segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Sete Revolucionários, Destituídos

Estavam os Sete, há já vários anos brigando com o maior inimigo da atualiadade, os Estados Unidos da América.

Começaram a história todos jovens, com seus 18, 19 anos, e agora, quase Trintões, não sabem como devem agir, nem mesmo o que pode ser feito em prol da causa, se é que ela ainda pode ser chamada assim, visto que poucos são os que realmente demonstram interesse pela mesma.

A indiferença é palpável entre os integrantes da milícia, que está mais para uma quadrilha de interesses, ou como um dos próprios diz, um grupo de socialistas de cervejada.

O que não fazem alguns poucos para ter uma injeção de adrenalina na adolescência.

Entraram aonde nem mesmo tinham condições de bater de frente, mas tudo para irem contra os padrões e peitarem a maior nação do mundo pós-moderno.

Juvenis. Reles juvenis, que agora crescidos, não sabem para onde correr.

Voltar para o colo da mãe ninguém quer, seria muito pouco maduro e nada revolucionário da partes dos Sete. Todos com um espírito socialista tão avivido em seus corações e mentes que mal perceberam a dissolução dos sentimentos um para com o outro no passar dos anos.

Entre uma discussão aqui e outra acolá, uma dose de Cuba Libre, a bebida pela qual os pseudo revolucionários lutam pelos direitos contra os Cinquenta Estados da bandeira listrada de branco e vermelho, para reavivar os ânimos e esconder as emoções.

- Revolucionários não amam. Não é o que dizem?

Vestem com honra e sentem-se verdadeiros nobres da resistência em empunhar em seus peitos camisetas vermelhas com a famosa imagem de Che Guevara, pintada em preto, o símbolo divino dos revolucionários e simpatizantes.

Por alguns momentos, eles até pensam em prosseguir, em serem dignos e manter o compromisso que assumiram anos atrás, no tempo em que o que valiam eram os Ideais. Um tempo de glórias passageiras, mas relevantes para a formação de cada um. Um tempo que não volta, e que eles, só agora, notaram que está num horizonte longínquo e nebuloso.

Eles estão em crise, entre si e com si próprio.

Cada um preso à sua vida particular sem privacidade e não podem contar com a compaixão do próximo, já que esse também não tem forças suficientes para encarar o mundo e dar a cara à tapa, como fizera antes, no ápice da rigidez moral.

Dentre uma morte que abala o grupo como um todo, dado que a Sra. R. era íntima de todos, e fazia as vezes de fixador para o grupo, seria extremamente difícil recolherem os estilhaços deixados pelo caminho, erguer a cabeça, em desolação, e seguirem em frente, combalidos pelos corações copiosos de choro e sem mais gana de trilhar o caminho dos Ideais.

O bar, pelo qual tanto lutarem para manter aberto vê-se abalado com a chegada inoportuna de um dos integrantes da frente revolucionária Cuba Libre, que estava instalado há vários anos no coração de uma das 50 estrelas da bandeira listrada.

Sem comover seus colegas com as palavras concisas e brandas e seu olhar de solitude, mesmo rodeado dos amigos, contou passagens de sua Via Crucis para chegar à nação da Ordem e do Progresso - que enalta e estampa com altivez em sua bandeira amarelo canário e verde atlântico.

Desacreditados na vitória e confiantes no óbvio fracasso, foram surpreendidos por uma ligação que, de maneira fugaz e objetiva, botou todos de quatro e queixo caído. A advogada das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, L. B., liga, surpreendentemente para trazer o melhor presente e no dia mais propício, 25 de Dezembro.

Encarregada de cuidar do processo, já que o E., o advogado do grupo foi deportado, cabeu a ela errendar a causa e usar seu expertise para virar o jogo e conceder os direitos da bebida ao seus reais donos, os cubanos que fugiram da revolução de 50 para o Brasil, em busca de paz e tranquilidade, para viverem seu amor.

L.B. saiu vitoriosa da batalha verborrágica, para triunfo e alegria dos idealistas. Com seus corações tranqulizados e os ânimos calmos, poderiam seguri em frente com suas vidas, idealísticas ou não, revolucionárias ou não, reais ou virtuais.

Quem sabe consigam, enfim, encarar seus conflitos de frente, sem ferir uns aos outros e reconhecer os problemas. Tomarem um rumo na vida, mesmo que seja o da abdicação dos ideais.

- Somos adultos complicados. - Proferiu o mais Perdido dos revolucioários, em um dia cinzento e chuvoso, no funeral da Sra. R.

Quem sabe seja isso o que faltava para eles.

Três palavras de imensa sabedoria, vindas de alguém que nunca teve fé depositada em si, e, que para aquele momento, nunca fez tanto sentido.

No fundo, somos todos idealistas. Somos todos revolucionários. Temos em cada um de nós, uma batalha a ser travada, independente do tamanho do inimigo.

Só é preciso admitir que em um mundo capitalista, é difícil manter ardente e viva a chama de um socialista dentro de si.

E que no final, o que queremos é ter alguém que nos carregue com dignidade para o jazido.





Interpretação da peça Cuba Libre