, eu tenho um recado.
A aliança no meu dedo anelar – da mão esquerda, está brilhando neste exato momento (4:24h do dia 27 de dezembro de 2008) não por conta do reflexo do monitor, mas sim porque neste exato momento a estrela que reside nele dorme pacificamente, à 900km daqui.
E quando ela acordar, eu estarei dormindo, e o meu estará reluzindo porque ela estará sorrindo para mais um lindo dia.
Minha aliança brilha intensamente enquanto você dorme, e lindamente quando você sorri.
Treinamento para o texto de final de ano II
É difícil falar sobre a "época" final de ano.
Para alguns, é um período de reavaliação pessoal, de medir os pontos positivos e negativos do ano.
E para outros, é a parte complicada do ano, onde mais sentem saudades dos familiares, dos amigos e pessoas queridas.
Mas principalmente, o final de ano é o momento em que tudo se renova. Tudo se refaz para o ano que está por vir.
Uma ocasião de aproximação entre todos, não importando credo, raça, religião.
O que importa é simplesmente a união e a paz que o momento proporciona.
Um momento único, em que nada precisa ser dito e tudo é sentido em sua magnificência.
Todo e qualquer um é sensibilizado pela carga emocional que o instante acarreta.
As promessas são feitas, as sete ondas são puladas, uma por uma, como dita a tradição.
Flores brancas são jogadas ao mar, em homenagem e agraciação à Iemanjá, amante e rainha dos mares.
Os fogos são ouvidos ao fundo e faz as vezes de silenciadores dos choros e soluços entrecortados e abafados pelos ombros das pessoas na praia, nas ruas, nas casas e nos campos.
Ainda não têm consciência, mas já adentraram o recém chegado ano, com lágrimas nos olhos, essas de felicidade e realização.
Todos com o peito escancarado e pronto para receber tudo o que o ano tem a oferecer e entregar. E com o fronte em riste, preparado para o que vier pela frente, sem deixar abater-se.
Os últimos fogos são vistos em pulverização multicolorida no ar, enquanto são sorvidos os remanescentes copos de champagne em cima das mesas de jantar, dos canteiros floridos dos jardins e das muretas temporizadoras das casas e prédios.
Agora, resta apenas dormir e acordar no primeiro dia do novo calendário de trezentos e sessenta e cinco dias que já recebeu corda e foi dado início.
Ano novo. Vida nova. Ano recomeçado. Vida renovada.
Para alguns, é um período de reavaliação pessoal, de medir os pontos positivos e negativos do ano.
E para outros, é a parte complicada do ano, onde mais sentem saudades dos familiares, dos amigos e pessoas queridas.
Mas principalmente, o final de ano é o momento em que tudo se renova. Tudo se refaz para o ano que está por vir.
Uma ocasião de aproximação entre todos, não importando credo, raça, religião.
O que importa é simplesmente a união e a paz que o momento proporciona.
Um momento único, em que nada precisa ser dito e tudo é sentido em sua magnificência.
Todo e qualquer um é sensibilizado pela carga emocional que o instante acarreta.
As promessas são feitas, as sete ondas são puladas, uma por uma, como dita a tradição.
Flores brancas são jogadas ao mar, em homenagem e agraciação à Iemanjá, amante e rainha dos mares.
Os fogos são ouvidos ao fundo e faz as vezes de silenciadores dos choros e soluços entrecortados e abafados pelos ombros das pessoas na praia, nas ruas, nas casas e nos campos.
Ainda não têm consciência, mas já adentraram o recém chegado ano, com lágrimas nos olhos, essas de felicidade e realização.
Todos com o peito escancarado e pronto para receber tudo o que o ano tem a oferecer e entregar. E com o fronte em riste, preparado para o que vier pela frente, sem deixar abater-se.
Os últimos fogos são vistos em pulverização multicolorida no ar, enquanto são sorvidos os remanescentes copos de champagne em cima das mesas de jantar, dos canteiros floridos dos jardins e das muretas temporizadoras das casas e prédios.
Agora, resta apenas dormir e acordar no primeiro dia do novo calendário de trezentos e sessenta e cinco dias que já recebeu corda e foi dado início.
Ano novo. Vida nova. Ano recomeçado. Vida renovada.
Treinamento para o texto de final de ano
Fazer promessas faz parte da vida de cada um. Principalmente as promessas de ano novo.
Todo final de ano é a mesma história, repetidas vezes.
São as mesmas promessas, ou resoluções de ano novo, como preferirem chamá-las.
É a promessa de começar um regime, de voltar para a academia, de economizar mais nos gastos.
Todas são promessas feitas, mas será que são cumpridas à risca? Por todos que as prometem?
Neste novo ano, porque não fazer diferente e, ao invés de prometer, desejar tudo isso?
Deseje começar uma dieta, deseje melhorar a sua saúde, deseje fazer o seu pé de meia para que o dinheiro nunca falte.
Que a frase desse ano novo seja: Eu desejo, e não: Eu prometo.
Porque quando se deseja, o passo para conseguir é menor do que quando você promete algo.
Muitos desejos para todos.
Feliz 2009!
Todo final de ano é a mesma história, repetidas vezes.
São as mesmas promessas, ou resoluções de ano novo, como preferirem chamá-las.
É a promessa de começar um regime, de voltar para a academia, de economizar mais nos gastos.
Todas são promessas feitas, mas será que são cumpridas à risca? Por todos que as prometem?
Neste novo ano, porque não fazer diferente e, ao invés de prometer, desejar tudo isso?
Deseje começar uma dieta, deseje melhorar a sua saúde, deseje fazer o seu pé de meia para que o dinheiro nunca falte.
Que a frase desse ano novo seja: Eu desejo, e não: Eu prometo.
Porque quando se deseja, o passo para conseguir é menor do que quando você promete algo.
Muitos desejos para todos.
Feliz 2009!
O vespertino vazio sentimental
E a solidão vem e assola, como um tufão desenfreado e com um único objetivo: varrer tudo o que é bom e significante na vida de todos.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Tem dias que é foda!
Porra, com certeza brother.
Estampa o sorriso do saquinho de risadas de bolso e manda bala.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Brevemente, um relato
Não sou melhor que ninguém. Por vezes penso que sou muito inferior em diversos fatores: inteligência, atenção, foco, objetividade.
Mas este é o meu pensamento.
Ao contrário do que imagino ser em realidade, muitos falam que sou completamente o oposto disto tudo.
Há alguns dias mesmo, me falaram que eu sou mais, muito mais do que penso.
Não sou mais, porra nenhuma!
Mas este é o meu pensamento.
Ao contrário do que imagino ser em realidade, muitos falam que sou completamente o oposto disto tudo.
Há alguns dias mesmo, me falaram que eu sou mais, muito mais do que penso.
Não sou mais, porra nenhuma!
Sou apenas o que eu quero ser, o que faz parte dos meus princípios. Quando estou focado em uma coisa, dou completa atenção à ela, sou devoto ao extremo.
Eu me fiz assim, não sei quando adquiri essa filosofia de vida ou este dogma, apenas tenho consciência que vivo por ele e baseado nele.
Eu me fiz assim, não sei quando adquiri essa filosofia de vida ou este dogma, apenas tenho consciência que vivo por ele e baseado nele.
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
O desejo, os meios e a satisfação
Seus dedos percorriam o corpo sedoso, tocado pelo fugaz núcleo de energia dos anjos que a abençoaram com tal perfeição física.
Cada linha da planta de sua mão estava conectada à uma zona erógena do corpo. O limiar do antebraço com bíceps era um canalizador de excitações constantes, com o simples toque dos lábios, e o recostar da ponta da língua eriçava todos os pêlos de seu corpo.
A mão dele escorregava pela coluna contraída de prazer e sem espaço para mais desejos habitarem ela. O vai e vem da ponta dos dedos bambeava as pernas dela, que terminava de se entregar aos dedos ágeis e aos beijos molhados dele.
A próxima parada eram suas coxas: torneadas, claras e enrubescidas pela paixão que envolvia os dois. Já suadas e esperando serem alcançadas, só para receberem a mão leve e desejosa dele, que as agarrava com gana de querer arrancar a calça e ajoelhar-se para beijá-las. Os dedos iam deixando impressões rubras nos pilares de pele dela, e sentia-se as pernas amolecendo, esperando o encontro inevitável com o chão.
Mas antes que tivessem tempo de reação, ele foi subindo com sua língua pela barriga, beijando seu umbigo e todas as extremidades de sua cintura. Suavemente abaixou um pouco a peça íntima dela, o máximo para ver o começo dos pêlos aparados. Sem pestanejar, beijou o começo de sua vagina, fazendo ela soltar um gemido longo e prazeroso, como se tivesse com apenas esse toque atingido o orgasmo instantâneo e duradouro.
Continuo a escalada com os lábios molhados do prévio encontro, percorrendo a extensão que separava a barriga de suas costelas. Sempre agarrando sua cintura e pressionando ela contra seu rosto, ele foi subindo, vagarosamente, aplicando ósculos e mordiscadas por todos os lugares que passava e seus lábios encostavam. Cada uma das costela dela foi cuidadosamente agraciada com um passar de língua, seguido de um beijo.
O corpo dela já não mais tinha condições de sustentar o peso do tesão e do desejo acumulado até aquele minuto. Foi então que a boca dele colidiu com o sutiã preto, sem alças e desprovido de rendas. Suas mãos percorreram os dois montes Olimpo da arquitetura física dela, apalpando-os delicadamente, sem pressa e objetividade. Suas mãos percorreram às costas, avistaram o feixo, que em poucos segundos foi se desvencilhando, tombando o sutiã já sem propósito no chão, tornando visíveis os morros do prazer, com seus mamilos, ambos em recluso, esperando pelo primeiro toque que lhes daria vida.
Hesitação não constava no vocabulário dele, que com precisão e foco agarrou firmemente o seio esquerdo dela, fazendo movimentos circulares, empregando força e tirando quando necessário a intensidade dos afagos, enquanto que o seio direito recebia toda a atenção de seus lábios e de sua língua, proporcionando um prazer além do concebível para ela.
Ele pôs-se em pé, trocando a mão esquerda pela direita e apertou o seio direito, com os mesmos movimentos que anteriormente davam satisfação ao seio esquerdo.
Ao tempo que foi levantando, sua mão esquerda, agora, permanecia escorada sobre a vagina dela, sendo impedida de tocá-la por conta da tela branca de algadão de sua calcinha.
Com dois dedos começou a masturbá-la, sem penetrá-la com os mesmos. Aguardou o momento certo e quando sentiu a abertura, sua mão esquerda começou a abaixar a calcinha dela, expondo o imaculado habitáculo dos dedos dele. Ao primeiro toque, um misto de tesão e gemido transpôs os lábios dela, que recostou-se na parede, vulnerável e apta a receber todos os beijos e inserções de língua em seus grandes e pequenos lábios, sem contar os milimétricos chupões e os beijos em seu clitóris.
Cada linha da planta de sua mão estava conectada à uma zona erógena do corpo. O limiar do antebraço com bíceps era um canalizador de excitações constantes, com o simples toque dos lábios, e o recostar da ponta da língua eriçava todos os pêlos de seu corpo.
A mão dele escorregava pela coluna contraída de prazer e sem espaço para mais desejos habitarem ela. O vai e vem da ponta dos dedos bambeava as pernas dela, que terminava de se entregar aos dedos ágeis e aos beijos molhados dele.
A próxima parada eram suas coxas: torneadas, claras e enrubescidas pela paixão que envolvia os dois. Já suadas e esperando serem alcançadas, só para receberem a mão leve e desejosa dele, que as agarrava com gana de querer arrancar a calça e ajoelhar-se para beijá-las. Os dedos iam deixando impressões rubras nos pilares de pele dela, e sentia-se as pernas amolecendo, esperando o encontro inevitável com o chão.
Mas antes que tivessem tempo de reação, ele foi subindo com sua língua pela barriga, beijando seu umbigo e todas as extremidades de sua cintura. Suavemente abaixou um pouco a peça íntima dela, o máximo para ver o começo dos pêlos aparados. Sem pestanejar, beijou o começo de sua vagina, fazendo ela soltar um gemido longo e prazeroso, como se tivesse com apenas esse toque atingido o orgasmo instantâneo e duradouro.
Continuo a escalada com os lábios molhados do prévio encontro, percorrendo a extensão que separava a barriga de suas costelas. Sempre agarrando sua cintura e pressionando ela contra seu rosto, ele foi subindo, vagarosamente, aplicando ósculos e mordiscadas por todos os lugares que passava e seus lábios encostavam. Cada uma das costela dela foi cuidadosamente agraciada com um passar de língua, seguido de um beijo.
O corpo dela já não mais tinha condições de sustentar o peso do tesão e do desejo acumulado até aquele minuto. Foi então que a boca dele colidiu com o sutiã preto, sem alças e desprovido de rendas. Suas mãos percorreram os dois montes Olimpo da arquitetura física dela, apalpando-os delicadamente, sem pressa e objetividade. Suas mãos percorreram às costas, avistaram o feixo, que em poucos segundos foi se desvencilhando, tombando o sutiã já sem propósito no chão, tornando visíveis os morros do prazer, com seus mamilos, ambos em recluso, esperando pelo primeiro toque que lhes daria vida.
Hesitação não constava no vocabulário dele, que com precisão e foco agarrou firmemente o seio esquerdo dela, fazendo movimentos circulares, empregando força e tirando quando necessário a intensidade dos afagos, enquanto que o seio direito recebia toda a atenção de seus lábios e de sua língua, proporcionando um prazer além do concebível para ela.
Ele pôs-se em pé, trocando a mão esquerda pela direita e apertou o seio direito, com os mesmos movimentos que anteriormente davam satisfação ao seio esquerdo.
Ao tempo que foi levantando, sua mão esquerda, agora, permanecia escorada sobre a vagina dela, sendo impedida de tocá-la por conta da tela branca de algadão de sua calcinha.
Com dois dedos começou a masturbá-la, sem penetrá-la com os mesmos. Aguardou o momento certo e quando sentiu a abertura, sua mão esquerda começou a abaixar a calcinha dela, expondo o imaculado habitáculo dos dedos dele. Ao primeiro toque, um misto de tesão e gemido transpôs os lábios dela, que recostou-se na parede, vulnerável e apta a receber todos os beijos e inserções de língua em seus grandes e pequenos lábios, sem contar os milimétricos chupões e os beijos em seu clitóris.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Eu pertenci a esse grupo
Depressão é uma doença psicossomática de pessoas que têm muito tempo ocioso para refletir a sua existência perante os olhos do universo.
Um lugar permanente
Quero o sossego de um amor tranquilo.
Um canto de tranquilidade para o meu espírito escorar a cabeça e viajar serenamente.
A calmaria da alma e o arrebento das ondas no meu estômago.
Um canto de tranquilidade para o meu espírito escorar a cabeça e viajar serenamente.
A calmaria da alma e o arrebento das ondas no meu estômago.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Urgentemente
Duas possibilidades. Duas trilhas. Duas conclusões.
1ª possibilidade)
Continuar sendo o mesmo.
1ª trilha)
Desenvolver uma úlcera nervosa corrosiva e não-etérea.
1ª conclusão)
O término daquilo que mais é cativo para mim.
---------------------------------------------------------------------
2ª possibilidade)
Mudar o mais breve possível.
2ª trilha)
Um caminho de tranquilidade.
2ª conclusão)
...
Qual seguir?
1ª opção [ ] 2ª opção [ ]
Possibilidade de retorno?
O que antes eram borboletas no estômago, hoje são agulhadas profundas e bloqueadoras de ar.
O que antes eram os raios do sol, hoje são as frestas de luz que impedem o ambiente de ficar completamente negro, em seu próprio negrume.
O que antes era, hoje, não mais o é.
O que antes eram os raios do sol, hoje são as frestas de luz que impedem o ambiente de ficar completamente negro, em seu próprio negrume.
O que antes era, hoje, não mais o é.
À sorte no pavimento
No chão.
Puro e simplesmente, no chão.
Lá ficou, à merce da enxurradas, dos pisantes mascarados e sem rumo, ou sequer documento.
Estático, como uma estátua de bronze. Sendo arremessado de um lado à outro, fora de defesa e reflexo.
E por ali mesmo, cedeu à vida.
O coração dilacerado e exangue.
Exposto para todos os transeuntes.
Puro e simplesmente, no chão.
Lá ficou, à merce da enxurradas, dos pisantes mascarados e sem rumo, ou sequer documento.
Estático, como uma estátua de bronze. Sendo arremessado de um lado à outro, fora de defesa e reflexo.
E por ali mesmo, cedeu à vida.
O coração dilacerado e exangue.
Exposto para todos os transeuntes.
Reencontrando-se no desencontro
Encontros e desencontros.
Quando parece que irão, se perdem novamente.
Por um acaso do destino, uma força divina, ou simplesmente por acontecer?
Desencontrar faz parte. É uma arte. Nada mais que o baloarte do fazer parte.
O desencontro acasiona o reencontro, que por sua vez infla os corações com sensações e orações.
Requer-se do desencontro para haver o reencontro.
É necessário. Essencial. Primordial.
É do desencontro que floresce um melhor reencontro.
Quando parece que irão, se perdem novamente.
Por um acaso do destino, uma força divina, ou simplesmente por acontecer?
Desencontrar faz parte. É uma arte. Nada mais que o baloarte do fazer parte.
O desencontro acasiona o reencontro, que por sua vez infla os corações com sensações e orações.
Requer-se do desencontro para haver o reencontro.
É necessário. Essencial. Primordial.
É do desencontro que floresce um melhor reencontro.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Referente a um texto que li
E se o morto estivesse apenas descansando o sono dos justos?
Ou até mesmo de olhos fechados esperando a sua deixa para entrar no jogo, e beber do cálice de Baco?
Morto não significa sem vida.
Pode simplesmente ser o descanso de que necessitava no pífio instante.
Ou até mesmo de olhos fechados esperando a sua deixa para entrar no jogo, e beber do cálice de Baco?
Morto não significa sem vida.
Pode simplesmente ser o descanso de que necessitava no pífio instante.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
mudanças significativas estão por vir
Transmutando. Transformando.
Mudando. Modificando.
Alterando. Aguardando.
Esperando.
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
A sanidade caminha estranha
Estou sentindo-me estranho.
Ainda não sei se por conta da semana que caminha rumo ao fim, estranha e em sua própria solitude, ou se minha alma está deveras adulterada.
Sei que sinto-me estranho a ponto de não reconhecer os outros como verdadeiramente são.
Ludibriação minha? Ou será que agora, finalmente, recobrei a minha sanidade analítica?
Ainda não sei se por conta da semana que caminha rumo ao fim, estranha e em sua própria solitude, ou se minha alma está deveras adulterada.
