domingo, 28 de fevereiro de 2010

Do Sentado ao Choro para o Sono

E a janela clareou

Seus olhos se abriram

Para o mundo ver mais lindo


Revirou-se no sofá

Pegou o controle

E mudou de canal


Nada na programação matinal

Apenas o pensamento

Constante e sincero

Da saudade a repetir em loop


Uma saudade suntuosa

Cheia de camadas

E repleta de desníveis


Pôs-se sentado

De frente para o tubo de imagens

Faltou-lhe o ar nos pulmões


Agarrou-se ao remoto

E teclou números aleatórios

Sem nada que gostasse

Desligou a televisão


Reuniu forças pra levantar

Mas seu corpo estava fraco

Perene, como se estivesse morto


Seu pensamento viajou mais um pouco

Glândulas começaram a processar a vida

Serrou os olhos por um momento


Tempo suficiente para que a primeira

Começasse a descer a ladeira da epiderme.


Soluçou como uma criança

Copiosamente e sem guarda


O escudo tinha se quebrado

O coração estava confuso

Profusamente saudosista


Recolheu suas pernas para cima

Jogou a manta sobre seu corpo

Serrou os olhos lagrimais

E entregou-se a Morfeu

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Existencialismo da Brancura

Espere chegar aos céus e ver o que ele tem de bom e de melhor.

No meio do caminho, não esqueça de apreciar as nuvens em toda sua complexidade, suas formas descontruídas que abismam os terrestres e os entretem por horas em uma tarde ensolarada no parque, enquanto apontam para as construções incongruentes e disformes que revelam formatos conhecidos do senso comum incrustado em seus cérebros.

Toque os fenos plumosos-consistência mole que remetem a sua infância adocicada e as infindáveis horas em que ficava perambulando pelos brinquedos, montanhas russas, teleféricos.

O céu é infinito. Disso não tenha dúvida. Sua imensidão jamais será medida. Raio e diâmetros são desconhecidos. A magia encontra-se exatamente no desconhecido. Esse sentimento antagônico de angústia e tranquilidade responsável por extasiar a cada dia um mundo de possibilidades proporcionadas por flocos gigantes e de massa indefinada.

Orgânica, espacial, transcendentalista. Supranatural, vital e primordial. Cimo dos povos e cúpula divisora com o resto do universo, que impede a observação da atmosfera.

Além da tela azul clara dos dias acalmantes, além da pintura cinzenta dos dias nebulosos e instigantes, além da tela azul escura das noites quentes e secas que despertam os mortais de vidas monótonas e convida-os a aproveitar a vida sob uma pincelada de profusão curiosa, além da tela azul que abraça os sonhos dos inertes e mumificados pelos lençóis-cobertores-edredons. Além culminante da sabedoria popular, abriga mistérios e nuvens de incerteza.

O sincretismo eleva todos aos céus, atravessar as nuvens rumo ao desconhecido, rumo ao que a inteligência humana está aquém de poder compreender, medir e sentir em sua totalidade. Signficativamente, expressivamente, ludicamente.

Aguarde por mais longínquos anos.

O tempo vem para cada um no momento certo. Espreita pelas frestas das portas, por entre o concreto e a madeira do batente das portas de banheiros, de quartos, de cozinhas.

O tempo de concretização da caminhada pelos infinitos campos brancos. Pelas passadas almofadadas, pela fusão da pele com a matéria espessa e fofa. O entrelaçar das falanges com o algodão doce das alturas.

Resta muito pouco.

Ou talvez seu tempo terreno seja extenso e não se possa sequer ver o fim na linha do horizonte.

Devaneie sobre o inexplicável. Entregue-se ao descobrimento das figuras submersas na neve aérea. Deixe se levar pela maravilhosa sensação que envolve sua alma e acalenta seus olhos.

O céu está sempre brilhando.

Azul claro-escuro-cinza-neón-nuvem-céu-fofo-suave.

Erga as mãos e sinta a leveza das espumas brancas na palma de sua mão.

Perca-se na imensidão dos pensamentos, esqueça os bens materiais, as roupas, seu carro, sua moto, seu apartamento, seu computador, sua televisão, suas mídias sociais, seu dinheiro. Entregue-os. De corpo e alma. Sem recear o futuro-momento turvo.

Abra os braços e o coração. Experimente. Frequente esse lugar sempre que quiser.

Feche os olhos e meça o peso na palma de sua mão. Meça o que realmente importa.

O céu está está livre para admiração de todos.

Crentes, descrentes, agnósticos, budistas, xintoístas, taoístas, católicos, judeus, muçulmanos, hindus, evangélicos, protestantes ou indiferentes. Desacreditados e idealistas. Trabalhadores e artistas. Músicos e letristas. Literários e mestrados. Graduados e analfabetos.

A apreciação vem do coração, e para isso, as leis dos homens não importa. Apenas o sentimento comanda. Quem dita as leis e escrevre-as é a sensação, o olhar, a percepção, a emoção.

Liberte-se das amarras do senso comum e desperte para o infinito.

Para o improvável, o irremediável, o inevitável, o incrível.

O céu está muito próximo de estar longe do toque dos dedos.

Ele está para todos que quiserem.

E para todos que quererem.

Todos. E para nenhum.

Céu anis-cinza-azul-chuvoso-pardo-poente-expoente-no horizonte sem fim.


Meu, para o mundo

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Uniformidade Carnavalesca

Pare e pense na Imunização

Irracional e Racional


Apenas Os Orixás sabem dizer

E declarar que está por vir

A sua Anunciação


O belo da vida é

Saber Que Beleza não se

Acha em qualquer lugar

Mas sim numa
Conversa de Botas Batidas


Pergunte ao Moço e o Velho

O que eles acham da

Metamorfose Ambulante


Não passa de uma Janta

Em comunhão com os amigos

E saber que Tudo Passa

Mesmo Quando O Sol Bater na Sua Janela


Lembrem-se que todos pode ser Filho Maravilha

E habitar junto do sultão

No castelo de ouro

Que é o Taj Mahal


E o que se espera é encontrar

A Coisinha Do Pai,

Que pode ser

A sua Menina Bordada.



Meu, para o mundo

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Atenuante

Aparentemente
O atenuante é
Meramente
Um desestimulante.

Substancialmente
Letárgico torna
Quem o deglutine
Alienado e inerente.

Solução proposta
De tantas outras
Expostas em respostas
Apenas jogadas
Na sarjeta da lajota.


Meu, para o mundo