terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Intitulável

mente inquieta
arte na pele
risos no ar
imã de loucura
asas sem voar

feridas expostas
esperanças impostas
restos de vida
nada contra a correnteza
amor incalculável
natureza irrefreável
delicadeza na flor
ardor nos espinhos

mestre dos disfarces
orfão do acaso
liberdade em cheque
esposa do espaço
restos do começo
outrora esmaecida

languidez dos fios
olhos em brasa
verdades livres
erros passantes
retornos estranhos
respostas inesperadas
águas de dúvida



Meu, para o mundo.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Faltam as Palavras

tem sempre um dia na vida que as palavras faltam.

faltam por serem apenas palavras e pelo significado incrustado nelas seja meramente insignificante a ponto de poder ser usado para determinar um instante, para exprimir um sentimento, uma vontade, um desejo. Uma ânsia. Aquela de viver. não alucinado. não. aquela de buscar o que crê ser possível conquistar. aquela ânsia que dá borboletas no estômago e desperta a faceta ambiciosa adormecida dentro de cada um de nós.

as palavras faltam quando mais são necessárias.

faltam naquele momento que você precisa laurear alguém, consolar um amigo por uma perda grave, que vai transformar a vida dele, sendo que o caminho da perda é cumprido e demora a sua regeneração. faltam as palavras naqueles momentos de felicidade, de êxtase. falta a palavra que dá vida ao grito guardado e acorrentado no mais profundo canto da alma. faltam as palavras para dizer o quanto certa pessoa é importante, inclusive, este momento, mesmo que se tenha as palavras que achas certas, o medo e a incerteza da receptividade calam as palavras, sem saber se aquele momento seria o único para tal intenção.

faltam as palavras em muitos momentos.

quando pensa-se que o xingamento é a única forma de expressão válida. quando passa-se por uma situação de stress que culmina em ira, depois de ter aguentado afrontamentos, apontadas de dedo, humilhação e ser taxado de algo que de fato não o é.

faltam as palavras cada vez mais.

para divulgar as verdades que as pessoas têm medo de dizer. para calar os opressores e denunciar os corruptos.

faltam as palavras certas para os momentos oportunos.

para valorizar os seus direitos e lutar pelos direitos de quem precisa de apoio, de um braço amigo e de um ombro irmão.

faltam as palavras para defender os ideais.

ideais que outros deram suas vidas para defender e que hoje são esquecidos pelo comodismo, pela facilitude com que a vida proporciona as regalias, entrega as dificuldades prontas e de mão beijada, exigindo pouco do potencial de cada um, pouco do que realmente dignificaria o homem.

faltam as palavras de ordem e progresso.

estampadas na bandeira de um país que tem tudo para ser o futuro, para ser uma potência, e é visto a olhos estrangeiros como um país de terceiro mundo, sub desenvolvido e subserviente, por mais que um gorducho rechonchudo vá na TV e dê mãos e sorrisos para presidentes, coordenadores, conselheiros e o escambau a quatro.

faltam as palavras.

e sempre faltarão.



Meu, para o mundo.