Sei que sinto-me estranho a ponto de não reconhecer os outros como verdadeiramente são.
Ludibriação minha? Ou será que agora, finalmente, recobrei a minha sanidade analítica?
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Os dias: As feias e as belas
Os dias passam para nos trazer algo melhor.
Mesmo que seja uma vista cansada de tudo e de todos.
E os flagelos auto-inflingidos nos servem para mostrar que somos humanos.
E mentiras, bom...
Mentiras são mentiras. Tanto as belas como as feias.
E os flagelos auto-inflingidos nos servem para mostrar que somos humanos.
E mentiras, bom...
Mentiras são mentiras. Tanto as belas como as feias.
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Imperialmente Orquestrado
Começou diferente dos outros sábados naquele final de semana. Acordou na casa dela, no sofá da sala, esparramado e transpirante. Pôs-se a a sentar e observar o ambiente que o cercava. O vaso sobre a mesa à sua frente, centralizado e florante dava-lhe calma. Sentia que o dia seria deveras especial e único.
Abriu a porta da sala e rumou em direção a porta do quarto dela. Sem medo e com o coração acelerado, abriu e notou que não mais ela estava na cama. A roupa dos quatro pés de madeira estava revirada, não distinguia-se o que era lençól e o que fronha dotravesseiro, muitos menos o que era cobertor e se ali havia um colchão. Ouviu a água do chuveiro romper a parede, imaginou ela banhando-se, ensaboando seu corpo, lavando os cabelos louros. Retirou a cabeça pela fresta que havia aberto e voltou para sala.
Sentou-se novamente. Abriu os braços. Entrelaçou os dedos por de trás da cabeça e fico em estado de êxtase. Aproveitou cada segundo meio sentado, meio querendo deitar, naquele sofá bege, recoberto por um manto amarelo dourado.
- Amor?, disse ela, ao sair do quarto, chamando pelo seu namorado ao adentrar no corredor e rumar para a cozinha.
O coração dele palpitou dentro do peito quando a voz retumbou em seus ouvidos e infiltrou-se na corrente sanguínea, partindo para seu cérebro e orgão pulsante.
Perguntou se poderia tomar banho, já que estava sujo e com o cabelo ensebado por conta da pomada. Ela pegou uma toalha amarela e a pendurou na argola metalizada, próxima a porta do box. Ele entrou, despiu-se, já que estavam atrasasdos para o compromisso que ele tinha. Terminou de tomar banho, secou-se, vestiu a roupa limpa, repousava sobre a pia do banheiro, em meio a cremes e lápis de olhos de sua amada.
Passaram-se cinco minutos e rumaram para a galeria.
Lá permaneceram por questão de duas horas, e de lá saíram para esperarem "o que o amanhã quisesse trazer para eles". Gravado na pele, ainda vivo e eternizado acima do tornozelo.
Pararam para comer, ambos estavam famintos e em meio a garfadas e vincos nos pratos, decidiram ir ao cinema vivenciar e experenciar um Romance. Uma das histórias mais famosas de amor impossível estava sendo retratada, enquanto davam-se as mãos e abraços apertados, em meio a beijos desejosos, longos e molhados de perfeita intensidade e medida.
Até então estava sendo o sábado perfeito. Mas muito ainda esperava para acontecer e confirmar, com todas as letras, sentimentos e palavras, que aquele dia mudaria a vida desse casal enamorado e apaixonado.
Ela dormiu em sua cama. Ele a olhou, atento e carinhoso. Beijou-lhe a testa. Não perturbaria seu sono em hipótese alguma. Ela ficava linda quando dormia. Sua beleza era inigualável. De alguma maneira, cada dia que se transpunha a deixava mais linda aos seus olhos e aos de todos os outros que a viam caminhar com ares de felicidade pela rua.
Ele a acordou alguns minutos após o horário combinado. Ele ainda de toalha, e com as últimas gotas transparentes da corredeira em seu corpo. Ela disse posteriormente que queria ter arrancado sua toalha ali, naquele momento, agarrado seu corpo e feito o que bem entendesse. Ela não sabe, mas ele ficou ruborado internamente. Sua vergonha era latente, mas não evidente.
Ela saiu linda pela porta estreita do banheiro. Shorts preto. Blusa preta sem manga. Sapato, salto alto cinza com o famoso laço na ponta. Linda. A perfeição diante dos olhos dele. Em carne e osso, e tecidos e material sintético. Ele a amava, ali, naquele momento, mas não o dizia para ela. Ainda não era o momento.
Apresentação de ballet. Sim. Ele estava mudando, a cada dia mais em sintonia e em concordância com sua namorada. Por ela faria os programas mais estranhos e exóticos, só para fazê-la sorrir e experimentar o que é realmente a felicidade plena. Sem medos, sem cobranças. Apenas o escopo positivo.
Não puderam esperar o espetáculo terminar. Saíram no meio, despediram-se dos pais e da avó e tomaram o caminho para a casa dela. Estava ansiante por colocar uma roupa e decidir se ia de sapato ou de tênis para o show que os esperavam. Consolidou-se que acabou indo com a mesma roupa que estava. Apenas colocou a blusa para dentro do shorts, deixando em evidência ainda mais as suas pernas sedosas e provocativas.
Chegando na rua da casa onde o show rolaria, comeram uma pizza cada um e dividiram um pedaço do chocolate sobre a massa fina. Ele apreciou uma cerveja de garrafa verde e ela, nada tomou.
Desceram a rua, apenas objetivando chegarem antes do início do show. Dito e feito. Encontraram-se com os amigos dela, que ele ainda espera serem seus um dia, e não perderam tempo em entrar. Ao pisarem no palco de cimento repleto de atores da noite, a primeira coisa que fizeram foi procurarem pelo bar. Ele, de semblante quieto e fechado, começou da maneira errada. Pediu uma cerveja e uma tequila. Era o começo de uma micro série de gritos que levariam a um propósito maior.
Em seguida, mais duas tequilas. Sal na mão e limão a gosto para morder e sorver o suco. Antes de retornarem a pista, abraçou um copo de vodka pura e tomaram o caminho das escadas. O show acabara de começar e o momento decisivo se aproximava.
Em meio a sons, gotas de suor que exteriorizavam pelo seu rosto, cantava alguns versos das músicas orquestradas de maneira ímpar e imperial pela banda composta por músicos, não por interessados em ter fama.
Em meio as saraivadas da baqueta nos pratos e dos timbres mansos e inebriantes da vocalista, ele a puxou para o canto do bar, escontou com ela na parede e antes mesmo de começarem a realmente falar, ela disse que ia ao banheiro, e pediu para ele tomar coragem para falar o que tinha. Ele não sabia o que ela tinha ido fazer. Se ido realmente ao banheiro, ou apenas enganado-o e ido procurar alguém para acender o seu cigarro estocado no bolso da bermuda.
Ela voltou e começaram a conversar.
Ele transpirava. O calor era tamanho que seus poros não conseguiam manter o controle.
Muito ele guardara por enorme período de tempo, apenas pelo não conhecimento da reciprocidade do sentimento dela. Mas aquela era a hora. O momento certo. A música já não era mais discernida dos batimentos de seu coração e do deslumbre de sua mente em ter aquela visão em sua frente.
A verborragia tomou conta de seu espírito, de seu raciocínio e ao atingir o ápice, ele proclamou para ela, em alto e bom tom, com a mão esquerda em sua face direita:
- Eu amo você!
Os olhos dela marejaram e em questão de segundos, após ele dizer mais duas ou três vezes que a amava, a lágrima percorreu sua face em sublimidade. A perfeição havia tomado conta do cenário.
Ele, transbordando em sentimentos, ouviu a recíproca:
- Eu também te amo. Melhor. Eu prefiro dizer, Eu também amo você.
Eles se abraçaram, o momento era infinito para eles. O resto nada importava. Naquele instante, eram os dois. Somente os dois.
A música não era percebida, as pessoas ao redor haviam sumido e à sua frente, só ela. A mulher de sua vida. O amor perfeito. A visão essencial e o real significado da palavra amor.
Eles estavam prontos para mudarem a vida um do outro. E aquele momento presenciou essa transformação.
Amor sem medo. Com lágrima, uma apenas, singela e cintilante. E intensidade, como nunca antes vivenciada.
Ele não queria parar de amá-la, e de expressar seu amor por ela.
- Eu amo você. Eu te amo. Fazem três meses que eu quero te dizer isso. Não aguentava mais segurar isso dentro de mim. Eu amo você!
Estavam prontos.
Prontos, dispostos e amantes.
Amantes de palavra, de sentimento. Amantes de cama, na cama.
Dois corações em uníssono. Ritmicamente sintonizados.
O amor dele com ela. Dela com ele.
E deles. Um pelo outro.
Eu amo você.
Abriu a porta da sala e rumou em direção a porta do quarto dela. Sem medo e com o coração acelerado, abriu e notou que não mais ela estava na cama. A roupa dos quatro pés de madeira estava revirada, não distinguia-se o que era lençól e o que fronha dotravesseiro, muitos menos o que era cobertor e se ali havia um colchão. Ouviu a água do chuveiro romper a parede, imaginou ela banhando-se, ensaboando seu corpo, lavando os cabelos louros. Retirou a cabeça pela fresta que havia aberto e voltou para sala.
Sentou-se novamente. Abriu os braços. Entrelaçou os dedos por de trás da cabeça e fico em estado de êxtase. Aproveitou cada segundo meio sentado, meio querendo deitar, naquele sofá bege, recoberto por um manto amarelo dourado.
- Amor?, disse ela, ao sair do quarto, chamando pelo seu namorado ao adentrar no corredor e rumar para a cozinha.
O coração dele palpitou dentro do peito quando a voz retumbou em seus ouvidos e infiltrou-se na corrente sanguínea, partindo para seu cérebro e orgão pulsante.
Perguntou se poderia tomar banho, já que estava sujo e com o cabelo ensebado por conta da pomada. Ela pegou uma toalha amarela e a pendurou na argola metalizada, próxima a porta do box. Ele entrou, despiu-se, já que estavam atrasasdos para o compromisso que ele tinha. Terminou de tomar banho, secou-se, vestiu a roupa limpa, repousava sobre a pia do banheiro, em meio a cremes e lápis de olhos de sua amada.
Passaram-se cinco minutos e rumaram para a galeria.
Lá permaneceram por questão de duas horas, e de lá saíram para esperarem "o que o amanhã quisesse trazer para eles". Gravado na pele, ainda vivo e eternizado acima do tornozelo.
Pararam para comer, ambos estavam famintos e em meio a garfadas e vincos nos pratos, decidiram ir ao cinema vivenciar e experenciar um Romance. Uma das histórias mais famosas de amor impossível estava sendo retratada, enquanto davam-se as mãos e abraços apertados, em meio a beijos desejosos, longos e molhados de perfeita intensidade e medida.
Até então estava sendo o sábado perfeito. Mas muito ainda esperava para acontecer e confirmar, com todas as letras, sentimentos e palavras, que aquele dia mudaria a vida desse casal enamorado e apaixonado.
Ela dormiu em sua cama. Ele a olhou, atento e carinhoso. Beijou-lhe a testa. Não perturbaria seu sono em hipótese alguma. Ela ficava linda quando dormia. Sua beleza era inigualável. De alguma maneira, cada dia que se transpunha a deixava mais linda aos seus olhos e aos de todos os outros que a viam caminhar com ares de felicidade pela rua.
Ele a acordou alguns minutos após o horário combinado. Ele ainda de toalha, e com as últimas gotas transparentes da corredeira em seu corpo. Ela disse posteriormente que queria ter arrancado sua toalha ali, naquele momento, agarrado seu corpo e feito o que bem entendesse. Ela não sabe, mas ele ficou ruborado internamente. Sua vergonha era latente, mas não evidente.
Ela saiu linda pela porta estreita do banheiro. Shorts preto. Blusa preta sem manga. Sapato, salto alto cinza com o famoso laço na ponta. Linda. A perfeição diante dos olhos dele. Em carne e osso, e tecidos e material sintético. Ele a amava, ali, naquele momento, mas não o dizia para ela. Ainda não era o momento.
Apresentação de ballet. Sim. Ele estava mudando, a cada dia mais em sintonia e em concordância com sua namorada. Por ela faria os programas mais estranhos e exóticos, só para fazê-la sorrir e experimentar o que é realmente a felicidade plena. Sem medos, sem cobranças. Apenas o escopo positivo.
Não puderam esperar o espetáculo terminar. Saíram no meio, despediram-se dos pais e da avó e tomaram o caminho para a casa dela. Estava ansiante por colocar uma roupa e decidir se ia de sapato ou de tênis para o show que os esperavam. Consolidou-se que acabou indo com a mesma roupa que estava. Apenas colocou a blusa para dentro do shorts, deixando em evidência ainda mais as suas pernas sedosas e provocativas.
Chegando na rua da casa onde o show rolaria, comeram uma pizza cada um e dividiram um pedaço do chocolate sobre a massa fina. Ele apreciou uma cerveja de garrafa verde e ela, nada tomou.
Desceram a rua, apenas objetivando chegarem antes do início do show. Dito e feito. Encontraram-se com os amigos dela, que ele ainda espera serem seus um dia, e não perderam tempo em entrar. Ao pisarem no palco de cimento repleto de atores da noite, a primeira coisa que fizeram foi procurarem pelo bar. Ele, de semblante quieto e fechado, começou da maneira errada. Pediu uma cerveja e uma tequila. Era o começo de uma micro série de gritos que levariam a um propósito maior.
Em seguida, mais duas tequilas. Sal na mão e limão a gosto para morder e sorver o suco. Antes de retornarem a pista, abraçou um copo de vodka pura e tomaram o caminho das escadas. O show acabara de começar e o momento decisivo se aproximava.
Em meio a sons, gotas de suor que exteriorizavam pelo seu rosto, cantava alguns versos das músicas orquestradas de maneira ímpar e imperial pela banda composta por músicos, não por interessados em ter fama.
Em meio as saraivadas da baqueta nos pratos e dos timbres mansos e inebriantes da vocalista, ele a puxou para o canto do bar, escontou com ela na parede e antes mesmo de começarem a realmente falar, ela disse que ia ao banheiro, e pediu para ele tomar coragem para falar o que tinha. Ele não sabia o que ela tinha ido fazer. Se ido realmente ao banheiro, ou apenas enganado-o e ido procurar alguém para acender o seu cigarro estocado no bolso da bermuda.
Ela voltou e começaram a conversar.
Ele transpirava. O calor era tamanho que seus poros não conseguiam manter o controle.
Muito ele guardara por enorme período de tempo, apenas pelo não conhecimento da reciprocidade do sentimento dela. Mas aquela era a hora. O momento certo. A música já não era mais discernida dos batimentos de seu coração e do deslumbre de sua mente em ter aquela visão em sua frente.
A verborragia tomou conta de seu espírito, de seu raciocínio e ao atingir o ápice, ele proclamou para ela, em alto e bom tom, com a mão esquerda em sua face direita:
- Eu amo você!
Os olhos dela marejaram e em questão de segundos, após ele dizer mais duas ou três vezes que a amava, a lágrima percorreu sua face em sublimidade. A perfeição havia tomado conta do cenário.
Ele, transbordando em sentimentos, ouviu a recíproca:
- Eu também te amo. Melhor. Eu prefiro dizer, Eu também amo você.
Eles se abraçaram, o momento era infinito para eles. O resto nada importava. Naquele instante, eram os dois. Somente os dois.
A música não era percebida, as pessoas ao redor haviam sumido e à sua frente, só ela. A mulher de sua vida. O amor perfeito. A visão essencial e o real significado da palavra amor.
Eles estavam prontos para mudarem a vida um do outro. E aquele momento presenciou essa transformação.
Amor sem medo. Com lágrima, uma apenas, singela e cintilante. E intensidade, como nunca antes vivenciada.
Ele não queria parar de amá-la, e de expressar seu amor por ela.
- Eu amo você. Eu te amo. Fazem três meses que eu quero te dizer isso. Não aguentava mais segurar isso dentro de mim. Eu amo você!
Estavam prontos.
Prontos, dispostos e amantes.
Amantes de palavra, de sentimento. Amantes de cama, na cama.
Dois corações em uníssono. Ritmicamente sintonizados.
O amor dele com ela. Dela com ele.
E deles. Um pelo outro.
Eu amo você.
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Doze de Setembro de Dois Mil e Oito - A Jornada dentro de uma Viagem
Começou como qualquer outro dia. O esfregar de olhos ao sentar-se na cama pela manhã, retirando a areia sonífera que ainda repousava sobre seus olhos milimetricamente desenhados para serem como são, entre abertos e observadores.
Alguns segundos após o despertar sonâmbulo, levantou-se e foi rumo ao banheiro para tirar o cansaço embaixo da cachoeira elétrica, fixada à uma parede branca de azulejos encardidos. Aproveitou para escovar os dentes, não lembra ao certo se chegou a barbear-se, afinal iria ver a menina com quem estava ficando - mal sabia ele o que estava reservado para este dia - na noite daquele dia.
Enxugou-se, trocou de roupa, meticulosamente predeterminada para agradar a uma só pessoa. Pegou o Ipod que estava recarregado e ainda conectado ao cabo USB, colocou seu celular no bolso direito, como sempre faz, sua carteira, quando ainda usava uma. Passou a mão nas chaves do carro e foi em direção a porta. Colocou sua chave, repousada ao lado esquerdo em uma bancada, como que fosse digna do sono dos deuses. Inseriu-a na fechadura e girou-a duas vezes para a esquerda. Envolveu a maçaneta com a mão direita e abriu.
Fechou a porta, dispôs novamente da chave na fechadura e trancou a porta. Chamou o elevador. Sentiu que agora seu dia havia começado. O saltitar do coração interior à caixa toráxica indicava que estava vivo, pronto para mais um dia de labuta e realizações.
Caminhou o mais conhecido trajeto de sua vida, o do estacionamento. Por entre vagas e carros, passava, pé ante pé, até a distância mínima que alcançava o alarme do carro para ser destravado. Abriu a porta com a mão direita, jogou sua mochila despreocupdamente no banco do passageiro, adicionou a chave ao contato e deu partida na ignição.
Saiu do prédio. O ritmo frenético das ruas logo tomava conta de seu corpo, seus pensamentos e seu foco. Levou aproximadamente trinta minutos para chegar à agência onde trabalha até hoje.
Esta parte da história todos já sabem muito bem, principalmente a leitora para qual este texto é destinado. Por isso, pularei para o quase final do dia, onde realmente, o que havia de interessante para ocorrer, ainda era reservado ao publicitário.
O final do expediente se aproximava, e nada mais pensava, a não ser em ir para casa da garota que ansiosamente esperava ver, antes de finalmente voltar para casa e dormir, apenas esperando o próximo dia recobrir seu sono e dar-lhe vida renovada.
