segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Imperialmente Orquestrado

Começou diferente dos outros sábados naquele final de semana. Acordou na casa dela, no sofá da sala, esparramado e transpirante. Pôs-se a a sentar e observar o ambiente que o cercava. O vaso sobre a mesa à sua frente, centralizado e florante dava-lhe calma. Sentia que o dia seria deveras especial e único. 

Abriu a porta da sala e rumou em direção a porta do quarto dela. Sem medo e com o coração acelerado, abriu e notou que não mais ela estava na cama. A roupa dos quatro pés de madeira estava revirada, não distinguia-se o que era lençól e o que fronha dotravesseiro, muitos menos o que era cobertor e se ali havia um colchão. Ouviu a água do chuveiro romper a parede, imaginou ela banhando-se, ensaboando seu corpo, lavando os cabelos louros. Retirou a cabeça pela fresta que havia aberto e voltou para sala.

Sentou-se novamente. Abriu os braços. Entrelaçou os dedos por de trás da cabeça e fico em estado de êxtase. Aproveitou cada segundo meio sentado, meio querendo deitar, naquele sofá bege, recoberto por um manto amarelo dourado.

- Amor?, disse ela, ao sair do quarto, chamando pelo seu namorado ao adentrar no corredor e rumar para a cozinha. 

O coração dele palpitou dentro do peito quando a voz retumbou em seus ouvidos e infiltrou-se na corrente sanguínea, partindo para seu cérebro e orgão pulsante.

Perguntou se poderia tomar banho, já que estava sujo e com o cabelo ensebado por conta da pomada. Ela pegou uma toalha amarela e a pendurou na argola metalizada, próxima a porta do box. Ele entrou, despiu-se, já que estavam atrasasdos para o compromisso que ele tinha. Terminou de tomar banho, secou-se, vestiu a roupa limpa, repousava sobre a pia do banheiro, em meio a cremes e lápis de olhos de sua amada. 

Passaram-se cinco minutos e rumaram para a galeria.

Lá permaneceram por questão de duas horas, e de lá saíram para esperarem "o que o amanhã quisesse trazer para eles". Gravado na pele, ainda vivo e eternizado acima do tornozelo.

Pararam para comer, ambos estavam famintos e em meio a garfadas e vincos nos pratos, decidiram ir ao cinema vivenciar e experenciar um Romance. Uma das histórias mais famosas de amor impossível estava sendo retratada, enquanto davam-se as mãos e abraços apertados, em meio a beijos desejosos, longos e molhados de perfeita intensidade e medida.

Até então estava sendo o sábado perfeito. Mas muito ainda esperava para acontecer e confirmar, com todas as letras, sentimentos e palavras, que aquele dia mudaria a vida desse casal enamorado e apaixonado.

Ela dormiu em sua cama. Ele a olhou, atento e carinhoso. Beijou-lhe a testa. Não perturbaria seu sono em hipótese alguma. Ela ficava linda quando dormia. Sua beleza era inigualável. De alguma maneira, cada dia que se transpunha a deixava mais linda aos seus olhos e aos de todos os outros que a viam caminhar com ares de felicidade pela rua.

Ele a acordou alguns minutos após o horário combinado. Ele ainda de toalha, e com as últimas gotas transparentes da corredeira em seu corpo. Ela disse posteriormente que queria ter arrancado sua toalha ali, naquele momento, agarrado seu corpo e feito o que bem entendesse. Ela não sabe, mas ele ficou ruborado internamente. Sua vergonha era latente, mas não evidente.

Ela saiu linda pela porta estreita do banheiro. Shorts preto. Blusa preta sem manga. Sapato, salto alto cinza com o famoso laço na ponta. Linda. A perfeição diante dos olhos dele. Em carne e osso, e tecidos e material sintético. Ele a amava, ali, naquele momento, mas não o dizia para ela. Ainda não era o momento.

Apresentação de ballet. Sim. Ele estava mudando, a cada dia mais em sintonia e em concordância com sua namorada. Por ela faria os programas mais estranhos e exóticos, só para fazê-la sorrir e experimentar o que é realmente a felicidade plena. Sem medos, sem cobranças. Apenas o escopo positivo.

Não puderam esperar o espetáculo terminar. Saíram no meio, despediram-se dos pais e da avó e tomaram o caminho para a casa dela. Estava ansiante por colocar uma roupa e decidir se ia de sapato ou de tênis para o show que os esperavam. Consolidou-se que acabou indo com a mesma roupa que estava. Apenas colocou a blusa para dentro do shorts, deixando em evidência ainda mais as suas pernas sedosas e provocativas.

Chegando na rua da casa onde o show rolaria, comeram uma pizza cada um e dividiram um pedaço do chocolate sobre a massa fina. Ele apreciou uma cerveja de garrafa verde e ela, nada tomou.

