sábado, 30 de agosto de 2008

Você que, eu, mais quero

Quero por um dia inteiro, não por algumas horas contadas e apressadas pelo relógio que não dá um milésimo de descanso sequer.

Quero o seu corpo junto ao meu, fundido, coligado. Como liga metálica.

Quero seus lábios na minha estante, em um pote, ao lado dos livros que você deixou em casa e entre - o abajour que ilumina as nossas noites e os cds do John Mayer - sempre que quiser beijá-la e você não estiver comigo.

Quero suas mãos coladas com as minhas, formando uma só unidade e um só sentimento.

Quero sentir você por completo, sem dar vazão a reavaliações e pensamentos distantes.

Quero tudo ao mesmo tempo e nada em um intervalo junto à você.

Quero seus pensamentos, seus gestos, suas críticas, suas risadas, seus olhares compenetrantes e envolvetes, seus dedos longos e quentes, sua pele macia e sedosa.

Quero estar sempre ao teu lado e mesmo assim sentir saudades.

Quero as complicações, as minhas e as suas e as nossas.

Quero a nossa felicidade junto com à anseios e desejos, carnais e sentimentais.

Quero tudo.

Quero tudo e mais um pouco e o que sobrar também.

Quero que nada sobre e que tenhamos tudo.

Quero você comigo.

Quero eu estar vivendo um sonho real e ter um anjo magnífico vivendo essa fantasia comigo.

Quero acordar e dizer ao pé do seu ouvido:

- Bom dia para mais um dia.

Quero.

Quero e tenho.

Quero, tenho e falta pouco para ser tudo.

Quero-te.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A efervência dos sentimentos

Seus olhos na minha mão, focados nos traços cometidos pelas falanges.
Sua mão tocando as minhas veias saltadas, resultado do fluxo sanguíneo que por elas passam e uma tentativa pífia de academia.

Os dedos já calejados pelo tempo, pelas teclas pressionadas durante os últimos oito anos desde que fora inserido no meio digital, ou pelo menos apresentado ao Bloco de Notas do Windons.

Os braços longos e esguios, largados ao vento, fixados ao corpo por ligamento já velhos e desgastados pelos verões e invernos mal tratantes.

O velho cigarro amassado na orelha, torto, dilacerado e com fissuras expondo as entranhas do tabaco para quem estivesse passando, poder ver a decadiencia que aquele fino canudo de seda enrolada significava, tanto no momento ambiente quanto ao interior do ser humano.

A aspirina efervecia no copo de chá a cada gole de café que era sorvido pelos lábios finos e opulentos da mulher mais recatada que estava no mezanino da cafeteria.

Minha cabeça latejava pulsante e doente a cada bobulhar de risos que eram exaltados no microambiente. Tentava concentrar-me em outra coisa.

Os olhos dela não eram tão compenetrantes e instangáveis como lembrava serem da primeira vez que recobri o seu rosto com minhas retinas.

Buscava no lugar mais profundo e insólito de minha alma, alguma razão para estar sentado, além de esperar a interminável dissolução da aspirina no fundo transparente daquele copo de chá amarelo ouro.

Acendi o cigarro cicatrizado pela vida e dei o mais intenso e longo trago de minha vida, esperando ter uma epífane enquanto o fazia, ou ao menos receber um sinal que me fizesse continuar ali.

A aspirina dissolvendo. Seus olhos esmorecendo a cada segundo transeunte.

O cigarro queimando incessantemente na minha boca e por entre meus dedos as cinzas do que fora um dia a nossa relação.

O chá particularizado do restante de aspirina estava pronto.

Sorvi tudo num único gole de adeus à nós.

Meus neurônios já sentiam o degringolar dar dor e sentiam-se vivos, reanimados e prontos para mais elaborar novas acepções sobre a vida.

Marretei o filtro do cigarro no cinzeiro e levantei-me perante ela.

Somente uma lágima verteu de tudo isso. A dos nossos corações unidos sobre a mesa, expostos aos passageiros das ruas, aos pedestres dos ônibus. Uma lágrima de sofridão e alívio temporário.

Parti com os dedos a minha metade do orgão vermelho da vida e costurei à metade ainda latente em meu peito, na expectativa de reavivá-lo.
Por um instante pensei ter conseguido, mas era ilusão. Já estava inválido e decrépito. Joga-lo-ia na caçamba de lixo mais próxima.

Aproximei meus lábios de seu rosto feito de plumas, toquei-lhe a face com os ossos expostos de meu rosto e parti.

Nada foi dito.

As palavras não preencheriam o espaço negro que havia entre nós.

Simplesmente, bastou a troca de olhares.

Tudo acabado. Finito. Done. Fim.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Apenas mais um copywriter

Agora são 3:15h da manhã. Ou da madrugada, nunca sei ao certo qual é a forma certa de dizer/escrever esse horário.

