segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Vai Ser Assim?

a complexidade se torna rítmica
todos querem viver mais que
os que já foram. mas com que sentido?
qual o propósito de 100 anos de existência,
se em 65 você já se torna decrépito,
insolente? individualizado pela própria
natureza que o fez para viver o
tempo necessário para deixar sua marca?
nem se for somente a do seu nascimento,
não de nascença. do nascimento de mais
um indivíduo que vai vagar dias e noites,
e noites adentro sem rumo,
fadado as mesmas escolhas ruins de outrém,
que já foram. embaixo da terra só os
suspiros do cabelo como bolas de feno
nas cidades fantasmas chinesas,
construídas para habitarem o pó e
proliferarem as bactérias acumuladas
no canto da boca dos construtores
de uma região em vão.
ninguém são nessa terra perdida-azul?
onde estarão os cidadãos do futuro
se não existir o amanhã?
enclausurados em celas de vidro, com
suas mãos tocando os grãos de areia
industrializados em uma placa transparente,
essa que permite ver a chuva cair,
a neve derreter e o calor do lado interno só crescer.
onde estarão os políticos do amanhã,
se as ondas de dor escorrem pelas
sarjetas nos guetos e marcam de vermelho
as parades de extermínios nas favelas?
cadê aquele Messias que prometeram
há 2.000 anos, e ainda ninguém percebeu
que ele não vem? cadê o sentido de viver
para ter o amanhã?
cadê a vida que prometeram aos que
chegassem na Terra Abençoada?
pra quê batalhar se fomos feitos para esperar?
sem saber o quê, é o que fazem: esperam.
para definhar. para disseminar.
uma marca que vai sumir. enlatada
na epiderme da alma.
que não cansa de esperar.



Meu, para o mundo.

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