O percurso foi longo, deveras cansativo em alguns pontos, mas nada desfocava sua atenção e seu objetivo. Já naquele estágio, seu coração clamava por ela, rogava que o dia passasse depressa para poder estar no mesmo cômodo que sua outra metade. Mesmo ali, sensações incompreensíveis e encantadoras debruçavam-se sobre ele. Seu pensamento era tomada por ondas de calmaria e deslumbramento. Ansiedade e nervosismo. Suas mãos suavam frio, o coração acelerado, os batimentos rítmicos de duas válvulas em funcionamento e uma em repouso.
Finalmente, chegou à casa. Nada estava programado. Só que iriam se ver. Ficavam sempre na sala, assistindo televisão, conversando. Abraçados como o laço dos cadarços de seus All-Star surrados e sujos, mas com uma beleza transcendental.
Não lembra-se do filme exatamente que assistiram, enquanto deitados no mesmo sofá, entrelaçavam seus dedos, que fundiam-se como o mais belo dos metais, para formar o círculo perfeito da união dos corações.
Entre flashes de filme na tv, beijos longos e acalorados, os dois uniam-se cada vez, como as plantas que sobem e recobrem as paredes arquitetônicas das fachadas de casas suburbanas e eletistas.
Mais rápidas piscadas de olhos para a televisão, não sabia mais o que se passava. Apenas via personagens, trilhas sonoras, nem sempre concordantes, mas muitas vezes condizentes com alguma lembrança ressurgida das tempestuosas mentes que emaranhavam-se nos blocos de mola, recobertos com couro claro, e cobertos por um manto felpudo e amarelo.
Faltavam apenas frações de segundos para a pergunta que mudaria para sempre suas vidas.
Nada programado. Impulso. Ele já havia pensado, mas estava receoso sobre a aceitação do pedido. Nem por um minuto, vislumbrou que ela pensava em fazer aquele convite, e ela, sem a menor certeza que alguém pode ter, perante uma vontade absurda de ser correspondida, fez o pedido mesmo assim.
A resposta foi simples, objetiva, terna, e sublime. Um mero Sim!, que para eles, ele deitado sobre ela no sofá, admirando toda a sua beleza: seus olhos castanhos com os traços azulados negros ao redor de sua íris. Seus lábios carnudos e macios, clamantes por beijos apaixonados, seu nariz fino, talhado a perfeição em seu rosto minuciosamente desenhado pelo mais famoso dos artesãos.
Ele sabia que ela, a garota de seus dias e pensamentos, mudaria a sua vida para sempre, e já tinha começado o processo há muito tempo atrás.
Agora era apenas uma questão de tempo para que os dois amassem-se cada dia mais, desesperadamente.
Tempo para que seus corações pulsassem em uníssono e ritmicamente. Para que o sentimento, cada vez mais crescente, tomasse proporções nunca antes experimentadas e vivenciadas por ambos.
Ele, agora, sentia-se completo. Nada mais estava faltando.
O laço do cadarço de seu coração fora amarrado com perfeição. E ela, a definição de tudo o que ele sempre quis. Todos os pingos nos is estavam pintados. E todos os que ainda não estavam, em questão de uma vida inteira, seriam colorizados.
Ela completa ele. E ele, só tem a agradecê-la pelo pedido feito.
E então, começou o compartilhamento de uma vida inteira.
Ele e ela.
Os dois. Em dois. Por dois. Para os dois.
O dia Doze de Setembro de Dois Mil e Oito foi, é e será, sempre, fundamental para estas duas vidas conjugadas no passado, vivenciadas no presente, e esperançosas pelo futuro.
Alguns segundos após o despertar sonâmbulo, levantou-se e foi rumo ao banheiro para tirar o cansaço embaixo da cachoeira elétrica, fixada à uma parede branca de azulejos encardidos. Aproveitou para escovar os dentes, não lembra ao certo se chegou a barbear-se, afinal iria ver a menina com quem estava ficando - mal sabia ele o que estava reservado para este dia - na noite daquele dia.
Enxugou-se, trocou de roupa, meticulosamente predeterminada para agradar a uma só pessoa. Pegou o Ipod que estava recarregado e ainda conectado ao cabo USB, colocou seu celular no bolso direito, como sempre faz, sua carteira, quando ainda usava uma. Passou a mão nas chaves do carro e foi em direção a porta. Colocou sua chave, repousada ao lado esquerdo em uma bancada, como que fosse digna do sono dos deuses. Inseriu-a na fechadura e girou-a duas vezes para a esquerda. Envolveu a maçaneta com a mão direita e abriu.
Fechou a porta, dispôs novamente da chave na fechadura e trancou a porta. Chamou o elevador. Sentiu que agora seu dia havia começado. O saltitar do coração interior à caixa toráxica indicava que estava vivo, pronto para mais um dia de labuta e realizações.
Caminhou o mais conhecido trajeto de sua vida, o do estacionamento. Por entre vagas e carros, passava, pé ante pé, até a distância mínima que alcançava o alarme do carro para ser destravado. Abriu a porta com a mão direita, jogou sua mochila despreocupdamente no banco do passageiro, adicionou a chave ao contato e deu partida na ignição.
Saiu do prédio. O ritmo frenético das ruas logo tomava conta de seu corpo, seus pensamentos e seu foco. Levou aproximadamente trinta minutos para chegar à agência onde trabalha até hoje.
Esta parte da história todos já sabem muito bem, principalmente a leitora para qual este texto é destinado. Por isso, pularei para o quase final do dia, onde realmente, o que havia de interessante para ocorrer, ainda era reservado ao publicitário.
O final do expediente se aproximava, e nada mais pensava, a não ser em ir para casa da garota que ansiosamente esperava ver, antes de finalmente voltar para casa e dormir, apenas esperando o próximo dia recobrir seu sono e dar-lhe vida renovada.
O percurso foi longo, deveras cansativo em alguns pontos, mas nada desfocava sua atenção e seu objetivo. Já naquele estágio, seu coração clamava por ela, rogava que o dia passasse depressa para poder estar no mesmo cômodo que sua outra metade. Mesmo ali, sensações incompreensíveis e encantadoras debruçavam-se sobre ele. Seu pensamento era tomada por ondas de calmaria e deslumbramento. Ansiedade e nervosismo. Suas mãos suavam frio, o coração acelerado, os batimentos rítmicos de duas válvulas em funcionamento e uma em repouso.
Finalmente, chegou à casa. Nada estava programado. Só que iriam se ver. Ficavam sempre na sala, assistindo televisão, conversando. Abraçados como o laço dos cadarços de seus All-Star surrados e sujos, mas com uma beleza transcendental.
Não lembra-se do filme exatamente que assistiram, enquanto deitados no mesmo sofá, entrelaçavam seus dedos, que fundiam-se como o mais belo dos metais, para formar o círculo perfeito da união dos corações.
Entre flashes de filme na tv, beijos longos e acalorados, os dois uniam-se cada vez, como as plantas que sobem e recobrem as paredes arquitetônicas das fachadas de casas suburbanas e eletistas.
Mais rápidas piscadas de olhos para a televisão, não sabia mais o que se passava. Apenas via personagens, trilhas sonoras, nem sempre concordantes, mas muitas vezes condizentes com alguma lembrança ressurgida das tempestuosas mentes que emaranhavam-se nos blocos de mola, recobertos com couro claro, e cobertos por um manto felpudo e amarelo.
Faltavam apenas frações de segundos para a pergunta que mudaria para sempre suas vidas.
Nada programado. Impulso. Ele já havia pensado, mas estava receoso sobre a aceitação do pedido. Nem por um minuto, vislumbrou que ela pensava em fazer aquele convite, e ela, sem a menor certeza que alguém pode ter, perante uma vontade absurda de ser correspondida, fez o pedido mesmo assim.
A resposta foi simples, objetiva, terna, e sublime. Um mero Sim!, que para eles, ele deitado sobre ela no sofá, admirando toda a sua beleza: seus olhos castanhos com os traços azulados negros ao redor de sua íris. Seus lábios carnudos e macios, clamantes por beijos apaixonados, seu nariz fino, talhado a perfeição em seu rosto minuciosamente desenhado pelo mais famoso dos artesãos.
Ele sabia que ela, a garota de seus dias e pensamentos, mudaria a sua vida para sempre, e já tinha começado o processo há muito tempo atrás.
Agora era apenas uma questão de tempo para que os dois amassem-se cada dia mais, desesperadamente.
Tempo para que seus corações pulsassem em uníssono e ritmicamente. Para que o sentimento, cada vez mais crescente, tomasse proporções nunca antes experimentadas e vivenciadas por ambos.
Ele, agora, sentia-se completo. Nada mais estava faltando.
O laço do cadarço de seu coração fora amarrado com perfeição. E ela, a definição de tudo o que ele sempre quis. Todos os pingos nos is estavam pintados. E todos os que ainda não estavam, em questão de uma vida inteira, seriam colorizados.
Ela completa ele. E ele, só tem a agradecê-la pelo pedido feito.
E então, começou o compartilhamento de uma vida inteira.
Ele e ela.
Os dois. Em dois. Por dois. Para os dois.
O dia Doze de Setembro de Dois Mil e Oito foi, é e será, sempre, fundamental para estas duas vidas conjugadas no passado, vivenciadas no presente, e esperançosas pelo futuro.
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Os olhos profundamente marcados
Li uma pergunta em um blog hoje, Segue a seguinte.
- Será que olheira "tá" na moda?
Moda? Desde quando olheira é uma tendência? É hype? É estilo?
Não vejo olheira como opção de maquilagem, ou como parte dos armários do verão.
Olheira é oheira, e pronto. Ponto.
Carrego-as com orgulho. De ter feito o necessário para chegar à conclusão, e na esperança de ter um resultado satisfatório.
Olheira pra mim nada mais é que algumas(várias) noites de sono muito bem aproveitadas.
- Será que olheira "tá" na moda?
Moda? Desde quando olheira é uma tendência? É hype? É estilo?
Não vejo olheira como opção de maquilagem, ou como parte dos armários do verão.
Olheira é oheira, e pronto. Ponto.
Carrego-as com orgulho. De ter feito o necessário para chegar à conclusão, e na esperança de ter um resultado satisfatório.
Olheira pra mim nada mais é que algumas(várias) noites de sono muito bem aproveitadas.
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
O que é preciso para ser suscetível
Pensar. Pensar. Pensar. Refletir sobre o pensado. Executar a reflexão do pensamento anterior que foi refletido.
Pensar novamente. E posteriormente. E anteriormente. Pensar. Seguir no pensamento. Pensando em reflexões. E em pensadores.
Apenas pensar. Apenas Refletir.
Refletir e apenas pensar.
Refletir e pensar.
Pensar.
Apenas.
Pensar novamente. E posteriormente. E anteriormente. Pensar. Seguir no pensamento. Pensando em reflexões. E em pensadores.
Apenas pensar. Apenas Refletir.
Refletir e apenas pensar.
Refletir e pensar.
Pensar.
Apenas.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
The first speech
Let's hope that finally some changes will be made in the world.
"Yes! We can!
There'll be change from now on!"
"Yes! We can!
There'll be change from now on!"
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Poderia ser um discurso memorável
"Deixem que falem, que pensem o que quiserem e bem entenderem. Não temo os obstáculos, supero qualquer problema e enfrento de frente as adversidades, sejam as do dia-a-dia ou as que surgem de rompante".
Foi assim que eu comecei o meu discurso mentalmente ao primeiro sinal de pânico e ansiedade.
Ass: Cavaleiro Solitário
Foi assim que eu comecei o meu discurso mentalmente ao primeiro sinal de pânico e ansiedade.
Ass: Cavaleiro Solitário
A rotina até o fim do expediente
Dormir. Tentar. Sonhar. Revirar. Recobrir. Esparramar. Esticar. Parar.
Acordar. Sentar. Esfregar. Levantar. Equilibrar. Andar. Apoiar. Desviar. Olhar. Virar. Andar. Acender. Abrir. Ligar. Fechar. Despir. Abrir. Fechar. Molhar. Esfregar. Esfregar, esfregar e esfregar. Enxaguar. Pegar. Abrir. Apertar. Massagear. Massagear. Massagear. Enxaguar. Abrir. Pegar. Pegar. Abrir. Apertar. Fechar. Escovar... Parar. Bochechar. Cuspir. Fechar. Abrir. Pegar. Enxugar. Enxugar. Enxugar.
Caminhar. Abrir, pegar e fechar. Vestir. Calçar. Amarrar um. Amarrar o outro. Escolher, escolher. Pronto. Vestir. Passar em um braço. Passar no outro. Borrifar uma vez. Borrifar mais uma.
Abrir e fechar. Descer. Caminhar. Caminhar. Abrir, sentar e fechar. Ligar. Engatar, acelerar. Parar. Esperar abrir. Engatar novamente. Acelerar e sair. Virar a direita. Seguir. Acelerar. Diminuir. Ligar. Escolher. Aumentar a intensidade. Acelera. Breca. Acelera, breca. Acelera. Cantar. Sussurrar. Imaginar. Pensar. Devanear. Memorizar.
Parar. Esperar abrir. Engatar e descer. Desligar. Recolher. Fechar. Pressionar. Abrir. Descer. Apertar. Entrar. Apertar e subir. Esperar abrir mais uma vez. Caminhar e entrar. Cumprimentar. Cumprimentar novamente. Puxar, apoiar, abrir e ligar. Esperar. Beber. Voltar e sentar. Abrir um. Abrir dois, três, quatro, cinco, seis. Conectar. Clicar e ler. Ler e reclicar. Digitar, digitar, digitar. Cumprimentar. Conversar, conversar. Pensar. Refletir. Ignorar. Ouvir, cantarolar. Ir almoçar. Descer. Andar. Sentar, pedir e esperar. Comer. Levantar e pagar. Voltar. Subir, sentar e continuar. Pára, pensa e digita. Digita. Pensa de novo. Levanta, pega e bebe. Senta novamente. Acabar. Enviar. Fechar, fechar outro. Desligar. Levantar. Despedir. Ir. Descer. Abrir. Sentar, ligar, conectar, escolher e ouvir. Dirigir.
...
Acordar. Sentar. Esfregar. Levantar. Equilibrar. Andar. Apoiar. Desviar. Olhar. Virar. Andar. Acender. Abrir. Ligar. Fechar. Despir. Abrir. Fechar. Molhar. Esfregar. Esfregar, esfregar e esfregar. Enxaguar. Pegar. Abrir. Apertar. Massagear. Massagear. Massagear. Enxaguar. Abrir. Pegar. Pegar. Abrir. Apertar. Fechar. Escovar... Parar. Bochechar. Cuspir. Fechar. Abrir. Pegar. Enxugar. Enxugar. Enxugar.
Caminhar. Abrir, pegar e fechar. Vestir. Calçar. Amarrar um. Amarrar o outro. Escolher, escolher. Pronto. Vestir. Passar em um braço. Passar no outro. Borrifar uma vez. Borrifar mais uma.
Abrir e fechar. Descer. Caminhar. Caminhar. Abrir, sentar e fechar. Ligar. Engatar, acelerar. Parar. Esperar abrir. Engatar novamente. Acelerar e sair. Virar a direita. Seguir. Acelerar. Diminuir. Ligar. Escolher. Aumentar a intensidade. Acelera. Breca. Acelera, breca. Acelera. Cantar. Sussurrar. Imaginar. Pensar. Devanear. Memorizar.
Parar. Esperar abrir. Engatar e descer. Desligar. Recolher. Fechar. Pressionar. Abrir. Descer. Apertar. Entrar. Apertar e subir. Esperar abrir mais uma vez. Caminhar e entrar. Cumprimentar. Cumprimentar novamente. Puxar, apoiar, abrir e ligar. Esperar. Beber. Voltar e sentar. Abrir um. Abrir dois, três, quatro, cinco, seis. Conectar. Clicar e ler. Ler e reclicar. Digitar, digitar, digitar. Cumprimentar. Conversar, conversar. Pensar. Refletir. Ignorar. Ouvir, cantarolar. Ir almoçar. Descer. Andar. Sentar, pedir e esperar. Comer. Levantar e pagar. Voltar. Subir, sentar e continuar. Pára, pensa e digita. Digita. Pensa de novo. Levanta, pega e bebe. Senta novamente. Acabar. Enviar. Fechar, fechar outro. Desligar. Levantar. Despedir. Ir. Descer. Abrir. Sentar, ligar, conectar, escolher e ouvir. Dirigir.
...
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
... ... (... ...)
...
e passaram-se cinco meses, como se fossem quatrol ou três, ou dois, ou um, ou dez.
Cada dia um recomeço, uma novidade, algo interessante a ser descoberto.
É como acordar de um sonho bom todos os dias, e sentir ele transcender para a realidade toda a sensação onírica que existe enquanto repousa em sono profundo.
Nada paga ou compra isso.
Nem a quantia mais hiperbólica faz alguém largar mão disso.
"
Autor : o sonhador acordado e lúcido.
e passaram-se cinco meses, como se fossem quatrol ou três, ou dois, ou um, ou dez.
Cada dia um recomeço, uma novidade, algo interessante a ser descoberto.
É como acordar de um sonho bom todos os dias, e sentir ele transcender para a realidade toda a sensação onírica que existe enquanto repousa em sono profundo.
Nada paga ou compra isso.
Nem a quantia mais hiperbólica faz alguém largar mão disso.
"
Autor : o sonhador acordado e lúcido.
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Um recado sobre a realidade
Pretensão em machucar, ofender, verborragizar calúnias e atrocidades, eu nunca tive.
Simplesmente em algumas circunstâncias não soube conter meus ímpetos, e em consequência, acabei maltratando e destratando, verbalmente, pessoas próximas e de extrema carência e significância para mim.
À todas elas, eu peço, que se possível, concedam-me perdão.
Obrigado.
Autor desconhecido.
Simplesmente em algumas circunstâncias não soube conter meus ímpetos, e em consequência, acabei maltratando e destratando, verbalmente, pessoas próximas e de extrema carência e significância para mim.
À todas elas, eu peço, que se possível, concedam-me perdão.
Obrigado.
Autor desconhecido.
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Espetáculo de tolos VI
Há algumas semanas abstive-me de atualizar essa seção. Nada ocorreu-me e até mesmo agora estou sem observações e comentários austeros e analíticos.
Mas de qualquer maneira, vou atualizar porque fiz um contrato mental para comigo.
Você sabe o que é a vida?
A vida não passa de um vislumbre do que poderíamos todos ser, caso fôssemos mais cerebrados e contemplativos.
Mas de qualquer maneira, vou atualizar porque fiz um contrato mental para comigo.
Você sabe o que é a vida?