Desceram a rua, apenas objetivando chegarem antes do início do show. Dito e feito. Encontraram-se com os amigos dela, que ele ainda espera serem seus um dia, e não perderam tempo em entrar. Ao pisarem no palco de cimento repleto de atores da noite, a primeira coisa que fizeram foi procurarem pelo bar. Ele, de semblante quieto e fechado, começou da maneira errada. Pediu uma cerveja e uma tequila. Era o começo de uma micro série de gritos que levariam a um propósito maior.

Em seguida, mais duas tequilas. Sal na mão e limão a gosto para morder e sorver o suco. Antes de retornarem a pista, abraçou um copo de vodka pura e tomaram o caminho das escadas. O show acabara de começar e o momento decisivo se aproximava. 

Em meio a sons, gotas de suor que exteriorizavam pelo seu rosto, cantava alguns versos das músicas orquestradas de maneira ímpar e imperial pela banda composta por músicos, não por interessados em ter fama. 

Em meio as saraivadas da baqueta nos pratos e dos timbres mansos e inebriantes da vocalista, ele a puxou para o canto do bar, escontou com ela na parede e antes mesmo de começarem a realmente falar, ela disse que ia ao banheiro, e pediu para ele tomar coragem para falar o que tinha. Ele não sabia o que ela tinha ido fazer. Se ido realmente ao banheiro, ou apenas enganado-o e ido procurar alguém para acender o seu cigarro estocado no bolso da bermuda.

Ela voltou e começaram a conversar. 

Ele transpirava. O calor era tamanho que seus poros não conseguiam manter o controle. 

Muito ele guardara por enorme período de tempo, apenas pelo não conhecimento da reciprocidade do sentimento dela. Mas aquela era a hora. O momento certo. A música já não era mais discernida dos batimentos de seu coração e do deslumbre de sua mente em ter aquela visão em sua frente.

A verborragia tomou conta de seu espírito, de seu raciocínio e ao atingir o ápice, ele proclamou para ela, em alto e bom tom, com a mão esquerda em sua face direita: 

- Eu amo você!

Os olhos dela marejaram e em questão de segundos, após ele dizer mais duas ou três vezes que a amava, a lágrima percorreu sua face em sublimidade. A perfeição havia tomado conta do cenário. 

Ele, transbordando em sentimentos, ouviu a recíproca:

- Eu também te amo. Melhor. Eu prefiro dizer, Eu também amo você.

Eles se abraçaram, o momento era infinito para eles. O resto nada importava. Naquele instante, eram os dois. Somente os dois.

A música não era percebida, as pessoas ao redor haviam sumido e à sua frente, só ela. A mulher de sua vida. O amor perfeito. A visão essencial e o real significado da palavra amor.

Eles estavam prontos para mudarem a vida um do outro. E aquele momento presenciou essa transformação. 

Amor sem medo. Com lágrima, uma apenas, singela e cintilante. E intensidade, como nunca antes vivenciada.

Ele não queria parar de amá-la, e de expressar seu amor por ela.

- Eu amo você. Eu te amo. Fazem três meses que eu quero te dizer isso. Não aguentava mais segurar isso dentro de mim. Eu amo você!

Estavam prontos.

Prontos, dispostos e amantes.

Amantes de palavra, de sentimento. Amantes de cama, na cama.

Dois corações em uníssono. Ritmicamente sintonizados.

O amor dele com ela. Dela com ele.

E deles. Um pelo outro.

Eu amo você.

3 comentários:

DANIELA GONZALEZ disse...

jesus!! se eu falar que li tudo tô mentindo... rsrsrsrs
mas eu juro que qdo eu li que vc sentou no sofá, eu logo imaginei vc com os dedos entrelaçados, atras da cabeça.... com aquela cara que só o gledz faz quando realmente nao ta pensando em nd...

e sim, na pia dela tem um monte de creme e lapis e pó e sombras... mas eu, com a minha esperteza, usei a emulsão perfumada ao invés do sabonete... só dps, de mto esfregar a mão, a espera de uma espuminha, vi que daquele mato, não saia cachorro... rsrsrsrs

te amo!

Maria Loverra disse...

E o nosso amor há de ser como a noite (pausa) eterna ... Manja? A gente não deve nada para os filmes, e você escreve cada cena c
com perfeição.

"
Teu corpo combina com meu jeito. Nós dois fomos feitos muito pra nós dois. Não valem dramaticos efeitos, mas o que esta depois.
Não vamos fuçar nossos defeitos, cravar sobre o peito as unhas do rancor. Lutemos mas só pelo direito ao nosso estranho amor.

"

eu AMO você.

Renan disse...

eu li tudo!
cerveja de garrafa verde = Heineken obviamente haha!
e que pegada eihn my brother, cerveja tequilera e vodkera! aai hahaha
brother vc escreve cada vez melhor..volto a insistir que pense na possibilidade de escrever um livro (romance, obviamente pelo seu "inspiramento" que flora cada diz mais), eu me comprometo ate a cuidar do dia de lançamento na noite de autógrafos!
abraaaço