Nem preciso falar que eu, literalmente, não tenho uma vida normal. Bom, de normal ela não tem é nada. Só algumas constantes pra manter a rotina, tais como as ligações de minha mãe e de meu pai, algumas mensagens de texto de amigos, e uma vez por outra, minha vó resolve entrar na festa também.

Não me incomodo com os horários imprevisíveis, estranhos e exaustivos. Entrei justamente pra isso, pra não ter hora certa e estar cada mais mais engedrado na propaganda/publicidade. Fala à seu bel-prazer, como preferir.

Ultimamente o que mais ando ouvindo dos amigos não são recados de apoio ou comentários insatisfatórios a respeito de meu comportamento, minhas noites mal-dormidas, minha hora de almoço tardia.

Ninguém nunca tinha avisado vocês que vida de publicitário era insana?

Já disse no terceiro parágrafo e repito outra vez para corroborar o meu pensamento, não me importo com esse papo de "sair dentro do horário". No final do dia, o chefe de qualquer um vai reclamar a mesma coisa que o meu:
- Você já terminou? Não vai esquecer do prazo, senão tu me ferra. Já disse que você é um animal?

Minha vida é igual a de qualquer outro profissional. Mas tem um detalhe interessante.

Eu sou publicitário. E nós sempre estamos com o prazo vencido.

O suco e a busca

Sentia-se estranho ao acordar. Não sabia o que tinha acontecido no dia anterior, e mesmo assim bateu a poeira de seu pijama e pôs-se a ir até a cozinha tomar um copo de suco de laranja bem gelado, daqueles que vem em caixa Tetra-Pak.
Enquanto deliciava-se com o gosto ácido que tanto agradava-lhe, aproveitou para fazer um lanche, já que sequer recordava ter jantado no dia anterior.

Abriu e geladeira e deparou-se com um suntuoso pedaço de bolo. O aspecto já não era dos mais vigorosos aos olhos de ninguém, muito menos quando esse alguém tinha acordado fazia nem dez minutos.
Encarou por alguns segundos até ser indubitável que a validade daquele, que outrora fora um magnífico pedaço de bolo, havia expirado.

Obstinado em comer alguma coisa, vasculhou as prateleiras da geladeira com o mesmo empenho que tem-se ao fazer uma faxina no sotão, ou no porão. Começou a tirar potes de iogurte, bandejas com frios, pedaços de queijo ainda embalados. Na porta, foi apenas surpreendido por alguns ovos ainda naquela bandeja que os mesmos vêm quando os compra na mercearia e algumas latas de cerveja - ainda era cedo demais pra isso, pensou.

Voltou à tarefa e foi mais vigoroso ainda na procura pelo alimento. Tirou gavetas que nada tinham, além de míseras poças d'água, oriundas da base inferior que o refrigerador partilhava com o teto da geladeira.

Nada mais nas prateleiras, fora alguns sacos plásticos vazios, deixando ao léu sabe-se lá porque.

Notou que precisa urgente limpa aquele antro de abstinência alimentar, mas essa tarefa incumbia ser realizada após uma farta e apetitosa refeição. Ou por um saboroso lanche, àquela altura do faminto desespero.

Sua missão não foi finalizada com sucesso. E. no copo de suco, só restava algumas partículas esbranquiçadas, provenientes da embalagem. que agora jazia ao lado da pia, junto à caixas de pizza e pacotes amarrotados de snacks.

Voltou para o quarto solitário e de estômago irritado.

Sentou novamente em sua cama, procurando nos recantos mais escuros do seu corpo, força para calçar os tênis e vestir a primeira roupa que seus olhos deitassem as retinas.

Ao invés disso, contentou-se com o pífio meio copo de suco - não comentada anteriormente a quantidade de suco ingerida.

E acalentou-se ao som do farfalhar das cortinas.

Espetáculo de tolos II

Esta suposta 'seção' tem o mero intuito de utilizar um vocabulário rebuscado a muito esmero.

Você sabe o que é a vida?

A vida é a acepção estreme de corações cândidos rodeados de pavor e temor à um ser invisível.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

1 e mais 3

Malungo é guerreiro
É camarada.
Topa qualquer parada.

Forma a intifada
Para tirar o irmão
De qualquer cilada.

Para merecer este título,
Suficiente igualdade
O homem tem que ter.

Eu tenho 3 malungos
Um com P, outro T
E o terceiro com B

E neles posso confiar.
Seja nesta terra,
Ou do outro lado do mar.

E mais uma vez, eu fui com tudo.

No auge da bebedeira, parei para ponderar.

Devo continuar ou simplesmente manter o nível? Se é que cargas d'água isso seria possível.

Como não poderia ser diferente, optei pela primeira opção e continue encharcando meu fígado, ao ponto de meus rins não aguentarem a quantidade alcóolica, que a esta altura, já substituía o sangue de meu corpo por completo.

E fui nesse ritmo alucinante e desgovernado até que me deparei com ela.
Não, não era uma menina. Era ela. À que todos degustam e repetem a dose. A magnífica tequila.

