terça-feira, 30 de setembro de 2008

Ode à nós

Ele nunca soube explicar como, nem onde e muito menos o porque. Simplesmente aceitou aquela sensação acalentadora em seu peito. Era reconfortante. Uma serenidade inigualável. Nunca antes experimentada por ele.

A história era antiga. Um passado tinha existido antes deste reencontro final e agora mais perfeito e objetivo do que nunca. O que ficou para trás marcou-o profundamente, não por ter sido ruim. Longe disso. Mas justamente por tê-lo feito feliz em algumas trocas de saliva e cruzar de braços às costas.

Ela era muito pra ele no momento. Sempre o foi. E mesmo agora, continua sendo tudo além do que ele merece. E assim sendo-a, ele busca agradá-la em todos os sentidos, embora ela muitas vezes dizendo que não é necessário. Mas ele pensa: "Ela é perfeita! Tem todas as qualidades e os defeitos que tornam ela justamente a síntese dessa palavra. Não tem sentido não esforçar-me para fazê-la feliz."

O tempo passou e o passado só vem a confirmar o que ele havia dito à ela um ano atrás.

Não foi olho no olho, cara a cara. Ele tinha vergonha de expressar-se na época, então as maiores e mais lindas declarações de amor eram postas em letras digitais, que iam tomando forma com o metralhar de dedos nas teclas empoeiradas e já desgastadas pelo tempo e uso frenético de suas mãos.

As cartas virtuais nunca foram lidas por ninguém, nem mesmo por ela, a dona de seu coração e musa inspiradora de tais parágrafos.

O dia iria chegar e tais contrações de letras teriam um sentido maior do que na época. Mais transcendente. Seriam verdade. Além do absolutismo e do próprio entedimento dele.

Ansiosamente, ele reclusou-se e esperou. E esperou. Sem preocupar-se. No fundo, algo tinha mudado para ele. As cores tinham tomado novas formas, a simplicidade que ela tinha no olhar, nos gestos. Tudo afetou. Tudo parecia certo. Mas não no tempo certo. A hora era errada. Os destinos tinham pregado uma peça. E não fora das boas.

A desolação foi instantânea ao ler as seguintes palavras: "mas me PROMETE que não vai mais esperar nada de mim? que se confiar em mim e nas coisas como devem ser tudo vai ser melhor? eu só quero melhor, sempre. só te peço isso ... "
Nada foi mais lúgubre do que ter de ler isto. Era a verdade. incontestável como nunca fora. Coesa. Correta. Absoluta. E quisá desmantelada.

Muito entre este espaço de tempo que seguiu-se aconteceu.

A desilusão foi forte pra ele. O sentido não foi perdido, mas por um lado, deixou de ter a coerência de antes. Quando a sentia, ela estava ao seu lado, trocando olhares de beijos. Carícias e abraços.

Ela seguiu seu rumo. Encenando a vida dela em cada passo. Em cada olhar e palavra expressada. Em cada sorriso e abraço proferido. Uma atriz da vida.
Isso ela sempre foi, e continuo sendo. Uma das melhores pra ele. Na interpretação da vida. Na atuação da realidade.

Ela não mente, engana. De dissimulada, nada tem. Só quando o personagem exige isso dela.

Sempre boas com as palavras, cada sentença que dizia à ele era uma flecha fincada na tábua do alvo em seu coração. Algumas boas, outras nem tanto, mas na média geral, destacava-se por conquistá-lo sempre. Todos os dias. O tempo inteiro. Mesmo nesse hiáto relacional. Em que cada um prosseguiu em caminho oposto, mas com as estradas em paralelo.

"Os caminhos ainda vão se cruzar.", ele disse para ela uma vez. E acreditou piamente nisso. Cego, resoluto. Tranquilo, sem pressa. Havia de chegar o dia. Nunca pensou o contrário, nem por um segundo.

O encanto foi imediato. A empatia que o acometeu ao olhar para ela foi absolutamente fora de série. E tudo o que sentia antes, só veio a crescer e tornar-se no que é hoje, um sentimento de paixão, de carinho, ternura, companheirismo.

