quinta-feira, 3 de maio de 2012

Parado no Ponto


há quanto tempo
está sentada aí? 
- aceita um copo
de água com gás?
- com cubos de gelo 
e rodela de limão.
pois não. pois sim,
saindo. tá vindo.
ali na janela,
flutuando na bandeja da
garçonete. temperando
a seda do corpete, 
ajeitando o topete da nuvem,
o floco de areia que chorou
dos astros. um grão de neve
nasceu na parede. 
da sua sede veio o medo
de fugir, correr e nunca
mais se achar. 
- Morte, me dá a mão?
Sem essa, vociferou a alma
encapuzada na túnica negra.
- amanhã eu volto. põe o manto
que na volta pra casa passo 
na parada. 
o gelo derreteu. sem goles,
sem mais gás.
permaneceu a água. 
a mesma que secou no Ribeirão,
no poço cartesiano do acaso
entre sim e o não. 
lágrima? 
- por favor. para matar 
a sede da espera.


Meu, parado

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