No começo foi um shot, aquele só pra segurar as pontas e equiparar-me com os camaradas.

Depois fui mais uma. Essa com muito sal e limão pra relembrar nos momentos de solidão.

A terceira veio acompanhada posteriormente de um abraço camarada à privada.

Sim, foi deprimente e solitário.
Mas não é sempre assim no final de qualquer outra noite?

domingo, 24 de agosto de 2008

Um texto sem pé, e muito menos cabeça

Certo seria acordar e sua vida estar nos eixos. Não todos os dentes alinhados e em perfeita engrenagem como uma máquina industrial daquelas que o som é ensurdecedor, mas sim parecida com as engrenagens de um relógio suíço, silenciosas e impecavelmente perfeitas, sem ranhuras e travancas.

Nem sei de onde tirei isso. E sendo o mais sincero e correndo o risco de ser arrogante, foda-se. Não faço questão de saber.

Minha mente vive trabalhando, inclusive quando eu menos preciso, por exemplo naqueles minutos que antecedem o sono. Quando recosto a cabeça no travesseiro e tenho plena certeza de que dentro dos próximos 30 minutos, dependendo do horário, não conseguirei dormir de maneira alguma, nem tomando calmantes e relaxantes musculares.

Não é uma queixa, apenas uma observação feita pela mesmíssima mente que prejudica o meu sono repetidas vezes.

Já sei. Comecei falando de engrenagens e no meio da conversa inseri um assunto diametralmente oposto.

De qualquer forma, como disse três parágrafos acima, foda-se!

Não existe uma só célula no meu corpo que queira saber de que águas turvas e obscuras nos confins de minha massa cefálica surgiu a idéia para este texto.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

The old fashion way

Meu primeiro texto, que não postei até hoje, foi concebido à old school, com a famosa e ultimamente esquecida dupla, a caneta e o papel. Mas não vou falar sobre ele, e sim sobre esse hábito que anda esquecido no auge da era tecnológica na qual vivemos.

Nada se compara ao som da caneta riscando o papel, tomando forma desde o primeiro traço até o ponto final que implica no término da sentença. É uma sensação singular, ver as palavras nascerem, fluirem de suas mãos. Não importa a beleza da letra, e sim o que ela quer passar, transmitir para outrém.

Nesses tempos modernos, que foram anunciados por Chaplin, a máquina está cada dia mais próxima de substituir o homem, e com certeza pode muito bem escrever, não tenho dúvidas, mas este é um hábito a ser perpetuado para sempre.

As grandes civilizações deixaram seus marcos registrados na história à tinta e grafite, não foram meramente impressos em HP's, Epson's, OKI's, datilografadas em máquinas de escrever ou digitadas em notebooks ou personal computers (os famosos PC's). Os primeiros achados escritos foram desenhos em caverna e posteriormente os hieróglifos.

A formação escolar não é a toa que ensina primeiro de tudo, a criança a Ler e Escrever. A base da formação de todos os estudantes, sem distinção de raça, credo, cor ou tipo físico é essa. Em qualquer lugar do mundo, a qualquer hora do dia e da noite.

O dia de amanhã é totalmente desconhecido, ninguém prevê o que pode acontecer, e pode ser que um dia futuro desses aconteça uma pane geral e tenhamos que recorrer aos velhos hábitos. Nunca se sabe.

Já imaginou a sua cara de indagação ao olhar para o papel com uma caneta esferográfica, ou tinteiro, tanto faz - quem escolhe o tipo de veneno que agrada mais é você mesmo - e não saber nem sequer caligrafar uma letra A, ou até mesmo ter dificuldade em escrever o próprio nome.

Eu sei que é indubitavelmente impossível isso acontecer, que estou tecendo um futuro ignorante demais para o planeta e seus seres viventes e pensantes, mas isso me ocorreu quando li uma matéria dizendo que as escolas em um país dos chamados de 1º mundo estavam voltando à grade curricular as aulas de caligrafia, por falta de ilegibilidade na letra dos alunos, em decorrência do uso frequente de computadores nas salas de aula.

Agora digam-me se é tão apocalíptica a imagem que eu "rascunhei" para o futuro.

Na agência, posso dizer que antes de qualquer idéia ou título ser devidamente registrado no computador através das teclas, as pontas dos meus dedos ficam sujas de tinta e muitas folhas sentem o atrito da minha caneta, até as letras trombarem-se por falta de espaço.

Por isso que eu digo, tenham sempre caneta e papel à mão.

Eu sei que eu tenho.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Espetáculo de tolos

Um mês sem sentar e pensar na vida deixou este blog desatualizado, chato e insosso, mas ainda não farei um texto longo. Será apenas uma atualização singela e exercida por um pensamento recorrente de poucos dias.

Você sabe o que é a vida?

A vida é a maior prova de que somos meros espectadores de um show repleto de personagens resignados com atitudes inerentes.