As estradas um dia opostas, bifurcaram-se como que por um acaso, simplesmente pelo fato de um convite para uma festa ter sido aceito.

Mal sabiam que dali, sairia um grande conforto para os dois. Dali, floresceria uma relação que seria perfeita, em todos os sentidos da palavra. Teria compreensão de ambos, o carinho, a atenção, os sentimentos relacionados e interligados, a sintonia no pensar, no agir, no falar. No tocar. O encaixe dos beijos e dos abraços. No dar as mãos, via-se claramente a conexão entre os dois.

Mesmo o convite tendo sido aceito, algumas outras barreiras precisaram ser transpostas, quebradas. Alguns relacionamentos por parte de cada um precisavam ser vivenciadoa para que pudessem começar o deles.

Ela, ávida em em suas decisões, flertou com o que seria um namoro. Mas durou pouco tempo. O suficiente para ser lembrado para sempre, mas pouco para ter significado alguma coisa. Uma lição desse relacionamento velocista foi tirada, e ela a carrega consigo até hoje. Muitas vezes, a impestuosidade do impulso traz resultados estranhos. Foi o que ela aprendeu.

Por outro lado, ele não flertou com relações sérias, continuo vivendo despreocuapdo, sem prende-ser sentimentalmente a ninguém. Seu coração estava reservado a tempos, oito meses praticamente. Apenas esperando o destino encontrar a hora exata para acontecer.

E em mais uma festa, esse momento aconteceu. Uma conversa de uma hora definiu o que seria a relação deles, e do auge de sua insanidade mental, ele disse as palavras que definiriam e marcariam a vida deles: "Do caralho."
Nada expressa uma situação melhor que um palavreado. Ainda mais quando a situação envolvia os dois. E o começo da vida à dois para eles.

A palavra exclusividade ganhou outro sentido. Outra denotação. Tudo passou a significar algo para eles, e todo o resto não importava. Criaram um mundo próprio. Não de fantasia. Isso não era a intenção deles. Viveriam embasados na realidade, nos sentimentos, na verdade, nas ações e nos gestos sinceros.

'A sinceridade acima de tudo', seria o lema de ambos. E eles dizem que tem dado certo.

Cada dia que passa, quebram mais paradigmas. Não são todos que conseguem seguir essa máxima pessoal, ser sincero independente da situação. Mas eles são assim. Indecifráveis para o mundo e totalmente abertos, um para o outro.

Os dias foram passando, as visitas aumentando, junto aos sentimentos e saudades dos momentos em que não estavam juntos.

Até que em um fatídico dia, ela o pediu em namoro. Em meio a uma troca de beijos e abraços fervorosos. Não teve meias palavras, meios termos, meio-nada. Foi direto. Reto. Inesperado e maravilhoso.
E uma quebra de paradigma foi feita. Ela, foi quem o pediu em namoro, e ele, sem ao menos pensar, refletir o que tinha acontecido, aceitou no ápice do momento.

Sem medo. Dúvidas. Sem querer explicações. Ele queria isso. Tinha pensado nisso. Mas não sabia o que ela pensava. O que queria. Se estava em sintonia.

Foi a melhor surpresa que ele poderia ter ganhado. O início de um namoro com a menina que não saía de sua cabeça há tempos. Há meses, rondava seus pensamentos e memórias. Seus sonhos e seus olhares corridos pelas palavras nos e-mails, no blog.

Agora, o que o tempo reserva para eles, aos poucos vão descobrindo juntos, de braços dados e mãos abertas.

Aventurando-se em algo novo para ambos.

Assustador? Não.
Nada os assusta quanto ao que sentem e pensam. São iguais os raciocínios. Os pensamentos, os sentimentos. As idéias e ideais.

Cada mais se adoram, e cada dia distante um do outro pensam nos momentos em que estavam juntos e sabem, que em breve, estarão juntos mais uma vez. Como se fosse a primeira vez. Todas as vezes. Sempre em vezes.

O futuro é o que eles têm, e o presente, é o melhor que eles jamais poderiam imaginar.

(...)

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