A vida não passa de um vislumbre do que poderíamos todos ser, caso fôssemos mais cerebrados e contemplativos.
Gravação Mental II
Como é bom relembrar os tempos de colégio e a escola literária do século XVIII na Europa.
Inutilia truncat e carpe diem.
Inutilia truncat e carpe diem.
Aonde você pensa que vai chegar?
Não procrastinar o eventual, o mundano, o essencial, o vital, o ordinário, o necessário.
Procrastinar leva alguém a lugar algum.
A lugar nenhum.
Procrastinar leva alguém a lugar algum.
A lugar nenhum.
Em mudança de ponto na mesa
Há três meses senta-se contíguo a janela da agência. E durante esses três meses tem observado o ir e vir de pessoas em uma das ruas mais conhecidas da localidade.
Às vezes pensa se não deveria sentar-se em outro lugar. Experimentar um outro ponto da mesa.
O computador lhe proporciona essa mobilidade. É um laptop prateado com filetes acinzentados nas bordas. Uma tela de 12", crê que seja isso, não tem plena confiança nessa informação.
O ponto da mesa é uma metáfora à algo mais transcendente, mais significativo e reformulador.
Uma revolução do posto de trabalho precisa ser feita, urgentemente.
Para manter a sanidade mental intacta e para reanimar e revitalizar o processo criativo.
Que alguém lá do alto dessa grande massa cinza-branca-azulada me ajude.
Nada de crente, evangélico, católico, protestante, agnóstico, hinduísta, xintoísta, islâmico, judeu, mórmon, ubandista, confucionista.
Só alguém tentando encontrar o seu novo ponto na mesa.
Mesa essa de vidro temperado e compartilhada com mais quatro amigos.
Às vezes pensa se não deveria sentar-se em outro lugar. Experimentar um outro ponto da mesa.
O computador lhe proporciona essa mobilidade. É um laptop prateado com filetes acinzentados nas bordas. Uma tela de 12", crê que seja isso, não tem plena confiança nessa informação.
O ponto da mesa é uma metáfora à algo mais transcendente, mais significativo e reformulador.
Uma revolução do posto de trabalho precisa ser feita, urgentemente.
Para manter a sanidade mental intacta e para reanimar e revitalizar o processo criativo.
Que alguém lá do alto dessa grande massa cinza-branca-azulada me ajude.
Nada de crente, evangélico, católico, protestante, agnóstico, hinduísta, xintoísta, islâmico, judeu, mórmon, ubandista, confucionista.
Só alguém tentando encontrar o seu novo ponto na mesa.
Mesa essa de vidro temperado e compartilhada com mais quatro amigos.
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Gravação Mental nº I
Tentar ser mais atento e menos esquecido.
Ficar sem cartão, documento e dinheiro é foda.
Ficar sem cartão, documento e dinheiro é foda.
Estou refém. Sem estar aprisionado.
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Às cinco e quinze, somente eu
5:11am.
Olha para o relógio e sinto as minhas olheiras.
Elas crescem sem parar. Infitamente.
Largamente. Pretamente. Visilmente.
Demasiadamente. Negramente. Lugubremente.
Exponencialmente.
5:12am.
O sono começa a recair novamente.
Levemente. Vagarosamente. Friamente.
Calmamente. Caladamente. Incessantemente.
Frequentemente. Fortemente. Calorosamente.
Exponencialmente.
5:13am.
Vou me desligar perenemente.
Seriamente. Sonambulamente. Ultimamente.
Verdadeiramente. Serenamente. Tranquilamente.
Complicadamente. Solenemente. Desiludidamente.
Exponencialmente.
Sozinho.
5:15am.
Olha para o relógio e sinto as minhas olheiras.
Elas crescem sem parar. Infitamente.
Largamente. Pretamente. Visilmente.
Demasiadamente. Negramente. Lugubremente.
Exponencialmente.
5:12am.
O sono começa a recair novamente.
Levemente. Vagarosamente. Friamente.
Calmamente. Caladamente. Incessantemente.
Frequentemente. Fortemente. Calorosamente.
Exponencialmente.
5:13am.
Vou me desligar perenemente.
Seriamente. Sonambulamente. Ultimamente.
Verdadeiramente. Serenamente. Tranquilamente.
Complicadamente. Solenemente. Desiludidamente.
Exponencialmente.
Sozinho.
5:15am.
Por essa, que eu prefiro fazer arte
"
A diferença entre fazer arte e terapia é que, se eu ficar um dia sem escrever, eu não preciso pagar a sessão.
"
Ele para Ela.
.apenas o fim.
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Um futuro bem presente
Acordou de átimo. No susto. Não conseguiu se localizar.
Viu algumas peças de roupa espalhadas pelo chão. A sua camiseta preta-desbotada-velha-que-sua-mãe-queria-que-jogasse-fora, mas recusava-se sempre. Um pé de meia ao lado da cama e o outro em um dos braços do mancebo. Achou estranhíssima a localização, porque nunca jogava as meias, sempre as colocava ao lado tênis ou dentro do mesmo.
O tênis! Onde estavam seus tënis? O All-Star branco surrado já era parte de sua vida. Caminhou muitos quilômetros com ele. A pé ou de carro. No calor e no frio. Na chuva ou no sereno. "Que caralho! Onde eles tão?" - pensou ele, quase tão alto para sair o som dos lábios.
Levantou, começou a vasculhar todos os cantos do quarto, milimetricamente. Não podia ter perdido, esquecido em algum lugar. Tinha que estar lá. Em algum lugar, enfurnado, nas sombras da escuridão. O lugar mais óbvio foi onde ele os encontrou. Embaixo da cama. Quase encostados na parede na outra extremidade. Esgueirou-se por debaixo do estrado de madeira seca e alcançou o cadarço de um dos pés. Miraculosamente, o outro veio junto, sem medo, sem vergonha. Simplesmente foi caminhando como que de mãos dadas com o outro pé.
"Bom. Encontrei minha camiseta, minhas meias e meu par de tênis. Está faltando o quê por encontrar ainda?"
De repente, notou uma certa estranheza. Daquelas que dão um arrepio no meio das costas e vai percorrendo verticalmente toda a coluna, as vértebras, as estrelas, até alcançar o cume da nuca.
O quarto continuava escuro, mas no meio da neblina turva que pairava sobre seus olhos, conseguiu ver um quadro pendurado na parede oposta a ele, logo à sua frente.
Foi aproximando-se. Pé ante pé. Dedo perante dedo. Perna atrás de perna.
Quando chegou a uma distância consideravelmente propícia do quadro, esfregou os olhos e não pôde acreditar no que vira.
O mural de fotos de sua namorada. Do mesmo jeito que estava na noite anterior.
Começou a roda gigante de sensações neste exato momento. Ele olhou para sua esquerda e viu o armário onde ela guarda todo o seu estoque de estilo e tendências, mais ao fundo, podê ver um quadro com uma ilustração de seu cunhado, provavelmente na casa de seus 3 / 4 anos.
Mais um pouco a esquerda, viu a porta do banheiro.
Há muito não entrava lá.
Tinha estado nesse habitáculo somente uma vez, e em uma época muito conturbada de sua vida. Quando nada era o que parecia ser e ele não era nem um décimo do que ele é hoje.
Segurou a maçaneta da porta, que de imediato rangeu os dentes na palma de sua mão. Girou-a suavemente. Ouviu o clique do destravar. Ela abriu sem reclamar. Sem temer. Entrou. Olhou para a pia, abriu a torneira, e com a água corrente que jorrava, lavou o rosto. Não podia acreditar naquilo.
Tocou o espelho do banheiro, deixando a planta de sua mão gravada com gotículas, do que em breve sera vapor e sumiria, deixando apenas as suas digitais. Fez um giro de reconhecimento no banheiro para se familiarizar com a disposição das toalhas, do box, dos produtos que sua namorada usa para se maquilar. Ele sabe que ela não precisa. Naturalmente já é linda. Uma pele suave como nenhuma outra antes tocada. Os olhos mais bem definidos e encantadores que o conquistou. Os lábios finos e corpulentos que mais desejou beijar em sua vida. A pomada para o cabelo loiro-moreno-aura tocado pelos raios do sol.
"Como ela é linda. E tudo isso só engrandece ainda mais a sua beleza. Torna-a mais desejável, mais encantadora, mais sexy, mais sensual. Tudo nela é perfeito. Até a escolha dos produtos, que não faço a menor idéia de quais são as marcas." - Suspirou sozinho olhando-se no espelho. Seu semblante apaixonado e sonhador. O espelho tocou suas estrelas com os olhos de vidro.
Caminhou o pequeno percurso do banheiro até a cama.
Sua namorada. Rosto sereno. Alma grandiosa. Corpo sensual e bem torneado. Ela dormia profundamente. Sua respiração contínua levantava sua caixa toráxica e avolumasa seus seios bem definidos. Seus olhos tremiam ininterruptamente, como se estivesse em um viagem sonhadora. Sua boca entre aberta deixava escapar alguns sopros de vida.
Ficou ali. Parado. Petrificado. Paralisado. Simplesmente observando-a dormir. Tranquilamente.
Cada minuto que passava, tornava mais evidente que não era uma ilusão. Real. puramente real. Ele estava no quarto, com a namorada dormindo perante seus olhos. O peito desnudo, as costas estreladas encostada no móvel que sustentava a televisão.
Seu peito arranhado evidenciava o quão intensa tinha sido a estadia dele naquela cama, naquela noite que transcorreu por completo faziam apenas algumas horas. As marcas da paixão, do desejo, do tesão cataclísmico que recaiu sobre ambos.
Pegou o celular jogado ao chão e pressionou um botão lateral. Uma luz no display acendeu e revelou o horário. Oito e quarenta e sete da manhã. Sábado. Dia Vinte de Dezembro de Dois Mil e Oito.
Realidade. Seminua. Arranhada. Verdadeira. Crível. Linda. Almejada. E realizada.
Escorou a cabeça no móvel. Olhando fixamente para sua namorada. Com os olhos fechados e o peito aberto.
Caiu em sono novamente.
Viu algumas peças de roupa espalhadas pelo chão. A sua camiseta preta-desbotada-velha-que-sua-mãe-queria-que-jogasse-fora, mas recusava-se sempre. Um pé de meia ao lado da cama e o outro em um dos braços do mancebo. Achou estranhíssima a localização, porque nunca jogava as meias, sempre as colocava ao lado tênis ou dentro do mesmo.
O tênis! Onde estavam seus tënis? O All-Star branco surrado já era parte de sua vida. Caminhou muitos quilômetros com ele. A pé ou de carro. No calor e no frio. Na chuva ou no sereno. "Que caralho! Onde eles tão?" - pensou ele, quase tão alto para sair o som dos lábios.
Levantou, começou a vasculhar todos os cantos do quarto, milimetricamente. Não podia ter perdido, esquecido em algum lugar. Tinha que estar lá. Em algum lugar, enfurnado, nas sombras da escuridão. O lugar mais óbvio foi onde ele os encontrou. Embaixo da cama. Quase encostados na parede na outra extremidade. Esgueirou-se por debaixo do estrado de madeira seca e alcançou o cadarço de um dos pés. Miraculosamente, o outro veio junto, sem medo, sem vergonha. Simplesmente foi caminhando como que de mãos dadas com o outro pé.
"Bom. Encontrei minha camiseta, minhas meias e meu par de tênis. Está faltando o quê por encontrar ainda?"
De repente, notou uma certa estranheza. Daquelas que dão um arrepio no meio das costas e vai percorrendo verticalmente toda a coluna, as vértebras, as estrelas, até alcançar o cume da nuca.
O quarto continuava escuro, mas no meio da neblina turva que pairava sobre seus olhos, conseguiu ver um quadro pendurado na parede oposta a ele, logo à sua frente.
Foi aproximando-se. Pé ante pé. Dedo perante dedo. Perna atrás de perna.
Quando chegou a uma distância consideravelmente propícia do quadro, esfregou os olhos e não pôde acreditar no que vira.
O mural de fotos de sua namorada. Do mesmo jeito que estava na noite anterior.
Começou a roda gigante de sensações neste exato momento. Ele olhou para sua esquerda e viu o armário onde ela guarda todo o seu estoque de estilo e tendências, mais ao fundo, podê ver um quadro com uma ilustração de seu cunhado, provavelmente na casa de seus 3 / 4 anos.
Mais um pouco a esquerda, viu a porta do banheiro.
Há muito não entrava lá.
Tinha estado nesse habitáculo somente uma vez, e em uma época muito conturbada de sua vida. Quando nada era o que parecia ser e ele não era nem um décimo do que ele é hoje.
Segurou a maçaneta da porta, que de imediato rangeu os dentes na palma de sua mão. Girou-a suavemente. Ouviu o clique do destravar. Ela abriu sem reclamar. Sem temer. Entrou. Olhou para a pia, abriu a torneira, e com a água corrente que jorrava, lavou o rosto. Não podia acreditar naquilo.
Tocou o espelho do banheiro, deixando a planta de sua mão gravada com gotículas, do que em breve sera vapor e sumiria, deixando apenas as suas digitais. Fez um giro de reconhecimento no banheiro para se familiarizar com a disposição das toalhas, do box, dos produtos que sua namorada usa para se maquilar. Ele sabe que ela não precisa. Naturalmente já é linda. Uma pele suave como nenhuma outra antes tocada. Os olhos mais bem definidos e encantadores que o conquistou. Os lábios finos e corpulentos que mais desejou beijar em sua vida. A pomada para o cabelo loiro-moreno-aura tocado pelos raios do sol.
"Como ela é linda. E tudo isso só engrandece ainda mais a sua beleza. Torna-a mais desejável, mais encantadora, mais sexy, mais sensual. Tudo nela é perfeito. Até a escolha dos produtos, que não faço a menor idéia de quais são as marcas." - Suspirou sozinho olhando-se no espelho. Seu semblante apaixonado e sonhador. O espelho tocou suas estrelas com os olhos de vidro.
Caminhou o pequeno percurso do banheiro até a cama.
Sua namorada. Rosto sereno. Alma grandiosa. Corpo sensual e bem torneado. Ela dormia profundamente. Sua respiração contínua levantava sua caixa toráxica e avolumasa seus seios bem definidos. Seus olhos tremiam ininterruptamente, como se estivesse em um viagem sonhadora. Sua boca entre aberta deixava escapar alguns sopros de vida.
Ficou ali. Parado. Petrificado. Paralisado. Simplesmente observando-a dormir. Tranquilamente.
Cada minuto que passava, tornava mais evidente que não era uma ilusão. Real. puramente real. Ele estava no quarto, com a namorada dormindo perante seus olhos. O peito desnudo, as costas estreladas encostada no móvel que sustentava a televisão.
Seu peito arranhado evidenciava o quão intensa tinha sido a estadia dele naquela cama, naquela noite que transcorreu por completo faziam apenas algumas horas. As marcas da paixão, do desejo, do tesão cataclísmico que recaiu sobre ambos.
Pegou o celular jogado ao chão e pressionou um botão lateral. Uma luz no display acendeu e revelou o horário. Oito e quarenta e sete da manhã. Sábado. Dia Vinte de Dezembro de Dois Mil e Oito.
Realidade. Seminua. Arranhada. Verdadeira. Crível. Linda. Almejada. E realizada.
Escorou a cabeça no móvel. Olhando fixamente para sua namorada. Com os olhos fechados e o peito aberto.
Caiu em sono novamente.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
As quatro estrelas de duas constelações
Completara dezenove anos haviam três meses. O mundo inteiro diante o seu rosto e quase duas décadas trilhadas. Anos repletos de turbulência, desavenças, crenças perdidas, amizades adquiridas, outras distanciadas.
Não parara para fazer um balancete de sua vida até aquele momento. Estava cursando o que gostava e tinha prazer em fazer, publicidade e propaganda. Era uma faculdade de renome, uma infraestrutura bem organizada e que dava à ele e todos os outros alunos o que era necessário em termos teóricos e práticos, para aprenderem sem deixar lacunas.
Era o que pensava. Muito ainda estava por vir, e mal ele sabia disso.
Aos dezessete, riscara seu corpo pela primeira vez com a tinta eterna, em termos terminológicos, e não práticos. O traço era oriental, um kanji. A junção de dois ideogramas formando um único e absoluto emblema. O significado: eternidade.
Mais simbólico que isso era impossível. Tatuagem é eterna. infinita, carregada para onde quer que vá. Um transfer agulhado por uma máquina nervosa e pulsante, desferindo socos de coloração com uma velocidade impressionante de ver-se.
A partir daquele dia, sabia que a sensação de coloração na pele, as beliscadas da agulha em suas costas e a dor interminável de uma hora e meia de agulha dinâmica seria o seu dogma. Uma filosofia. Um rito. Um mito de passagem, de transcendência. A libertação da alma e a quebra de algemas de seu corpo, dando lugar a uma identidade nova. A verdadeira faceta daquilo que sempre fora. E agora era revelado ao mundo.
Dois anos se passaram sem o corpo ser traçado. As únicas linhas que marcaram ele foram as da idade, as olheiras que acentuavam o seu cansaço e os riscos de caneta que ficavam em suas mãos, seus braços, anotações de livros, notas de telefones e lembretes de pensamento pinçados.
Resolveu que estava na hora de libertar seu corpo mais uma vez do pedaço de papel que definia a sua personalidade e restringia a sua ascenção.
Sempre fora aficcionado por estrelas. Seu brilho intenso e ofuscante. O piscar, como se fossem olhos enxergandos todos à milhões de anos luz no universo. Mutias das que via já não existiam mais, em vista que estavam mortas e só então conseguia observá-las. Sua luz demorara anos para chegar aos seus olhos e cintilá-los com um leve amanso na alma e um toque nos cabelos.
Decidiu que três estrelas seriam rabiscadas e pintadas em suas costas, e a maior delas guardaria a eternidade bem no meio, como um presente precioso que estaria recebendo logo após a chegada. Um símbolo de inestimável carinho e ternura.
Esteticamente bonita. Simetricamente perfeita. Alinhada ao meio das costas, suas vértebras ao centro das estrelas. Nunca brilharam. Mas ele as sente a cada momento. Intrísecas ao seu corpo, cintilantes e eternas em sua carne. Acalmando a sua alma. Apenas três. Nenhuma a mais, nenhuma a menos. As três que fecham a sua carapaça inteiramente. Somente seus traços. Suas linhas. Sem preenchimento. Sua pele exposta acerca de cada uma delas. As marcas da vida, do tempo, da idade, das noites bem dormidas e dos dias mal vividos.
Tudo tinha o seu devido significado. Em algumas vezes perdia o controle de seu cérebro, sua mente acelerava freneticamente, desvairadamente. Pensamentos ininterruptos, desconexos, a-cronológicos. Mas da mesma maneira que perdia, recobrava e em minutos o auto-controle estava operante uma vez mais.
