quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O cursor do software me dá aflição

Não existe nada mais irritante do que a intermitência do cursor no documento em branco do Word / Bloco de Notas / Wordpad. Espero que entendam o sentido correto.

Eu me refiro à irritabilidade do cursor não por ser irritante, propriamente dito, mas por ele representar o vazio cerebral, a síncope das idéias. O completo vácuo que na caixa craniana alguns segundos - ou minutos dependendo do caso, antes de começar a discorrer sobre algum assunto ou alguma coisa que aflige a pessoa.

Esse cursor, pra mim particularmente, pode ter muitos significados.

Ele implica na falta de idéias, claro. Não seria diferente. Eu vivo de ter idéias, e ocasionalmente a falta delas é inevitável. Ele representa o pensamento antes de concatenar a idéia. O processo de logística que forma a idéia.

Pode ser também nada. Apenas ter aberto um documento novo e ter deixado ele lá, sem mexer, esquecido, inutilizado. Absurdo isso ocorrer, mas ocasionalmente ele também deve sentir-se solitário, afinal, não tem ninguém que faça companhia pra ele, ainda mais se for o Bloco de Notas.

Será que pode representar isso também? A solidão do cursor. Ele estar fadado a nunca ter uma companheira ao seu lado. Alguém com quem compartilhar os medos, as aflições, as alegrias de correr de um lado para o outro e para cima e para baixo com os toques rápidos e agéis dos dedos do digitador / trabalhador / desempregado / usuário / programador e por aí vai.

Eu não gostaria de encontrar-me na pele desse(a) cursor.

Talvez seja por isso que penso nessas possibilidades. Por não querer estar, posso refletir sobre como seria a vida / existência dele(a).

Para mim, o(a) cursor ainda continua me afligindo. Me dando uma sensação incômoda de falta de criatividade, e quisá represente a minha incapacidade produtiva.

Mas todas as sensações logo são postas à prova no momento em que vejo-o(a) correr pelo software de texto. Da esquerda para a direita, e de cima para baixo.

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