quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Com Gosto de Vida

não segure nada. nunca.
só você sofre, só você sente.
o mundo apresenta seu peito
para sentir seu grito,
abafar a sua força,
transformar-se com o impacto
das suas virtudes no ar,
dos argumentos que caem no asfalto.
espalhe suas dores pela sala
em fotos picotadas apenas com rostos,
do presente, de celebridades,
de futuros amores e passados parentes.
salpique as frustrações por cima,
uma pitada de angústia a gosto,
e salgue com lágrimas de pedra.



Meu, para o mundo.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Empacote a Mudança

um passo de cada vez.
sereno. muita calma na hora
de contar.
a notícia é pesada,
não vai ser fácil de digerir,
única solução encontrada,
único medo abafado no coração.
os armários revirados e vazios,
pés de meias espalhados no chão
o tapete sob as roupas velhas,
os jeans desgastados e os casacos
encolhidos com as lavagens.
não vai restar nada pra contar história.
agora ela será outra. com outro
morador na casa, mas com os traços
dela espalhados pela nova habitação.
seja apartamento ou seja casa.
seja sobradinho germinado ou
a cobertura com vista pras estrelas.
seja vida. faça da fase que passou
uma lembrança memorável,
com as brigas, as discussões acaloradas
e esclarecedoras.
caminhe com as próprias pernas,
mesmo com pouco cascalho nos bolsos.
chegou, enfim, o toque de recolher
tudo do quarto e empacotar pra viagem.
tomara que com passagem só de ida.
e voltas esporádicas para matar,
mas só a saudade.



Meu, para a fase que vai aí.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Fazem Igual

e tudo começa engraçado:
as piadas que incendeiam sorrisos
algumas gargalhadas sinceras, outras
inseguras, frágeis, quebradas no meio
das folhas jogadas pelas mesas, como
um copo que estilhaça no chão por
ter ficado na quina da mesa.
inclinadas no canto da mesma mesa
para pedir um carinho, buscando
um motivo para iniciar a conversa,
mais uma vez fútil, sobre o dia a dia,
que nada acrescentaria se dante antes
não tivesse existido.
caminha assim as regras dentro da sala,
todos se odiando, fingindo que suas vidas
são maravilhosas, com as contas parcialmente pagas
a ponto de entrarem para o serviço de proteção ao crédito,
comunidade que cresce mais que Paraisópolis,
com mais adesões que a Igreja Católica.
faz parte da vida uma dívida de bar, na padaria
por um pãozinho que não passaram no cartão.
infinita irresponsabilidade gastar mais do que ganha,
um subterfúgio para demonstrar que é melhor
mesmo que a casta diga que é o contrário,
bem longe do que se busca.
luzes apagadas. a última mão a sair fecha a porta
e apaga a luz em função há 12 horas.
essa mão não tranca a porta.
bate o cartão de plástico no dispositivo
magnético, destrava a entrada de vidro.
ela basta às costas.
trava.
igual a todos na hora de falar o que pensam.
igual, tim tim por tim tim, por tim fim.



Meu, para os que não falam.