Eram as estrelas. Suas guarda-costas da alma. Da mente. Do dia-a-dia. Das situações corriqueiras. Dos cenários improváveis e inimagináveis. Presentes em sua totalidade e unicidade. Cada uma delas. As três em forma reta. Um princípio de constelação. O indício de algo grande, transformador. Revelador. Único.
Os anos foram passando. Os dias transcorrendo sua vida, seus olhos, seus pensamentos, sua mente. As semanas de vento inquietante durante seu sono, os dias de chuva que apareciam de surpresa. O sol escaldante dos finais de semana de fim de ano. Na praia. Na rua. Na calçada. No carro. Na areia. No chuveiro.
As estrelas firmes e fortes, não escorriam com a água. Não desfaziam-se com as unhas que o arranhavam. Nem um risco elas tinham. A vida não as maltratava. Era impossível. Inviável. Indelével.
Mas um vão existia entre ele e ele mesmo. Entre sua alma e seu espírito. Seu cérebro e as conexões nervosas dos pensamentos inquietos.
Aos poucos, tudo foi se encaixando. Sendo desvendado perante seus globos oculares, cansados de tanto correr as linhas dos livros, as páginas de internet, as placas nas ruas, os nomes das pessoas, os endereços das festas.
Já estava traçado a mais tempo do que fora imaginado. Ele sabia. O caso era o tempo passar. Simples assim. Dê tempo ao tempo. Filosofia pessoal de sua vida. Outro dogma. Vivo e vivenciado sempre. O tempo cura e cicratiza tudo. Menos o que você quer pulsante e em carne viva, vertendo sangue e transmitindo vida. O caos do corpo humano. O fluxo do elixir da vida.
O tempo transcorreu exatamente como previra.
Agora sentia-se completo. Sente-se completo. Parte integrante de uma revolução. De algo maior do que sua compreensão tem conhecimento.
Sente-se vivo. Mais do ontem e menos do que amanhã.
Aproveita todos os momentos, todos os segundos.
Aos olhos dos outros parece loucura o que faz. Os riscos que corre. As situações em que se mete. As horas de sono bem-acordadas-mal-dormidas. As incontáveis latas de energéticos para tirar-lhe o sono durante as horas de trabalho e logo pela manhã.
Não importa-se com nada disso. Sabe muito bem o que está se passando em sua vida. Tem seus valores, seus métodos nada ortodoxos e religiosos. Não permite que nada afete as suas responsabilidades, o seu desempenho.
O átimo de suas ações tem um propósito. Um objetivo. Um foco único e perfeitamente especificado. Declarado à todos que queiram ler, ouvir, saber, conhecer, divulgar, divagar, repassar, informar, comunicar.
Ele agora tem duas constelações.
Uma à suas costas. Três estrelas focas e cintilantes.
E outra à sua frente, de uma só estrela. Brilhante e viva. Pulsante e tranquilizadora. Maravilhosa e perfeita.
E agora só falta declararem o feriado das constelações para ele enlouquecer.
Não parara para fazer um balancete de sua vida até aquele momento. Estava cursando o que gostava e tinha prazer em fazer, publicidade e propaganda. Era uma faculdade de renome, uma infraestrutura bem organizada e que dava à ele e todos os outros alunos o que era necessário em termos teóricos e práticos, para aprenderem sem deixar lacunas.
Era o que pensava. Muito ainda estava por vir, e mal ele sabia disso.
Aos dezessete, riscara seu corpo pela primeira vez com a tinta eterna, em termos terminológicos, e não práticos. O traço era oriental, um kanji. A junção de dois ideogramas formando um único e absoluto emblema. O significado: eternidade.
Mais simbólico que isso era impossível. Tatuagem é eterna. infinita, carregada para onde quer que vá. Um transfer agulhado por uma máquina nervosa e pulsante, desferindo socos de coloração com uma velocidade impressionante de ver-se.
A partir daquele dia, sabia que a sensação de coloração na pele, as beliscadas da agulha em suas costas e a dor interminável de uma hora e meia de agulha dinâmica seria o seu dogma. Uma filosofia. Um rito. Um mito de passagem, de transcendência. A libertação da alma e a quebra de algemas de seu corpo, dando lugar a uma identidade nova. A verdadeira faceta daquilo que sempre fora. E agora era revelado ao mundo.
Dois anos se passaram sem o corpo ser traçado. As únicas linhas que marcaram ele foram as da idade, as olheiras que acentuavam o seu cansaço e os riscos de caneta que ficavam em suas mãos, seus braços, anotações de livros, notas de telefones e lembretes de pensamento pinçados.
Resolveu que estava na hora de libertar seu corpo mais uma vez do pedaço de papel que definia a sua personalidade e restringia a sua ascenção.
Sempre fora aficcionado por estrelas. Seu brilho intenso e ofuscante. O piscar, como se fossem olhos enxergandos todos à milhões de anos luz no universo. Mutias das que via já não existiam mais, em vista que estavam mortas e só então conseguia observá-las. Sua luz demorara anos para chegar aos seus olhos e cintilá-los com um leve amanso na alma e um toque nos cabelos.
Decidiu que três estrelas seriam rabiscadas e pintadas em suas costas, e a maior delas guardaria a eternidade bem no meio, como um presente precioso que estaria recebendo logo após a chegada. Um símbolo de inestimável carinho e ternura.
Esteticamente bonita. Simetricamente perfeita. Alinhada ao meio das costas, suas vértebras ao centro das estrelas. Nunca brilharam. Mas ele as sente a cada momento. Intrísecas ao seu corpo, cintilantes e eternas em sua carne. Acalmando a sua alma. Apenas três. Nenhuma a mais, nenhuma a menos. As três que fecham a sua carapaça inteiramente. Somente seus traços. Suas linhas. Sem preenchimento. Sua pele exposta acerca de cada uma delas. As marcas da vida, do tempo, da idade, das noites bem dormidas e dos dias mal vividos.
Tudo tinha o seu devido significado. Em algumas vezes perdia o controle de seu cérebro, sua mente acelerava freneticamente, desvairadamente. Pensamentos ininterruptos, desconexos, a-cronológicos. Mas da mesma maneira que perdia, recobrava e em minutos o auto-controle estava operante uma vez mais.
Eram as estrelas. Suas guarda-costas da alma. Da mente. Do dia-a-dia. Das situações corriqueiras. Dos cenários improváveis e inimagináveis. Presentes em sua totalidade e unicidade. Cada uma delas. As três em forma reta. Um princípio de constelação. O indício de algo grande, transformador. Revelador. Único.
Os anos foram passando. Os dias transcorrendo sua vida, seus olhos, seus pensamentos, sua mente. As semanas de vento inquietante durante seu sono, os dias de chuva que apareciam de surpresa. O sol escaldante dos finais de semana de fim de ano. Na praia. Na rua. Na calçada. No carro. Na areia. No chuveiro.
As estrelas firmes e fortes, não escorriam com a água. Não desfaziam-se com as unhas que o arranhavam. Nem um risco elas tinham. A vida não as maltratava. Era impossível. Inviável. Indelével.
Mas um vão existia entre ele e ele mesmo. Entre sua alma e seu espírito. Seu cérebro e as conexões nervosas dos pensamentos inquietos.
Aos poucos, tudo foi se encaixando. Sendo desvendado perante seus globos oculares, cansados de tanto correr as linhas dos livros, as páginas de internet, as placas nas ruas, os nomes das pessoas, os endereços das festas.
Já estava traçado a mais tempo do que fora imaginado. Ele sabia. O caso era o tempo passar. Simples assim. Dê tempo ao tempo. Filosofia pessoal de sua vida. Outro dogma. Vivo e vivenciado sempre. O tempo cura e cicratiza tudo. Menos o que você quer pulsante e em carne viva, vertendo sangue e transmitindo vida. O caos do corpo humano. O fluxo do elixir da vida.
O tempo transcorreu exatamente como previra.
Agora sentia-se completo. Sente-se completo. Parte integrante de uma revolução. De algo maior do que sua compreensão tem conhecimento.
Sente-se vivo. Mais do ontem e menos do que amanhã.
Aproveita todos os momentos, todos os segundos.
Aos olhos dos outros parece loucura o que faz. Os riscos que corre. As situações em que se mete. As horas de sono bem-acordadas-mal-dormidas. As incontáveis latas de energéticos para tirar-lhe o sono durante as horas de trabalho e logo pela manhã.
Não importa-se com nada disso. Sabe muito bem o que está se passando em sua vida. Tem seus valores, seus métodos nada ortodoxos e religiosos. Não permite que nada afete as suas responsabilidades, o seu desempenho.
O átimo de suas ações tem um propósito. Um objetivo. Um foco único e perfeitamente especificado. Declarado à todos que queiram ler, ouvir, saber, conhecer, divulgar, divagar, repassar, informar, comunicar.
Ele agora tem duas constelações.
Uma à suas costas. Três estrelas focas e cintilantes.
E outra à sua frente, de uma só estrela. Brilhante e viva. Pulsante e tranquilizadora. Maravilhosa e perfeita.
E agora só falta declararem o feriado das constelações para ele enlouquecer.
Era uma vez, um mês...
"
No mês em que o vermelho do semáforo era melhor do que o verde. No vermelho os enamorados se beijavam e as pessoas dos outros carros sabiam. E os transeuntes paravam para ver, e a moça desconfiava enquanto cantava no rádio. Todos sabiam do frescor que era cada novo beijo, e toda a malemolência das línguas salivantes e molhadas que se cruzavam antes do farol se abrir.O mês era de lanchonetes que serviam batatas que conduziam o encostar de bocas levemente salgadas por fora, mas com o suculento adocicado de todos os milk shakes que se pode consumir nesse mês. Mesa para dois, não fumantes, donos de si e donos do mundo. Coca- cola e suco de maracujá, e um garçom que tente interromper o abraço continuo.
O mês que revelaram o número do cartão e que se deu a chave de casa em mão do outro. A casa exibia filmes pouco convencionais e a cama de um era a segunda cama do outro. O mês em que sonharam com a terceira, a primeira dos dois em par. E seguiram mãos que se deram e pés de meia no cobertor, e as pulseiras de plástico no pulso, e idéias de feriado e beijos nas costas estreladas e entrelaçadas.
Fora o mês das fotos egípcias, daquelas que só aparecem de perfil. Olhavam um para o outro, na rítmica em que os flashes cruzavam suas imagens estáticas e deliciosamente apaixonadas.
Era o mês em que todos esperam viver algum dia. E eles inesperadamente se surpreenderam com a dimensão que um sorriso pode se estender.
Era um mês feito de finais e alguns dias em semana, todo diagramados para serem executados pessoalmente ou não. A música das mensagens no celular superava a marcha nupcial, e o conteúdo ultrapassava as palavras convencionais acostumadas aos olhos e ouvidos. O mês aconteceu de noite em noite, e algum intervalo de dia se passou na estrutura de um teatro ou na frenética agência publicitária.
Naquele mês não criaram caso, não recuaram um passo sequer, não discutiram sem acentuar o humor simples que transformava o tom sério em risadas.
Era uma vez um mês em que o tempo gritou, mostrou-se relativo e envolveu em um único espaço dois corpos. Contra qualquer teoria, regra ou rebeldia. Criaram algo novo no mundo.
E depois desse mês, os caminhos não iriam se cruzar mais.
Já que agora um é o próprio caminho do outro.
"
by Maria Fernanda Loverra
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Uma viagem analítica pelo expresso diário das contradições realistas
Todos os dias milhares de pessoas cruzam o caminho umas das outras sem darem a menor importância ao que isso pode significar na alma da outra. O impacto que um simples esbarrão ou uma leve trombada pode marcar no caráter e naquele espaço de tempo que se torna infinito ao mais atento dos olhares.
O trem acopla-se a plataforma, abrem-se as portas dos vagões. Mas um deles, naquele dia, tornaria-se especial para setenta pessoas que estavam prestes a vivenciar um abrir de olhos como igual não poderia existir, ou não era-se sabido até então.
Um simples e trabalhador de uma construção liberta-se de toda a vergonha que pode ter e folheia as páginas de sua vida para todos os passageiros mascarados e desinteressados. Ele fala porque tem necessidade. Muito pode-se aprender com o mais simples dos seres humanos. Um que tenha alma pura, que saiba o valor que o trabalho transmiti. Ele sabia muito bem o que falava, em cada frase, cada pausa que era feito ou levemente deixada de lado.
Servente de pedreiro é a sua função braçal e empregadora no dia-a-dia. Experiencia bem, até por demais em alguns casos, como que constrói-se uma base sólida, rija, que provida um alicerce à algo que está para ser construído. Sólido e concreto. "Broco e cimento! Broco e cimento", era o que ele sempre frisava. Eram os elementos que tudo deve ter para prosseguir, para existir. Desde um prédio, até uma família, uma amizade.
Parada para o segundo embarque de passageiros no complexo da realidade.
Um jovem de seus dezoito / dezenove anos adentra o prédio suspenso pelos trilhos e começa a conjecturar sobre uma teoria velha, arcaica, mas que em um momento remoto de um passado ainda vivido e muito presente, teve algum sentido para uma geração nacional européia.
Muitos piamente seguiram isso como tantos no planeta seguem a Bíblia, o Alcorão, o Torá.
O propósito desse rapaz era único e resolvidíssimo: instaurar uma situação caótica e temerosa em todos os ocupantes de cadeiras ainda vazias do carro de liga metálica e vidro que anda em um asfalto de eletricidade.
Palavras de mal gosto, baixo calão, ofensas e impropérios são proferidos durante toda a sua permanência. Sempre corroborava a teoria com uma teoria filósofica que nas mãos de um ditador com dotes de artista e alma maquiavélica, tomou proporções catastófricas e nunca antes imagináveis.
"Übermensch, raça ariana! Pureza! Extermínio! Operação de limpeza começa agora!"
Muito vê-se nessas palavras. Basta contextualizá-las para conotar o significado que cada uma delas têm, perante o que foi começado sessenta e nove anos no passado.
Para ele, todos que não fossem dignos de serem puros, não tivessem a essência, a classe, sem exceção, deveriam ser eliminados. Desde negros, judeus, deficientes, até homossexuais, viados, transsexuais e inválidos. Um jovem guiado por um idealismo senil e fora de época, mas ainda muito seguido por uma vastidão de pessoas.
Outra parada do expresso da verdade. O confronto entre o jovem hitlerista e o ápice de sua raiva e fúria. Um transsexual. Muito vivo e extasiadamente feliz com sua vida.
Somos testados durante todo o tempo. Até mesmo quando não achamos estarmos dentro de um universo avaliativo, percebemos algo que nos traz à realidade mais uma vez e somos atingidos com toda a fúria e crueldade pela vida externa.
Seu nome, Soraya. Vinte e três primaveras transcorridas até agora, e quinze como o que vemos hoje. Uma mulher decidida, coesa e objetiva. O que ela quer, corre e com suor e muito empenho conquista. Ninguém lhe diz que não é possível. Ela simplesmente vai e faz. Sem medo. Sem receio. Sem preocupação. Decidida.
Este seria o mais feliz e trágico dia de sua vida. Mal sabia ela que a 'Operação Limpeza' já havia começado na parada anterior.
Tinha feito todos os preparativos, comprado as alianças. Um vestido feito sob encomenda pela costureira já estava em suas mãos, dentro de um saco preto, representando o que estava por vir.
O que um atraso não faz com a vida de uma pessoa. Ou o que ele faz. Ela não teve tempo de reagir. Não teve trégua. Não teve racionalização. De hora para outra, estava estirada, com seu vestido prata avermelhado, sua bolsa derramada no chão, um par de alianças molhadas pelo fluido ainda quente de seu corpo e uma frase escrita em seus restos mortais: "Começou a Operação Limpeza". A suspeita recaiu sobre seu noivo, com quem ia casar-se assim que saísse do trem.
Outro intervalo para o embarque de um embate de visões confusas, obscuras e turvas.
Vendedor de bala / chocolate / chiclete / salgadinho / água todos vêem, conhecem, em certos casos até ajudam, mas neste cenário, os transeuntes eram meros espectadores de uma briga de opiniões cegas.
Um defendia a supremacia da ração do cacau negro, de casca marrom, que transmutava-se no chocolate ao leite, como conhecemos. O seu algoz defendia e potência e a a teoria nietzscheniana até entrou para ratificar o que era assegurado por seu promotor cego: que o Überchocolate era o branco. O genuíno, o verdadeiro e único doce superior. Repleto de pureza, sabor transcendental e legítimo.
Mas ambos não haviam notado o quanto a cegueira os tinha acobertado a visão, em vista que um era o defensor do produto do outro, e não do que estava sendo vendido por si.
Um acordo foi acertado, mas respeitava uma lei falha e completamente discriminatória à raça negra, ao chocolate de cacau marrom, oprimido, desvalorizado e deixado de lado pela sociedade.
Dessa batalha, ambos tinham os olhos tampados pela justiça, pela balança que iguala o certo e o errado, o réu e a vítima. Um era o outro, e o outro eram eles mesmos naquele vagão, tentando descobrir-se por meio de uma composição açucarada e de imenso sabor.
Suas máscaras eram os olhos e os óculos, o protetor da realidade para a qual fecharam a vista e os sentidos.
Próxima parada: a perda do controle emocional e uma segregação um tanto quanto mistificada pela palavra do Senhor.
Não passava de seus dezessete anos. Loiro, olhos claros. Percebia-se logo de cara que vinha de uma raça nobre. Eletista. Tinha os melhores agrados e prazeres da vida. Desde cedo valorizou o profissional, o seu caminho a ser trilhado. Auto-denominava-se 'Especialista em análise de documentos". Era independente, apenas à primeira vista. Uma faixa de couro segurava-lhe os sentidos e fazia sê-lo calmo, amigável.
Ao notar a falta, descontrolou-se completamente ficando nu em pêlo. Como um dia tinha vindo ao mundo para crescer, viver, procriar e voltar às cinzas da terra. Seus gestos animalescos e furiosos mostravam a falta de noção, uma ausência incrível de auto-controle, de ter um norte. De centro e de lógica.
Rosnava ferozmente. Mas diferente dos outros. Eram rosnados falados, gritados. Berrados. Palavras. Sentenças. Indignação. Raiva. Verdades nuas e cruas. E duras. E sensíveis em seu próprio oposto.
Cansou. Recolheu-se a um canto da caixa de alumínio condicionada pelo ar gelado, colheu sua pele de tecido algodoado e partiu em disparate porta a fora.
No mesmo instante, em uma porta oposta, adentrava um senhor de terno com fino corte e seus dois filhos. Os tons de pele destoavam no ar gélido do box em movimento.
Poucos devem ter notado isto. E também pudera. Mal colocado os pés no vagão tinham, e o pai começou a profetizar sobre o MRSP - Movimento República de São Paulo. Um conglomerado de mentes empenhadas em segregarem o Estado de São Paulo do resto do Brasil.
Em alto e bom tom, para todos os corpos estáticos e respirantes acomodados em suas caixas de plástico, ele proferia palavras de afronta aos migrantes de São Paulo, aos nordestinos e paraíbas. Aos bahianos e indigentes vindos para cá com um único intuito: fazer a vida na tão sonhada e grandiosa capital.
Para ele, tal cenário era inconcebível. E junto à seu pensamento vão e pouco acomedido, seus filhos jogavam no ar cantigas de libertação com o apoio de seu amigo invisível.
Por alguma razão, eles criam que o poderoso e onipresente fosse adepto deste movimento, e para terem com o que conquistar os outros, usavam-no como que parte integrante da revolução paulista.
Uma revolução sem eira e nem beira. Com um fim mais marcante e óbvio que poucos recusavam ver. Um montante de três pessoas tentando mudar uma situação inexistente. Uma segregação que jamais virá a acontecer. Nem neste minuto, nem nas próximas milhares de horas.
Abertura de portas para a personificação da alma do ser humano. Suja, crua e ofensiva. Mas repleta de verdades.
Um corpo é jogado da plataforma cruzando a coluna vertebral do vagão. Este saco de trapos é uma pessoa maltratada por todos que estão ali, ignorando-a da ponta dos pés ao último fio de algodão de sua toca surrada.
Uma indigente como muitos outros que habitam as ruas, as veias da sociedade e o coração da cidade. Mas esta era diferente. Ela tinha a dizer. Contrações de letras que juntas formavam parágrafos cheios de ódio e raiva.
A cólera era visível. Seus olhos vermelhos de chamas liquefeitas previam o que estava por vir. Todas as repúdias que uma pessoa pode ter pelo universo a sua volta. Pelo próximo. Pelas atitudes mesquinhas e tacanhas que era obrigada a vivenciar a cada dia, pelo resto de sua vida.
O limite dessa desconhecida havia atingido o seu ápice. Estava prestar a entrar em erupção há tempos. E este foi o momento infortúnio para tal. Infeliz para os outros que arcaram com sua fúria, seu fronte potente e municiado de letras pesadas e duras. De substantivos e adjetivos denotados por anos de uma experiência cruel de se passar.
Nem uma só alma deu atenção a nobre mendiga, ao cavaleiro branco dos sórdidos e dos oprimidos. Parecem nem ter surtido efeito a rajada de berros e esporros verbais.
Restava-lhe mais uma vez voltar ao mundo. Imundo e frio. Mas antes, um recado foi dado. "Um dia eu volto! Eu sempre volto. Eu estou na minha casa, e mais dia menos dia, vocês vão esbarrar em mim novamente!"
Uma personagem a muito calada neste vagão resolveu manifestar suas idéias e medos. Angústias e ferocidades.
Seu nome, Maria. Não só mais uma das infindáveis Marias deste mundo. Uma Maria Madalena, "daquela que também tem que aguetar as pedras", em suas próprias palavras.
Dezenove anos de idade. Um filho de três anos e a revolta de uma gestação feminina de sete meses em sua barriga era o que carregava. Além de uma sacola e uma mochila em suas costas. O Atlas pode ser uma mulher, afinal elas são as que carregam o mundo em seu ventre, quer os homens queiram ou não.
Corajosa a menina Madalena das Marias. Estava indo visitar o marido / namorado-traficante na cadeia. Estava preso há seis meses. Amicíssimo do dono da boca na Vila Elba. Não bastasse ter que ir visitá-lo acordava cedo para fazer o bolo favorito do companheiro em crime encarcerado e ainda passava um café fresco, que era despejado em uma garrafa térmica para mantê-lo aquecido e saboroso.
Tomava o mesmo trem até o local de baldeação, de lá pegava um ônibus até o presídio. Em meio a essas transições de cenários, estava passiva de ofensas, encoxadas em que a culpa lhe era atribuída sempre. Independente do caso.
Uma mesmo uma Maria. Das mais Madalenas que pisaram na face do planeta e na existência do universo.
Apenas dezenove anos e firme em suas convicções. Fazia das tripas coração para dar o que comer ao filho, e a filha que estava por vir.
Forte. Crua. Vivida. Mulher. Mas ainda uma linda e incompleta menina.
Pausa para entrada de uma vida apressada e corrida.
Mal sentou-se no banco com a roupa de academia suada e grudada ao corpo, puxou da mala sua arma de trabalho, um laptop branco, feito uma vela ainda por escorrer a cera quente.
Seus dedos começaram a fuzilar o teclado incessantemente, como se amanhã fosse tarde demais para recuperar o tempo perdido. E em sua profissão, o tempo não voltaria atrás. Jamais.
Seus diversos celulares tocavem como uma sinfonia descoordenada, mas que em seu fim, tinha uma rítmica única e inigualável, e seu maestro os manuseava com perfeita harmonia e consciência do que fazia.
Sua mãe a cada cinco minutos ligava para importuná-lo por não ter ido de carro, e a resposta era sempre a mesma, em diversas formas: "Mãe, hoje é rodízio do meu carro. Quinta-feira é final sete e oito. A placa do meu carro é oito. Não importa se fosse sete mãe. E eu tivesse dois carros. Sendo sete e oito, daria na mesma!"
E em meios aos berros no aparelho telefônico móvel e os dedos trabalhadores e calejados, ouvia-se bem baixinho um risca de caneta em um post-it amarelo. Alguma cobrança de sua mãe ou anotação de outra ligação que sempre atendia com a mesma saudação: "A Agência sou Eu."
Vida insana. Os olhos demonstravam o cansaço diário e os maus-tratos com o corpo. As bolsas escuras e pesadas sob seus globos oculares indiciavam o esgotamento físico. E a falta de idéia para o conceito perfeito e simétrico corroboravam o escasso de sinapses e interação neural.
Mais dia, menos dia, seu cerébro pararia. Mesmo que ele não quisesse parar. Mesmo que ele não pudesse parar.
As portas se abriram e foi-se em meio a multidão o saco vazio de forças que era o publicitário e sua vasta falta de idéias, dando lugar a um tipo novo, diferente, insano em sua própria normalidade.
Ele chegou como quem nada quer e logo apresentou-se aos já moradores do expresso de personagens: "Vocês não me conhecem? Muito prazer. Meu nome é Ferreira!"
Avistou um lugar vago ao lado de uma moça e começaram a dialogar, jogar conversa fora. Falavam sobre futilidades de uma vida mundana como qualquer outra. Ele perguntou o que a afligia e logo na terceira hipótese já 'adivinhou'. Dinheiro. O mal e a sorte dos homens.
Uma sacola era tudo o que tinha em suas mãos. Dentro do casaco recortado de fotos de revistas de fofoca e atualiadades, tinha o corpo esguio, atlético e imponente de alguém que um dia fora um filho, um amigo, um sobrinho de alguém. E agora, era mais um entre a multidão.
O problema da jovem senhorita seria resolvido com o que ele tinha dentro de sua sacola, era o que dizia Ferreira. Que, entre uma proza e outra, continuava a apresentar-se, agora, somente a ela. "Ainda não me conhece? Prazer. Meu nome é Ferreira!"
Sua loucura era o que fazia seus pés ficarem fincados ao chão. À uma base sólida. Um terreno firme onde ele tinha apoio, tinha uma vaga idéia de o que seria sustentação.
Em meio a isso, o seu distúrbio esquizofrênico não foi notado por todos. Somente os olhos mais atentos notavam suas nuances, suas mudanças repentinas de comportamento. Sua distinção de realidade sumia e logo vinha ele mais uma vez para a introdução de si mesmo: " Ainda não me conhecem? Prazer. Meu nome é Ferreira!"
Foi com essa última apresentação que ele deixou a sua efêmera estadia neste trem.
Em meio a tantos personagens e tipos alucinantes, um professor incursiona o vagão de plástico e metal com palavras duras, mas simples. Em questão de segundos, que para os presentes pareceram horas, discursa sobre o que pode vir a ser o catalizador do fim de uma era.
"O simples apertar de um botão e a ignição do Grande Colisor de Hádron pode dar início a uma reação molecular que acelera as partículas a tal velocidade que um buraco negro pode surgir e tragar tudo e todos" , disse o professor.
Mas ele reflete e presenteia a todos com uma reflexão maravilhosa. "Ao invés de olharmos para um buraco negro e vermos a destruição, porque não olharmos para um buraco de luz? Uma iluminação que acolherá a todos e então entenderemos coisas até então deixadas de lado."
"E em meio a esse vislumbre iluminista, nós pensarmos e na próxima eleição, não votarmos?"
Assim como entrou, saiu. Falante e galante, mas calado e cisudo.
Um vagão como este, as pessoas andam todos os dias, quisá durante anos. Mas são poucos os que arriscam observar e refletir sobre todas as situações impostas pela vida e pela convivência com as outras pessoas que transitam os mesmos lugares.
Nem todos buscam compreensão. Simplesmente querem viver sua pífia e reles vida, sem preocupações, fora as suas.
Mas existem aqueles que em meio a tempestade e as nebulosas que o cotidiano aflinge, resolvem aceitar o que está diante de seus olhos e exercitar a mente para chegar à conclusões. Para gerar discussões nas rodas de amigos, em casa com os familiares. No ambiente de trabalho, junto aos colegas profissionais.
Existem pessoas que, sim, adquirem um passe para o Expresso das Contradições, e usufruem da viagem atemporal e filosófica.
Uma interpretação da peça "Mauá-Pirituba, O Expresso das Contradições"
O trem acopla-se a plataforma, abrem-se as portas dos vagões. Mas um deles, naquele dia, tornaria-se especial para setenta pessoas que estavam prestes a vivenciar um abrir de olhos como igual não poderia existir, ou não era-se sabido até então.
Um simples e trabalhador de uma construção liberta-se de toda a vergonha que pode ter e folheia as páginas de sua vida para todos os passageiros mascarados e desinteressados. Ele fala porque tem necessidade. Muito pode-se aprender com o mais simples dos seres humanos. Um que tenha alma pura, que saiba o valor que o trabalho transmiti. Ele sabia muito bem o que falava, em cada frase, cada pausa que era feito ou levemente deixada de lado.
Servente de pedreiro é a sua função braçal e empregadora no dia-a-dia. Experiencia bem, até por demais em alguns casos, como que constrói-se uma base sólida, rija, que provida um alicerce à algo que está para ser construído. Sólido e concreto. "Broco e cimento! Broco e cimento", era o que ele sempre frisava. Eram os elementos que tudo deve ter para prosseguir, para existir. Desde um prédio, até uma família, uma amizade.
Parada para o segundo embarque de passageiros no complexo da realidade.
Um jovem de seus dezoito / dezenove anos adentra o prédio suspenso pelos trilhos e começa a conjecturar sobre uma teoria velha, arcaica, mas que em um momento remoto de um passado ainda vivido e muito presente, teve algum sentido para uma geração nacional européia.
Muitos piamente seguiram isso como tantos no planeta seguem a Bíblia, o Alcorão, o Torá.
O propósito desse rapaz era único e resolvidíssimo: instaurar uma situação caótica e temerosa em todos os ocupantes de cadeiras ainda vazias do carro de liga metálica e vidro que anda em um asfalto de eletricidade.
Palavras de mal gosto, baixo calão, ofensas e impropérios são proferidos durante toda a sua permanência. Sempre corroborava a teoria com uma teoria filósofica que nas mãos de um ditador com dotes de artista e alma maquiavélica, tomou proporções catastófricas e nunca antes imagináveis.
"Übermensch, raça ariana! Pureza! Extermínio! Operação de limpeza começa agora!"
Muito vê-se nessas palavras. Basta contextualizá-las para conotar o significado que cada uma delas têm, perante o que foi começado sessenta e nove anos no passado.
Para ele, todos que não fossem dignos de serem puros, não tivessem a essência, a classe, sem exceção, deveriam ser eliminados. Desde negros, judeus, deficientes, até homossexuais, viados, transsexuais e inválidos. Um jovem guiado por um idealismo senil e fora de época, mas ainda muito seguido por uma vastidão de pessoas.
Outra parada do expresso da verdade. O confronto entre o jovem hitlerista e o ápice de sua raiva e fúria. Um transsexual. Muito vivo e extasiadamente feliz com sua vida.
Somos testados durante todo o tempo. Até mesmo quando não achamos estarmos dentro de um universo avaliativo, percebemos algo que nos traz à realidade mais uma vez e somos atingidos com toda a fúria e crueldade pela vida externa.
Seu nome, Soraya. Vinte e três primaveras transcorridas até agora, e quinze como o que vemos hoje. Uma mulher decidida, coesa e objetiva. O que ela quer, corre e com suor e muito empenho conquista. Ninguém lhe diz que não é possível. Ela simplesmente vai e faz. Sem medo. Sem receio. Sem preocupação. Decidida.
Este seria o mais feliz e trágico dia de sua vida. Mal sabia ela que a 'Operação Limpeza' já havia começado na parada anterior.
Tinha feito todos os preparativos, comprado as alianças. Um vestido feito sob encomenda pela costureira já estava em suas mãos, dentro de um saco preto, representando o que estava por vir.
O que um atraso não faz com a vida de uma pessoa. Ou o que ele faz. Ela não teve tempo de reagir. Não teve trégua. Não teve racionalização. De hora para outra, estava estirada, com seu vestido prata avermelhado, sua bolsa derramada no chão, um par de alianças molhadas pelo fluido ainda quente de seu corpo e uma frase escrita em seus restos mortais: "Começou a Operação Limpeza". A suspeita recaiu sobre seu noivo, com quem ia casar-se assim que saísse do trem.
Outro intervalo para o embarque de um embate de visões confusas, obscuras e turvas.
Vendedor de bala / chocolate / chiclete / salgadinho / água todos vêem, conhecem, em certos casos até ajudam, mas neste cenário, os transeuntes eram meros espectadores de uma briga de opiniões cegas.
Um defendia a supremacia da ração do cacau negro, de casca marrom, que transmutava-se no chocolate ao leite, como conhecemos. O seu algoz defendia e potência e a a teoria nietzscheniana até entrou para ratificar o que era assegurado por seu promotor cego: que o Überchocolate era o branco. O genuíno, o verdadeiro e único doce superior. Repleto de pureza, sabor transcendental e legítimo.
Mas ambos não haviam notado o quanto a cegueira os tinha acobertado a visão, em vista que um era o defensor do produto do outro, e não do que estava sendo vendido por si.
Um acordo foi acertado, mas respeitava uma lei falha e completamente discriminatória à raça negra, ao chocolate de cacau marrom, oprimido, desvalorizado e deixado de lado pela sociedade.
Dessa batalha, ambos tinham os olhos tampados pela justiça, pela balança que iguala o certo e o errado, o réu e a vítima. Um era o outro, e o outro eram eles mesmos naquele vagão, tentando descobrir-se por meio de uma composição açucarada e de imenso sabor.
Suas máscaras eram os olhos e os óculos, o protetor da realidade para a qual fecharam a vista e os sentidos.
Próxima parada: a perda do controle emocional e uma segregação um tanto quanto mistificada pela palavra do Senhor.
Não passava de seus dezessete anos. Loiro, olhos claros. Percebia-se logo de cara que vinha de uma raça nobre. Eletista. Tinha os melhores agrados e prazeres da vida. Desde cedo valorizou o profissional, o seu caminho a ser trilhado. Auto-denominava-se 'Especialista em análise de documentos". Era independente, apenas à primeira vista. Uma faixa de couro segurava-lhe os sentidos e fazia sê-lo calmo, amigável.
Ao notar a falta, descontrolou-se completamente ficando nu em pêlo. Como um dia tinha vindo ao mundo para crescer, viver, procriar e voltar às cinzas da terra. Seus gestos animalescos e furiosos mostravam a falta de noção, uma ausência incrível de auto-controle, de ter um norte. De centro e de lógica.
Rosnava ferozmente. Mas diferente dos outros. Eram rosnados falados, gritados. Berrados. Palavras. Sentenças. Indignação. Raiva. Verdades nuas e cruas. E duras. E sensíveis em seu próprio oposto.
Cansou. Recolheu-se a um canto da caixa de alumínio condicionada pelo ar gelado, colheu sua pele de tecido algodoado e partiu em disparate porta a fora.
No mesmo instante, em uma porta oposta, adentrava um senhor de terno com fino corte e seus dois filhos. Os tons de pele destoavam no ar gélido do box em movimento.
Poucos devem ter notado isto. E também pudera. Mal colocado os pés no vagão tinham, e o pai começou a profetizar sobre o MRSP - Movimento República de São Paulo. Um conglomerado de mentes empenhadas em segregarem o Estado de São Paulo do resto do Brasil.
Em alto e bom tom, para todos os corpos estáticos e respirantes acomodados em suas caixas de plástico, ele proferia palavras de afronta aos migrantes de São Paulo, aos nordestinos e paraíbas. Aos bahianos e indigentes vindos para cá com um único intuito: fazer a vida na tão sonhada e grandiosa capital.
Para ele, tal cenário era inconcebível. E junto à seu pensamento vão e pouco acomedido, seus filhos jogavam no ar cantigas de libertação com o apoio de seu amigo invisível.
Por alguma razão, eles criam que o poderoso e onipresente fosse adepto deste movimento, e para terem com o que conquistar os outros, usavam-no como que parte integrante da revolução paulista.
Uma revolução sem eira e nem beira. Com um fim mais marcante e óbvio que poucos recusavam ver. Um montante de três pessoas tentando mudar uma situação inexistente. Uma segregação que jamais virá a acontecer. Nem neste minuto, nem nas próximas milhares de horas.
Abertura de portas para a personificação da alma do ser humano. Suja, crua e ofensiva. Mas repleta de verdades.
Um corpo é jogado da plataforma cruzando a coluna vertebral do vagão. Este saco de trapos é uma pessoa maltratada por todos que estão ali, ignorando-a da ponta dos pés ao último fio de algodão de sua toca surrada.
Uma indigente como muitos outros que habitam as ruas, as veias da sociedade e o coração da cidade. Mas esta era diferente. Ela tinha a dizer. Contrações de letras que juntas formavam parágrafos cheios de ódio e raiva.
A cólera era visível. Seus olhos vermelhos de chamas liquefeitas previam o que estava por vir. Todas as repúdias que uma pessoa pode ter pelo universo a sua volta. Pelo próximo. Pelas atitudes mesquinhas e tacanhas que era obrigada a vivenciar a cada dia, pelo resto de sua vida.
O limite dessa desconhecida havia atingido o seu ápice. Estava prestar a entrar em erupção há tempos. E este foi o momento infortúnio para tal. Infeliz para os outros que arcaram com sua fúria, seu fronte potente e municiado de letras pesadas e duras. De substantivos e adjetivos denotados por anos de uma experiência cruel de se passar.
Nem uma só alma deu atenção a nobre mendiga, ao cavaleiro branco dos sórdidos e dos oprimidos. Parecem nem ter surtido efeito a rajada de berros e esporros verbais.
Restava-lhe mais uma vez voltar ao mundo. Imundo e frio. Mas antes, um recado foi dado. "Um dia eu volto! Eu sempre volto. Eu estou na minha casa, e mais dia menos dia, vocês vão esbarrar em mim novamente!"
Uma personagem a muito calada neste vagão resolveu manifestar suas idéias e medos. Angústias e ferocidades.
Seu nome, Maria. Não só mais uma das infindáveis Marias deste mundo. Uma Maria Madalena, "daquela que também tem que aguetar as pedras", em suas próprias palavras.
Dezenove anos de idade. Um filho de três anos e a revolta de uma gestação feminina de sete meses em sua barriga era o que carregava. Além de uma sacola e uma mochila em suas costas. O Atlas pode ser uma mulher, afinal elas são as que carregam o mundo em seu ventre, quer os homens queiram ou não.
Corajosa a menina Madalena das Marias. Estava indo visitar o marido / namorado-traficante na cadeia. Estava preso há seis meses. Amicíssimo do dono da boca na Vila Elba. Não bastasse ter que ir visitá-lo acordava cedo para fazer o bolo favorito do companheiro em crime encarcerado e ainda passava um café fresco, que era despejado em uma garrafa térmica para mantê-lo aquecido e saboroso.
Tomava o mesmo trem até o local de baldeação, de lá pegava um ônibus até o presídio. Em meio a essas transições de cenários, estava passiva de ofensas, encoxadas em que a culpa lhe era atribuída sempre. Independente do caso.
Uma mesmo uma Maria. Das mais Madalenas que pisaram na face do planeta e na existência do universo.
Apenas dezenove anos e firme em suas convicções. Fazia das tripas coração para dar o que comer ao filho, e a filha que estava por vir.
Forte. Crua. Vivida. Mulher. Mas ainda uma linda e incompleta menina.
Pausa para entrada de uma vida apressada e corrida.
Mal sentou-se no banco com a roupa de academia suada e grudada ao corpo, puxou da mala sua arma de trabalho, um laptop branco, feito uma vela ainda por escorrer a cera quente.
Seus dedos começaram a fuzilar o teclado incessantemente, como se amanhã fosse tarde demais para recuperar o tempo perdido. E em sua profissão, o tempo não voltaria atrás. Jamais.
Seus diversos celulares tocavem como uma sinfonia descoordenada, mas que em seu fim, tinha uma rítmica única e inigualável, e seu maestro os manuseava com perfeita harmonia e consciência do que fazia.
Sua mãe a cada cinco minutos ligava para importuná-lo por não ter ido de carro, e a resposta era sempre a mesma, em diversas formas: "Mãe, hoje é rodízio do meu carro. Quinta-feira é final sete e oito. A placa do meu carro é oito. Não importa se fosse sete mãe. E eu tivesse dois carros. Sendo sete e oito, daria na mesma!"
E em meios aos berros no aparelho telefônico móvel e os dedos trabalhadores e calejados, ouvia-se bem baixinho um risca de caneta em um post-it amarelo. Alguma cobrança de sua mãe ou anotação de outra ligação que sempre atendia com a mesma saudação: "A Agência sou Eu."
Vida insana. Os olhos demonstravam o cansaço diário e os maus-tratos com o corpo. As bolsas escuras e pesadas sob seus globos oculares indiciavam o esgotamento físico. E a falta de idéia para o conceito perfeito e simétrico corroboravam o escasso de sinapses e interação neural.
Mais dia, menos dia, seu cerébro pararia. Mesmo que ele não quisesse parar. Mesmo que ele não pudesse parar.
As portas se abriram e foi-se em meio a multidão o saco vazio de forças que era o publicitário e sua vasta falta de idéias, dando lugar a um tipo novo, diferente, insano em sua própria normalidade.
Ele chegou como quem nada quer e logo apresentou-se aos já moradores do expresso de personagens: "Vocês não me conhecem? Muito prazer. Meu nome é Ferreira!"
Avistou um lugar vago ao lado de uma moça e começaram a dialogar, jogar conversa fora. Falavam sobre futilidades de uma vida mundana como qualquer outra. Ele perguntou o que a afligia e logo na terceira hipótese já 'adivinhou'. Dinheiro. O mal e a sorte dos homens.
Uma sacola era tudo o que tinha em suas mãos. Dentro do casaco recortado de fotos de revistas de fofoca e atualiadades, tinha o corpo esguio, atlético e imponente de alguém que um dia fora um filho, um amigo, um sobrinho de alguém. E agora, era mais um entre a multidão.
O problema da jovem senhorita seria resolvido com o que ele tinha dentro de sua sacola, era o que dizia Ferreira. Que, entre uma proza e outra, continuava a apresentar-se, agora, somente a ela. "Ainda não me conhece? Prazer. Meu nome é Ferreira!"
Sua loucura era o que fazia seus pés ficarem fincados ao chão. À uma base sólida. Um terreno firme onde ele tinha apoio, tinha uma vaga idéia de o que seria sustentação.
Em meio a isso, o seu distúrbio esquizofrênico não foi notado por todos. Somente os olhos mais atentos notavam suas nuances, suas mudanças repentinas de comportamento. Sua distinção de realidade sumia e logo vinha ele mais uma vez para a introdução de si mesmo: " Ainda não me conhecem? Prazer. Meu nome é Ferreira!"
Foi com essa última apresentação que ele deixou a sua efêmera estadia neste trem.
Em meio a tantos personagens e tipos alucinantes, um professor incursiona o vagão de plástico e metal com palavras duras, mas simples. Em questão de segundos, que para os presentes pareceram horas, discursa sobre o que pode vir a ser o catalizador do fim de uma era.
"O simples apertar de um botão e a ignição do Grande Colisor de Hádron pode dar início a uma reação molecular que acelera as partículas a tal velocidade que um buraco negro pode surgir e tragar tudo e todos" , disse o professor.
Mas ele reflete e presenteia a todos com uma reflexão maravilhosa. "Ao invés de olharmos para um buraco negro e vermos a destruição, porque não olharmos para um buraco de luz? Uma iluminação que acolherá a todos e então entenderemos coisas até então deixadas de lado."
"E em meio a esse vislumbre iluminista, nós pensarmos e na próxima eleição, não votarmos?"
Assim como entrou, saiu. Falante e galante, mas calado e cisudo.
Um vagão como este, as pessoas andam todos os dias, quisá durante anos. Mas são poucos os que arriscam observar e refletir sobre todas as situações impostas pela vida e pela convivência com as outras pessoas que transitam os mesmos lugares.
Nem todos buscam compreensão. Simplesmente querem viver sua pífia e reles vida, sem preocupações, fora as suas.
Mas existem aqueles que em meio a tempestade e as nebulosas que o cotidiano aflinge, resolvem aceitar o que está diante de seus olhos e exercitar a mente para chegar à conclusões. Para gerar discussões nas rodas de amigos, em casa com os familiares. No ambiente de trabalho, junto aos colegas profissionais.
Existem pessoas que, sim, adquirem um passe para o Expresso das Contradições, e usufruem da viagem atemporal e filosófica.
Uma interpretação da peça "Mauá-Pirituba, O Expresso das Contradições"
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Liberdade poética para o relacionamento
"
juntos já perdemos a noção das horas.
e junto já jogamos todo o resto fora.
e quando eu te conheci
dei pra sonhar, rompi o mundo
queimei meus navios
e nós dois juntos, nas noites eternas, já confundimos tanto as nossas pernas
e na bagunça do meu coração meu sangue errou de veia e se perdeu em você.
e na bagunça do nosso armario
o meu vestido entrelaça a sua blusa quadriculada
e o meu sapato pisa no teu
e pra finalizar:
te dei meus olhos para tomares conta.
e agora não tem como partir.
=)
s2
"
by Maria Fernanda Loverra
(Música:
Chico Buarque - Eu te amo)
juntos já perdemos a noção das horas.
e junto já jogamos todo o resto fora.
e quando eu te conheci
dei pra sonhar, rompi o mundo
queimei meus navios
e nós dois juntos, nas noites eternas, já confundimos tanto as nossas pernas
e na bagunça do meu coração meu sangue errou de veia e se perdeu em você.
e na bagunça do nosso armario
o meu vestido entrelaça a sua blusa quadriculada
e o meu sapato pisa no teu
e pra finalizar:
te dei meus olhos para tomares conta.
e agora não tem como partir.
=)
s2
"
by Maria Fernanda Loverra
(Música:
Chico Buarque - Eu te amo)
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Ode à nós
Ele nunca soube explicar como, nem onde e muito menos o porque. Simplesmente aceitou aquela sensação acalentadora em seu peito. Era reconfortante. Uma serenidade inigualável. Nunca antes experimentada por ele.
A história era antiga. Um passado tinha existido antes deste reencontro final e agora mais perfeito e objetivo do que nunca. O que ficou para trás marcou-o profundamente, não por ter sido ruim. Longe disso. Mas justamente por tê-lo feito feliz em algumas trocas de saliva e cruzar de braços às costas.
Ela era muito pra ele no momento. Sempre o foi. E mesmo agora, continua sendo tudo além do que ele merece. E assim sendo-a, ele busca agradá-la em todos os sentidos, embora ela muitas vezes dizendo que não é necessário. Mas ele pensa: "Ela é perfeita! Tem todas as qualidades e os defeitos que tornam ela justamente a síntese dessa palavra. Não tem sentido não esforçar-me para fazê-la feliz."
O tempo passou e o passado só vem a confirmar o que ele havia dito à ela um ano atrás.
Não foi olho no olho, cara a cara. Ele tinha vergonha de expressar-se na época, então as maiores e mais lindas declarações de amor eram postas em letras digitais, que iam tomando forma com o metralhar de dedos nas teclas empoeiradas e já desgastadas pelo tempo e uso frenético de suas mãos.
As cartas virtuais nunca foram lidas por ninguém, nem mesmo por ela, a dona de seu coração e musa inspiradora de tais parágrafos.
O dia iria chegar e tais contrações de letras teriam um sentido maior do que na época. Mais transcendente. Seriam verdade. Além do absolutismo e do próprio entedimento dele.
Ansiosamente, ele reclusou-se e esperou. E esperou. Sem preocupar-se. No fundo, algo tinha mudado para ele. As cores tinham tomado novas formas, a simplicidade que ela tinha no olhar, nos gestos. Tudo afetou. Tudo parecia certo. Mas não no tempo certo. A hora era errada. Os destinos tinham pregado uma peça. E não fora das boas.
A desolação foi instantânea ao ler as seguintes palavras: "mas me PROMETE que não vai mais esperar nada de mim? que se confiar em mim e nas coisas como devem ser tudo vai ser melhor? eu só quero melhor, sempre. só te peço isso ... "
Nada foi mais lúgubre do que ter de ler isto. Era a verdade. incontestável como nunca fora. Coesa. Correta. Absoluta. E quisá desmantelada.
Muito entre este espaço de tempo que seguiu-se aconteceu.
A desilusão foi forte pra ele. O sentido não foi perdido, mas por um lado, deixou de ter a coerência de antes. Quando a sentia, ela estava ao seu lado, trocando olhares de beijos. Carícias e abraços.
Ela seguiu seu rumo. Encenando a vida dela em cada passo. Em cada olhar e palavra expressada. Em cada sorriso e abraço proferido. Uma atriz da vida.
Isso ela sempre foi, e continuo sendo. Uma das melhores pra ele. Na interpretação da vida. Na atuação da realidade.
Ela não mente, engana. De dissimulada, nada tem. Só quando o personagem exige isso dela.
Sempre boas com as palavras, cada sentença que dizia à ele era uma flecha fincada na tábua do alvo em seu coração. Algumas boas, outras nem tanto, mas na média geral, destacava-se por conquistá-lo sempre. Todos os dias. O tempo inteiro. Mesmo nesse hiáto relacional. Em que cada um prosseguiu em caminho oposto, mas com as estradas em paralelo.
"Os caminhos ainda vão se cruzar.", ele disse para ela uma vez. E acreditou piamente nisso. Cego, resoluto. Tranquilo, sem pressa. Havia de chegar o dia. Nunca pensou o contrário, nem por um segundo.
O encanto foi imediato. A empatia que o acometeu ao olhar para ela foi absolutamente fora de série. E tudo o que sentia antes, só veio a crescer e tornar-se no que é hoje, um sentimento de paixão, de carinho, ternura, companheirismo.
As estradas um dia opostas, bifurcaram-se como que por um acaso, simplesmente pelo fato de um convite para uma festa ter sido aceito.
Mal sabiam que dali, sairia um grande conforto para os dois. Dali, floresceria uma relação que seria perfeita, em todos os sentidos da palavra. Teria compreensão de ambos, o carinho, a atenção, os sentimentos relacionados e interligados, a sintonia no pensar, no agir, no falar. No tocar. O encaixe dos beijos e dos abraços. No dar as mãos, via-se claramente a conexão entre os dois.
Mesmo o convite tendo sido aceito, algumas outras barreiras precisaram ser transpostas, quebradas. Alguns relacionamentos por parte de cada um precisavam ser vivenciadoa para que pudessem começar o deles.
Ela, ávida em em suas decisões, flertou com o que seria um namoro. Mas durou pouco tempo. O suficiente para ser lembrado para sempre, mas pouco para ter significado alguma coisa. Uma lição desse relacionamento velocista foi tirada, e ela a carrega consigo até hoje. Muitas vezes, a impestuosidade do impulso traz resultados estranhos. Foi o que ela aprendeu.
Por outro lado, ele não flertou com relações sérias, continuo vivendo despreocuapdo, sem prende-ser sentimentalmente a ninguém. Seu coração estava reservado a tempos, oito meses praticamente. Apenas esperando o destino encontrar a hora exata para acontecer.
E em mais uma festa, esse momento aconteceu. Uma conversa de uma hora definiu o que seria a relação deles, e do auge de sua insanidade mental, ele disse as palavras que definiriam e marcariam a vida deles: "Do caralho."
Nada expressa uma situação melhor que um palavreado. Ainda mais quando a situação envolvia os dois. E o começo da vida à dois para eles.
A palavra exclusividade ganhou outro sentido. Outra denotação. Tudo passou a significar algo para eles, e todo o resto não importava. Criaram um mundo próprio. Não de fantasia. Isso não era a intenção deles. Viveriam embasados na realidade, nos sentimentos, na verdade, nas ações e nos gestos sinceros.
'A sinceridade acima de tudo', seria o lema de ambos. E eles dizem que tem dado certo.
Cada dia que passa, quebram mais paradigmas. Não são todos que conseguem seguir essa máxima pessoal, ser sincero independente da situação. Mas eles são assim. Indecifráveis para o mundo e totalmente abertos, um para o outro.
Os dias foram passando, as visitas aumentando, junto aos sentimentos e saudades dos momentos em que não estavam juntos.
Até que em um fatídico dia, ela o pediu em namoro. Em meio a uma troca de beijos e abraços fervorosos. Não teve meias palavras, meios termos, meio-nada. Foi direto. Reto. Inesperado e maravilhoso.
E uma quebra de paradigma foi feita. Ela, foi quem o pediu em namoro, e ele, sem ao menos pensar, refletir o que tinha acontecido, aceitou no ápice do momento.
Sem medo. Dúvidas. Sem querer explicações. Ele queria isso. Tinha pensado nisso. Mas não sabia o que ela pensava. O que queria. Se estava em sintonia.
Foi a melhor surpresa que ele poderia ter ganhado. O início de um namoro com a menina que não saía de sua cabeça há tempos. Há meses, rondava seus pensamentos e memórias. Seus sonhos e seus olhares corridos pelas palavras nos e-mails, no blog.
Agora, o que o tempo reserva para eles, aos poucos vão descobrindo juntos, de braços dados e mãos abertas.
Aventurando-se em algo novo para ambos.
Assustador? Não.
Nada os assusta quanto ao que sentem e pensam. São iguais os raciocínios. Os pensamentos, os sentimentos. As idéias e ideais.
Cada mais se adoram, e cada dia distante um do outro pensam nos momentos em que estavam juntos e sabem, que em breve, estarão juntos mais uma vez. Como se fosse a primeira vez. Todas as vezes. Sempre em vezes.
O futuro é o que eles têm, e o presente, é o melhor que eles jamais poderiam imaginar.
(...)
A história era antiga. Um passado tinha existido antes deste reencontro final e agora mais perfeito e objetivo do que nunca. O que ficou para trás marcou-o profundamente, não por ter sido ruim. Longe disso. Mas justamente por tê-lo feito feliz em algumas trocas de saliva e cruzar de braços às costas.
Ela era muito pra ele no momento. Sempre o foi. E mesmo agora, continua sendo tudo além do que ele merece. E assim sendo-a, ele busca agradá-la em todos os sentidos, embora ela muitas vezes dizendo que não é necessário. Mas ele pensa: "Ela é perfeita! Tem todas as qualidades e os defeitos que tornam ela justamente a síntese dessa palavra. Não tem sentido não esforçar-me para fazê-la feliz."
O tempo passou e o passado só vem a confirmar o que ele havia dito à ela um ano atrás.
Não foi olho no olho, cara a cara. Ele tinha vergonha de expressar-se na época, então as maiores e mais lindas declarações de amor eram postas em letras digitais, que iam tomando forma com o metralhar de dedos nas teclas empoeiradas e já desgastadas pelo tempo e uso frenético de suas mãos.
As cartas virtuais nunca foram lidas por ninguém, nem mesmo por ela, a dona de seu coração e musa inspiradora de tais parágrafos.
O dia iria chegar e tais contrações de letras teriam um sentido maior do que na época. Mais transcendente. Seriam verdade. Além do absolutismo e do próprio entedimento dele.
Ansiosamente, ele reclusou-se e esperou. E esperou. Sem preocupar-se. No fundo, algo tinha mudado para ele. As cores tinham tomado novas formas, a simplicidade que ela tinha no olhar, nos gestos. Tudo afetou. Tudo parecia certo. Mas não no tempo certo. A hora era errada. Os destinos tinham pregado uma peça. E não fora das boas.
A desolação foi instantânea ao ler as seguintes palavras: "mas me PROMETE que não vai mais esperar nada de mim? que se confiar em mim e nas coisas como devem ser tudo vai ser melhor? eu só quero melhor, sempre. só te peço isso ... "
Nada foi mais lúgubre do que ter de ler isto. Era a verdade. incontestável como nunca fora. Coesa. Correta. Absoluta. E quisá desmantelada.
Muito entre este espaço de tempo que seguiu-se aconteceu.
A desilusão foi forte pra ele. O sentido não foi perdido, mas por um lado, deixou de ter a coerência de antes. Quando a sentia, ela estava ao seu lado, trocando olhares de beijos. Carícias e abraços.
Ela seguiu seu rumo. Encenando a vida dela em cada passo. Em cada olhar e palavra expressada. Em cada sorriso e abraço proferido. Uma atriz da vida.
Isso ela sempre foi, e continuo sendo. Uma das melhores pra ele. Na interpretação da vida. Na atuação da realidade.
Ela não mente, engana. De dissimulada, nada tem. Só quando o personagem exige isso dela.
Sempre boas com as palavras, cada sentença que dizia à ele era uma flecha fincada na tábua do alvo em seu coração. Algumas boas, outras nem tanto, mas na média geral, destacava-se por conquistá-lo sempre. Todos os dias. O tempo inteiro. Mesmo nesse hiáto relacional. Em que cada um prosseguiu em caminho oposto, mas com as estradas em paralelo.
"Os caminhos ainda vão se cruzar.", ele disse para ela uma vez. E acreditou piamente nisso. Cego, resoluto. Tranquilo, sem pressa. Havia de chegar o dia. Nunca pensou o contrário, nem por um segundo.
O encanto foi imediato. A empatia que o acometeu ao olhar para ela foi absolutamente fora de série. E tudo o que sentia antes, só veio a crescer e tornar-se no que é hoje, um sentimento de paixão, de carinho, ternura, companheirismo.
As estradas um dia opostas, bifurcaram-se como que por um acaso, simplesmente pelo fato de um convite para uma festa ter sido aceito.
Mal sabiam que dali, sairia um grande conforto para os dois. Dali, floresceria uma relação que seria perfeita, em todos os sentidos da palavra. Teria compreensão de ambos, o carinho, a atenção, os sentimentos relacionados e interligados, a sintonia no pensar, no agir, no falar. No tocar. O encaixe dos beijos e dos abraços. No dar as mãos, via-se claramente a conexão entre os dois.
Mesmo o convite tendo sido aceito, algumas outras barreiras precisaram ser transpostas, quebradas. Alguns relacionamentos por parte de cada um precisavam ser vivenciadoa para que pudessem começar o deles.
Ela, ávida em em suas decisões, flertou com o que seria um namoro. Mas durou pouco tempo. O suficiente para ser lembrado para sempre, mas pouco para ter significado alguma coisa. Uma lição desse relacionamento velocista foi tirada, e ela a carrega consigo até hoje. Muitas vezes, a impestuosidade do impulso traz resultados estranhos. Foi o que ela aprendeu.
Por outro lado, ele não flertou com relações sérias, continuo vivendo despreocuapdo, sem prende-ser sentimentalmente a ninguém. Seu coração estava reservado a tempos, oito meses praticamente. Apenas esperando o destino encontrar a hora exata para acontecer.
E em mais uma festa, esse momento aconteceu. Uma conversa de uma hora definiu o que seria a relação deles, e do auge de sua insanidade mental, ele disse as palavras que definiriam e marcariam a vida deles: "Do caralho."
Nada expressa uma situação melhor que um palavreado. Ainda mais quando a situação envolvia os dois. E o começo da vida à dois para eles.
A palavra exclusividade ganhou outro sentido. Outra denotação. Tudo passou a significar algo para eles, e todo o resto não importava. Criaram um mundo próprio. Não de fantasia. Isso não era a intenção deles. Viveriam embasados na realidade, nos sentimentos, na verdade, nas ações e nos gestos sinceros.
'A sinceridade acima de tudo', seria o lema de ambos. E eles dizem que tem dado certo.
Cada dia que passa, quebram mais paradigmas. Não são todos que conseguem seguir essa máxima pessoal, ser sincero independente da situação. Mas eles são assim. Indecifráveis para o mundo e totalmente abertos, um para o outro.
Os dias foram passando, as visitas aumentando, junto aos sentimentos e saudades dos momentos em que não estavam juntos.
Até que em um fatídico dia, ela o pediu em namoro. Em meio a uma troca de beijos e abraços fervorosos. Não teve meias palavras, meios termos, meio-nada. Foi direto. Reto. Inesperado e maravilhoso.
E uma quebra de paradigma foi feita. Ela, foi quem o pediu em namoro, e ele, sem ao menos pensar, refletir o que tinha acontecido, aceitou no ápice do momento.
Sem medo. Dúvidas. Sem querer explicações. Ele queria isso. Tinha pensado nisso. Mas não sabia o que ela pensava. O que queria. Se estava em sintonia.
Foi a melhor surpresa que ele poderia ter ganhado. O início de um namoro com a menina que não saía de sua cabeça há tempos. Há meses, rondava seus pensamentos e memórias. Seus sonhos e seus olhares corridos pelas palavras nos e-mails, no blog.
Agora, o que o tempo reserva para eles, aos poucos vão descobrindo juntos, de braços dados e mãos abertas.
Aventurando-se em algo novo para ambos.
Assustador? Não.
Nada os assusta quanto ao que sentem e pensam. São iguais os raciocínios. Os pensamentos, os sentimentos. As idéias e ideais.
Cada mais se adoram, e cada dia distante um do outro pensam nos momentos em que estavam juntos e sabem, que em breve, estarão juntos mais uma vez. Como se fosse a primeira vez. Todas as vezes. Sempre em vezes.
O futuro é o que eles têm, e o presente, é o melhor que eles jamais poderiam imaginar.
(...)
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
A filosofia no dia de trabalho
Até nos mais infames momentos de um dia de labuta, surge algo que é digno de ser exibido ao mundo.
Em um papo de msn que acabou de acontecer - agora são 16:55 - minha amiga bruna fez a seguinte pergunta:
- Meu, porque as pessoas são complicadas?
E como de praxe, eu respondi com uma frase vã-filosófica, que é esta:
- Porque é da natureza humana criar obstáculos e dificuldades. assim elas não precisam culpar a si mesmas pelos fracassos e derrotas acumulados durante a vida.
Até nos dias mais tediosos e ermos, conjecturas sobre a vida são feitas. E provam ter algum sentido. Mesmo que em um curto espaço de tempo.
Em um papo de msn que acabou de acontecer - agora são 16:55 - minha amiga bruna fez a seguinte pergunta:
- Meu, porque as pessoas são complicadas?
E como de praxe, eu respondi com uma frase vã-filosófica, que é esta:
- Porque é da natureza humana criar obstáculos e dificuldades. assim elas não precisam culpar a si mesmas pelos fracassos e derrotas acumulados durante a vida.
Até nos dias mais tediosos e ermos, conjecturas sobre a vida são feitas. E provam ter algum sentido. Mesmo que em um curto espaço de tempo.
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Espetáculo de tolos V
Mais uma observação vã e senil sobre a vida.
Você sabe o que é a vida?
A vida é um interminável grito agonizante de feridas incuráveis, expostas ao sol escaldante.
Você sabe o que é a vida?
A vida é um interminável grito agonizante de feridas incuráveis, expostas ao sol escaldante.
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
O cursor do software me dá aflição
Não existe nada mais irritante do que a intermitência do cursor no documento em branco do Word / Bloco de Notas / Wordpad. Espero que entendam o sentido correto.
Eu me refiro à irritabilidade do cursor não por ser irritante, propriamente dito, mas por ele representar o vazio cerebral, a síncope das idéias. O completo vácuo que na caixa craniana alguns segundos - ou minutos dependendo do caso, antes de começar a discorrer sobre algum assunto ou alguma coisa que aflige a pessoa.
Esse cursor, pra mim particularmente, pode ter muitos significados.
Ele implica na falta de idéias, claro. Não seria diferente. Eu vivo de ter idéias, e ocasionalmente a falta delas é inevitável. Ele representa o pensamento antes de concatenar a idéia. O processo de logística que forma a idéia.
Pode ser também nada. Apenas ter aberto um documento novo e ter deixado ele lá, sem mexer, esquecido, inutilizado. Absurdo isso ocorrer, mas ocasionalmente ele também deve sentir-se solitário, afinal, não tem ninguém que faça companhia pra ele, ainda mais se for o Bloco de Notas.
Será que pode representar isso também? A solidão do cursor. Ele estar fadado a nunca ter uma companheira ao seu lado. Alguém com quem compartilhar os medos, as aflições, as alegrias de correr de um lado para o outro e para cima e para baixo com os toques rápidos e agéis dos dedos do digitador / trabalhador / desempregado / usuário / programador e por aí vai.
Eu não gostaria de encontrar-me na pele desse(a) cursor.
Talvez seja por isso que penso nessas possibilidades. Por não querer estar, posso refletir sobre como seria a vida / existência dele(a).
Para mim, o(a) cursor ainda continua me afligindo. Me dando uma sensação incômoda de falta de criatividade, e quisá represente a minha incapacidade produtiva.
Mas todas as sensações logo são postas à prova no momento em que vejo-o(a) correr pelo software de texto. Da esquerda para a direita, e de cima para baixo.
Eu me refiro à irritabilidade do cursor não por ser irritante, propriamente dito, mas por ele representar o vazio cerebral, a síncope das idéias. O completo vácuo que na caixa craniana alguns segundos - ou minutos dependendo do caso, antes de começar a discorrer sobre algum assunto ou alguma coisa que aflige a pessoa.
Esse cursor, pra mim particularmente, pode ter muitos significados.
Ele implica na falta de idéias, claro. Não seria diferente. Eu vivo de ter idéias, e ocasionalmente a falta delas é inevitável. Ele representa o pensamento antes de concatenar a idéia. O processo de logística que forma a idéia.
Pode ser também nada. Apenas ter aberto um documento novo e ter deixado ele lá, sem mexer, esquecido, inutilizado. Absurdo isso ocorrer, mas ocasionalmente ele também deve sentir-se solitário, afinal, não tem ninguém que faça companhia pra ele, ainda mais se for o Bloco de Notas.
Será que pode representar isso também? A solidão do cursor. Ele estar fadado a nunca ter uma companheira ao seu lado. Alguém com quem compartilhar os medos, as aflições, as alegrias de correr de um lado para o outro e para cima e para baixo com os toques rápidos e agéis dos dedos do digitador / trabalhador / desempregado / usuário / programador e por aí vai.
Eu não gostaria de encontrar-me na pele desse(a) cursor.
Talvez seja por isso que penso nessas possibilidades. Por não querer estar, posso refletir sobre como seria a vida / existência dele(a).
Para mim, o(a) cursor ainda continua me afligindo. Me dando uma sensação incômoda de falta de criatividade, e quisá represente a minha incapacidade produtiva.
Mas todas as sensações logo são postas à prova no momento em que vejo-o(a) correr pelo software de texto. Da esquerda para a direita, e de cima para baixo.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Um "estilo de vida" para poucos
São exatamente 16:19h de uma terça-feira nublada / fria / insólita do mês de Setembro, no ano de 2008. Ocasionalmente o relógio continuaria a tic-taquear e foi exatamente o que aconteceu. Um minuto se passou numa fração de 60 segundos.
Mas não estou aqui para falar das infindáveis horas e seus intermináveis e intransigentes minutos. Vim para falar sobre outra cousa. Uma cousa que nos assombra constantemente, nos persegue e por muitas vezes, acaba nos vencendo e temos que ceder.
Ao começar este texto, imaginei quantas pessoas estariam dormindo naquele exato momento, às 16:19h. Indaguei-me isso porque o sono tinha voltado a me incomodar mais uma vez, como tem sido frequente nos últimos quinze ou vinte dias, já nem sei mais. Acabei por perder as contas.
Agora pense que maravilhoso seria estar dormindo, no recanto do seu lar, com um dia desanimador e gélido como este.
Visualize esta cena.
Você, embaixo de um cobertor, edredom - o que for de sua preferência, assistindo um filme deveras interessante e muito assaz. Comendo uma pipoca - afinal filme clama por uma pipoca, e tomando um guaraná ou uma coca. Sou publicitário, então as referências fazem parte.
Nada mais acalentador do que essa cena, não é mesmo?
Sei que eu gostaria de ser o personagem desta cena que acabo por descrever-vos. No entanto, todavia, entretudo, estou ganhando o meu salário, digno e nem tanto suado, devido ao tempo.
Não reclamo de estar no trabalho, muito pelo contrário. Valorizo ainda mais os momentos que tenho para descansar, exceto por estes quinze ou vinte dias que tenho dormido pouco.
O sono dos justos, como dizem, para mim é perda de tempo.
Não é porque a sua pessoa, em toda a sua magnificência e complacência está aproveitando o 'sono de beleza' que o mundo irá parar, e esperar você acordar para voltar a girar no seu eixo e transcorrer mais um dia na sua vida terrestre.
Cada minuto que você dorme, deixou de aprender ou se inteirar sobre alguma coisa.
Cada segundo que você passa sem absorver informação, está um passo atrás de seus concorrentes, competidores. Até mesmo daquele seu amigo que vive acordo, alimentando o organismo de energéticos e suplementos vitamínicos.
No momento, estou com vinte e dois anos. Muito bem vividos, devo ressaltar e começando a trilhar a minha infame / iluminada escolha profissional. E posso dizer que desde que comecei, tenho dormido pouco, mas com propósito.
O propósito de conhecer meus limites, saber até onde eu sou capaz de ir para alcançar meu objetivos. Qual é o ponto fraco do meu organismo e o que fazer para suprir a sua fragilidade.
Uma vez, disseram-me que "dormir é perda de tempo". E continuo a cada dia mais, corroborando essa idéia. Absurda a princípio, mas factível quando você começa a trilhá-la.
Eu sei que todos que lerem este texto irão taxar-me de problemático / louco / desvairado e dizer que não preocupe-me com a meu próprio bem estar e minha saúde.
Mas a estes que pensarem e disserem tais palavras, digo-lhes agora:
Não é para qualquer um este tipo de vida.
Mas não estou aqui para falar das infindáveis horas e seus intermináveis e intransigentes minutos. Vim para falar sobre outra cousa. Uma cousa que nos assombra constantemente, nos persegue e por muitas vezes, acaba nos vencendo e temos que ceder.
Ao começar este texto, imaginei quantas pessoas estariam dormindo naquele exato momento, às 16:19h. Indaguei-me isso porque o sono tinha voltado a me incomodar mais uma vez, como tem sido frequente nos últimos quinze ou vinte dias, já nem sei mais. Acabei por perder as contas.
Agora pense que maravilhoso seria estar dormindo, no recanto do seu lar, com um dia desanimador e gélido como este.
Visualize esta cena.
Você, embaixo de um cobertor, edredom - o que for de sua preferência, assistindo um filme deveras interessante e muito assaz. Comendo uma pipoca - afinal filme clama por uma pipoca, e tomando um guaraná ou uma coca. Sou publicitário, então as referências fazem parte.
Nada mais acalentador do que essa cena, não é mesmo?
Sei que eu gostaria de ser o personagem desta cena que acabo por descrever-vos. No entanto, todavia, entretudo, estou ganhando o meu salário, digno e nem tanto suado, devido ao tempo.
Não reclamo de estar no trabalho, muito pelo contrário. Valorizo ainda mais os momentos que tenho para descansar, exceto por estes quinze ou vinte dias que tenho dormido pouco.
O sono dos justos, como dizem, para mim é perda de tempo.
Não é porque a sua pessoa, em toda a sua magnificência e complacência está aproveitando o 'sono de beleza' que o mundo irá parar, e esperar você acordar para voltar a girar no seu eixo e transcorrer mais um dia na sua vida terrestre.
Cada minuto que você dorme, deixou de aprender ou se inteirar sobre alguma coisa.
Cada segundo que você passa sem absorver informação, está um passo atrás de seus concorrentes, competidores. Até mesmo daquele seu amigo que vive acordo, alimentando o organismo de energéticos e suplementos vitamínicos.
No momento, estou com vinte e dois anos. Muito bem vividos, devo ressaltar e começando a trilhar a minha infame / iluminada escolha profissional. E posso dizer que desde que comecei, tenho dormido pouco, mas com propósito.
O propósito de conhecer meus limites, saber até onde eu sou capaz de ir para alcançar meu objetivos. Qual é o ponto fraco do meu organismo e o que fazer para suprir a sua fragilidade.
Uma vez, disseram-me que "dormir é perda de tempo". E continuo a cada dia mais, corroborando essa idéia. Absurda a princípio, mas factível quando você começa a trilhá-la.
Eu sei que todos que lerem este texto irão taxar-me de problemático / louco / desvairado e dizer que não preocupe-me com a meu próprio bem estar e minha saúde.
Mas a estes que pensarem e disserem tais palavras, digo-lhes agora:
Não é para qualquer um este tipo de vida.
domingo, 14 de setembro de 2008
The wealthy mind of a tramp
"
That's all any of us are. Amateurs.
We don't live long enough to be anything else.
"
Mr. Calvero
Limelight
That's all any of us are. Amateurs.
We don't live long enough to be anything else.
"
Mr. Calvero
Limelight
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
A proposta(indecente) de ontem
Ontem, recebi a proposta mais indecente de toda a minha vida.
Na realidade, queria eu ter feito-a, mas não vejo problema nenhum no ocorrido, afinal a relação na qual estou vive quebrando paradigmas.
Este foi só mais um de muitos outros que estão esperando ansiosamente por serem quebrados.
Não arrependo-me de ter sido o lado oposto que fez a proposta.
E como bobo, não sou, aceitei sem refletir ou pensar a respeito.
Na realidade, queria eu ter feito-a, mas não vejo problema nenhum no ocorrido, afinal a relação na qual estou vive quebrando paradigmas.
Este foi só mais um de muitos outros que estão esperando ansiosamente por serem quebrados.
Não arrependo-me de ter sido o lado oposto que fez a proposta.
E como bobo, não sou, aceitei sem refletir ou pensar a respeito.
A sinceridade é dúbia?
Em algumas ocasiões, penso se os outros entendem o que digo de maneira errônea.
Mas após uma breve reflexão, dou-me conta que não.
Eles entendem corretamente.
O único problema é que levam muito a sério.
Mas após uma breve reflexão, dou-me conta que não.
Eles entendem corretamente.
O único problema é que levam muito a sério.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Espetáculo de tolos IV
Mais uma observação agro e senil sobre a nossa pífia existência.
Você sabe o que é a vida?
A vida é o pináculo do sofrimento envolto em plumas e tangente à um abissal mau agouro.
Você sabe o que é a vida?
A vida é o pináculo do sofrimento envolto em plumas e tangente à um abissal mau agouro.
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